Libra Cripto: Tudo o Que Você Precisa Saber em 2025
Desde o seu anúncio em 2019, a Libra – a stablecoin proposta pelo Facebook (agora Meta) – tem sido tema de debates intensos entre reguladores, investidores e entusiastas de tecnologia. Em 2025, a moeda evoluiu, mudou de nome e agora opera sob a bandeira Diem, mas ainda carrega o legado da proposta original. Este artigo aprofunda os aspectos técnicos, regulatórios e práticos da Libra/Diem, oferecendo um guia completo para usuários brasileiros que desejam entender e, possivelmente, investir nesta stablecoin.
Principais Pontos
- História da Libra e sua transição para Diem.
- Arquitetura tecnológica baseada em blockchain permissionada.
- Regulação no Brasil e o papel da CVM e do Banco Central.
- Comparação com outras stablecoins como USDT, USDC e BUSD.
- Como comprar, armazenar e usar Libra/Diem no dia a dia.
- Riscos, oportunidades e perspectivas de futuro.
1. História e Evolução da Libra
A iniciativa começou como Libra em junho de 2019, com o objetivo de criar uma moeda digital global, estável e acessível a bilhões de pessoas sem conta bancária. O projeto reuniu um consórcio de empresas — PayPal, Visa, Mastercard, Stripe, entre outras — que formaram a Libra Association. No entanto, a proposta encontrou forte resistência regulatória, especialmente nos EUA e na Europa.
Em 2020, após inúmeras revisões, a moeda foi renomeada para Diem e passou a ser apoiada por um consórcio mais enxuto, focado em compliance e reservas em dólares americanos. Em 2022, a Diem foi adquirida pela Meta, que passou a conduzir o desenvolvimento interno.
Em 2024, a Diem lançou sua rede principal, a Diem Blockchain, usando um modelo de blockchain permissionada, compatível com a infraestrutura de stablecoins global.
2. Arquitetura Técnica da Libra/Diem
2.1. Tipo de Blockchain
A Diem utiliza uma blockchain permissionada baseada em Rust e Hyperledger. Apenas nós validados podem participar da produção de blocos, o que garante maior velocidade (até 10.000 TPS) e controle de conformidade.
2.2. Mecanismo de Consenso
O consenso é alcançado por meio de um algoritmo de BFT (Byzantine Fault Tolerance) adaptado, que permite que a rede continue operando mesmo com falhas em até 1/3 dos validadores.
2.3. Reserva de Ativos
Para manter a estabilidade, cada Libra/Diem está 100% lastreada em reservas de dólares americanos mantidas em contas segregadas de bancos de primeira linha, auditadas mensalmente por firmas de auditoria reconhecidas (Deloitte, PwC).
2.4. Smart Contracts e Tokenomics
Embora a rede seja permissionada, ela suporta contratos inteligentes escritos em Move, linguagem criada especificamente para a Diem. Isso permite que desenvolvedores criem apps financeiros descentralizados (DeFi) sobre a stablecoin, como empréstimos peer‑to‑peer, pagamentos automatizados e tokenização de ativos.
3. Regulação da Libra/Diem no Brasil
O Banco Central do Brasil (BCB) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) têm monitorado de perto a chegada de stablecoins ao ecossistema nacional. Em 2023, o BCB publicou a Instrução Normativa 1.888, que define requisitos de capital, KYC (Know Your Customer) e AML (Anti‑Money Laundering) para provedores de moedas digitais.
Para a Libra/Diem, as principais exigências incluem:
- Registro como Instituição de Pagamento junto ao BCB.
- Auditoria trimestral das reservas, com publicação de relatórios públicos.
- Implementação de processos robustos de verificação de identidade (CPF, RG, comprovante de endereço).
- Limites de movimentação diários: até R$ 100.000 para usuários pessoa física sem validação avançada.
Empresas brasileiras que desejam oferecer serviços envolvendo Libra/Diem precisam obter autorização da Autoridade de Regulação de Criptomoedas e manter um programa de compliance alinhado com as normas internacionais do FATF.
4. Comparação com Outras Stablecoins
| Stablecoin | Tipo de Lastro | Reservas | Regulação | TPS Aproximado |
|---|---|---|---|---|
| USDT (Tether) | Fiat + ativos híbridos | Auditoria semestral | Regulação limitada | ~2.000 |
| USDC (Circle) | USD 100% | Auditoria mensal | Conforme regulamento dos EUA | ~5.000 |
| BUSD (Binance) | USD 100% | Auditoria trimestral | Conforme regulamento de Delaware | ~4.000 |
| Libra/Diem | USD 100% | Auditoria mensal por Big Four | Conforme normas do BCB e CVM | ~10.000 |
Em termos de velocidade e compliance, a Libra/Diem se destaca, principalmente para transações de alto volume no mercado brasileiro.
5. Como Comprar e Armazenar Libra/Diem no Brasil
5.1. Corretoras e Exchanges Parceiras
Em 2025, as principais exchanges brasileiras que suportam Libra/Diem são:
O processo típico inclui:
- Criação de conta e verificação de identidade (KYC).
- Depósito em reais (R$) via TED, PIX ou boleto.
- Conversão de R$ para Libra/Diem usando a taxa de câmbio do momento.
- Armazenamento em carteira digital da exchange ou em carteira externa.
5.2. Carteiras Digitais Compatíveis
Para maior controle de segurança, recomenda‑se usar carteiras compatíveis com o padrão ERC‑20 (para a camada de interoperabilidade) ou a carteira nativa Diem Wallet. Exemplos:
- Trust Wallet (suporte a Move tokens).
- MetaMask (via ponte Diem‑Ethereum).
- Diem Mobile App (oficial da Meta).
É crucial guardar a frase de recuperação (seed phrase) em local seguro, pois a perda impede o acesso aos fundos.
6. Riscos e Oportunidades
6.1. Riscos
- Regulatório: Mudanças nas políticas do BCB podem impactar a disponibilidade da stablecoin.
- Concentração de Reservas: As reservas são mantidas em dólares, expondo os usuários à volatilidade cambial (USD/BRL).
- Dependência de Infraestrutura Meta: Qualquer problema de governança ou reputação da Meta pode afetar a confiança.
- Segurança de Carteiras: Phishing e ataques de malware ainda são ameaças significativas.
6.2. Oportunidades
- Velocidade de Transação: Ideal para pagamentos instantâneos entre empresas (B2B) no Brasil.
- Integração com Apps Meta: Possibilidade de usar Libra/Diem em plataformas como Instagram Shopping ou WhatsApp Pay.
- Desenvolvimento DeFi: Contratos inteligentes em Move permitem criação de produtos financeiros inovadores.
- Inclusão Financeira: Usuários sem conta bancária podem acessar serviços via smartphones.
7. Perguntas Frequentes (FAQ)
7.1. Libra e Diem são a mesma moeda?
Sim. O projeto foi inicialmente chamado de Libra, mas em 2020 mudou para Diem após pressões regulatórias. O nome oficial da stablecoin atualmente em circulação é Diem, mas ainda é amplamente reconhecida como “Libra” pelos usuários.
7.2. Posso usar Libra/Diem para pagar contas no Brasil?
Algumas fintechs já oferecem integração com contas de luz, água e internet, permitindo que o pagamento seja feito via QR Code usando a Diem Wallet. Contudo, nem todas as empresas ainda aceitam a stablecoin, então é recomendável verificar a disponibilidade antes de tentar o pagamento.
7.3. Como a Diem garante que cada token está 100% lastreado?
As reservas são mantidas em contas segregadas em bancos de primeiro nível nos EUA e auditadas mensalmente por auditorias independentes (Deloitte, PwC). Os relatórios são publicados publicamente no site oficial da Diem.
7.4. A Diem está sujeita ao imposto de renda?
Sim. No Brasil, ganhos de capital obtidos com a venda de Libra/Diem são tributados como renda variável, com alíquota de 15% sobre o lucro líquido. É obrigatório declarar as posições em criptoativos na ficha “Bens e Direitos”.
Conclusão
A Libra/Diem representa um dos projetos de stablecoin mais ambiciosos e tecnicamente avançados do mercado global. Sua arquitetura permissionada, reservas auditadas e foco em compliance a posicionam como uma opção atraente para usuários brasileiros que buscam rapidez, segurança e integração com os ecossistemas da Meta. Contudo, a volatilidade cambial, a dependência de regulamentação nacional e os riscos de segurança exigem cautela e educação contínua.
Se você está iniciando no universo cripto, vale a pena experimentar a Libra/Diem em pequenas quantias, acompanhar as notícias regulatórias brasileiras e, principalmente, manter boas práticas de segurança digital. O futuro das stablecoins ainda está em construção, e a Diem pode ser um dos pilares dessa nova era de pagamentos globais.