O Virtual Robot Model (VRM) tem se consolidado como o padrão aberto mais adotado para a criação e intercâmbio de avatares 3D no universo do metaverso. Ao permitir que personagens digitais sejam facilmente exportados, importados e customizados entre diferentes plataformas, o VRM abre caminho para a portabilidade de avatares – um dos pilares da identidade digital descentralizada.
Por que a portabilidade de avatares é crucial?
Em um ecossistema cada vez mais fragmentado, usuários gastam tempo e recursos desenvolvendo identidades virtuais únicas. Sem um padrão universal, cada mundo virtual exige a recriação ou adaptação desses avatares, gerando frustração e barreiras de entrada. A portabilidade elimina esse obstáculo, permitindo que o mesmo avatar seja reconhecido e utilizado em:
- Jogos baseados em Identidade Digital na Web3;
- Plataformas de realidade virtual como Horizon Worlds, Decentraland e Roblox;
- Ambientes de trabalho remoto e reuniões holográficas.
VRM como ponte entre identidade e interoperabilidade
O VRM foi criado pela comunidade de desenvolvedores japoneses, inspirado no formato glTF, e traz recursos essenciais para a portabilidade:
- Metadados embutidos: informações sobre rigging, expressões faciais e materiais são armazenadas dentro do próprio arquivo, garantindo que a aparência seja preservada.
- Licenciamento claro: o padrão inclui campos para especificar direitos de uso (Creative Commons, licença proprietária etc.), facilitando a reutilização legal.
- Compatibilidade com WebXR e OpenXR: as principais APIs de realidade estendida reconhecem nativamente o VRM, reduzindo a necessidade de conversões.
Como os DIDs e os Soulbound Tokens (SBT) reforçam a portabilidade
Para que um avatar seja verdadeiramente portátil, ele precisa estar associado a uma identidade persistente e verificável. É aqui que entram os Decentralized Identifiers (DIDs) e os Soulbound Tokens (SBT). Enquanto os DIDs fornecem um identificador único e soberano, os SBTs podem armazenar atributos como “possui avatar VRM XYZ” de forma não transferível, garantindo que o avatar pertença ao mesmo usuário em todas as plataformas.
Passo a passo para tornar seu avatar VRM portátil
- Crie ou exporte seu avatar em formato VRM usando ferramentas como VRoid Studio ou Blender com o add‑on VRM.
- Registre um DID em uma rede compatível (e.g., Polygon ID, IOTA DIDs) e associe o hash do seu arquivo VRM ao documento DID.
- Emita um SBT que contenha metadados do avatar (nome, versão, licença) e vincule‑o ao DID.
- Publique o VRM em um storage descentralizado (IPFS, Arweave) e inclua o CID no DID/SBT.
- Integre o avatar nas plataformas que suportam VRM, apresentando o DID como prova de propriedade.
Desafios e considerações de segurança
A portabilidade traz benefícios, mas também exige cuidados:
- Privacidade: expor o hash do avatar pode revelar informações pessoais se combinado com outros dados.
- Autenticidade: garantir que o DID realmente pertença ao usuário exige mecanismos de verificação off‑chain (e.g., biometria ou verificação de documentos).
- Escalabilidade: armazenar grandes arquivos VRM em blockchains é inviável; por isso, a solução híbrida (IPFS + hash no blockchain) permanece a melhor prática.
O futuro da portabilidade de avatares
Com a crescente adoção de metaversos corporativos, eventos virtuais e redes sociais 3D, a demanda por avatares portáteis deve acelerar. Iniciativas como o Metaverse Standards Forum já estão trabalhando para harmonizar VRM, DIDs e SBTs em um ecossistema coeso. Quando esses padrões convergirem, o usuário finalmente terá um “passaporte digital” que lhe permitirá navegar livremente entre mundos virtuais, mantendo sua identidade, reputação e aparência única.
Em resumo, o VRM fornece a camada técnica para a portabilidade de avatares, enquanto DIDs e Soulbound Tokens garantem a identidade soberana e a verificação de propriedade. A combinação desses elementos está moldando a próxima geração de interações digitais, onde o avatar deixa de ser um mero objeto visual e se torna a extensão segura e portátil da sua presença online.