Os variance swaps são instrumentos financeiros derivados que permitem aos investidores trocar a variância (ou volatilidade ao quadrado) de um ativo por um pagamento fixo acordado no início do contrato. Diferente dos volatility swaps, que pagam a volatilidade direta, o variance swap paga a variância realizada, o que o torna uma ferramenta poderosa para hedgear riscos de volatilidade e para especular sobre mudanças na variância de preços.
Como funciona um variance swap?
Um contrato de variance swap tem três componentes principais:
- Preço de referência (strike): a variância acordada no início do contrato.
- Variância realizada: calculada a partir dos retornos diários (ou de outro intervalo) do ativo subjacente ao longo da vida do contrato.
- Payoff: a diferença entre a variância realizada e o strike, multiplicada por um fator de notional.
O payoff pode ser representado pela fórmula:
Payoff = Notional × (Variância Realizada – Variância de Referência)
Se a variância realizada for maior que a de referência, o comprador do swap recebe a diferença; caso contrário, paga.
Por que usar variance swaps?
- Hedging de volatilidade: investidores que possuem posições sensíveis à volatilidade (por exemplo, opções) podem usar variance swaps para neutralizar esse risco.
- Especulação: traders que acreditam que a volatilidade futura será maior ou menor que o nível atual podem lucrar com a diferença.
- Exposição linear: ao contrário das opções, cujo payoff é não‑linear, o variance swap tem um payoff linear em relação à variância, facilitando a modelagem de risco.
Relação com futuros e outros derivados
Embora os variance swaps sejam negociados como contratos de balcão (OTC), eles estão intimamente ligados aos Futures Trading. Muitos provedores utilizam a série de preços de futuros para calcular a variância realizada, pois os preços de futuros refletem as expectativas de preço do ativo subjacente.
Além disso, entender a Futures, Alavancagem e Riscos é essencial antes de operar variance swaps, já que a alavancagem pode amplificar tanto ganhos quanto perdas.
Como calcular a variância realizada?
O cálculo padrão envolve os retornos logarítmicos diários (ou de outra frequência) do ativo:
σ²_realizada = (252) × Σ_{i=1}^{N} (ln(P_i / P_{i-1}))² / N
onde 252 representa o número de dias úteis em um ano e N é o número de observações.
Aplicação em cripto‑ativos
Com o crescimento dos mercados de criptomoedas, surgiram versões de variance swaps para ativos como Bitcoin e Ethereum. Esses contratos permitem que traders institucionalizados gerenciem a alta volatilidade típica desses mercados sem precisar negociar opções on‑chain.
Plataformas de negociação de derivados de cripto ainda estão desenvolvendo infraestrutura para oferecer variance swaps de forma mais acessível, mas a maioria dos contratos ainda opera em ambientes OTC ou via corretoras especializadas.
Riscos e considerações
- Contraparte: como a negociação ocorre OTC, a solvência da contraparte é crucial.
- Modelagem de preço: o cálculo da variância realizada pode ser sensível à frequência dos dados e ao método de ajuste (por exemplo, ajuste de dias não negociados).
- Custos de financiamento: alguns contratos podem incluir taxas de financiamento ou ajustes de margem.
Recursos externos para aprofundamento
Para entender mais detalhes técnicos, consulte o artigo da Investopedia: Variance Swap – Investopedia. Também vale a pena olhar a página da CME Group, que oferece produtos de variance swap para vários ativos: CME Group – Variance Swaps.
Conclusão
Os variance swaps são ferramentas avançadas que combinam a simplicidade de um payoff linear com a capacidade de gerenciar risco de volatilidade. Embora sejam mais comuns em mercados tradicionais, sua adoção no universo cripto está em crescimento, oferecendo novas oportunidades para traders e investidores institucionais. Antes de entrar nesse mercado, é fundamental compreender a mecânica de cálculo, os riscos de contraparte e a relação com outros derivados como futuros.