Entendendo a Tese do Banco para os Sem‑Banco (Bank the Unbanked)
Nos últimos anos, a expressão “bank the unbanked” – ou “bancar os sem‑banco” – tem ganhado destaque em debates sobre inclusão financeira, tecnologia blockchain e políticas públicas. Mas o que realmente significa essa tese? Como ela pode transformar a vida de milhões de pessoas que ainda não têm acesso a serviços bancários tradicionais? Neste artigo, mergulhamos profundamente na definição, nos desafios, nas oportunidades e nas soluções tecnológicas que estão moldando esse movimento.
1. O que é a tese “bank the unbanked”?
A tese bank the unbanked propõe que instituições financeiras – públicas ou privadas – criem mecanismos acessíveis, seguros e de baixo custo para que pessoas sem conta bancária possam participar da economia formal. Isso inclui:
- Contas digitais sem necessidade de documentação extensa.
- Serviços de pagamento e transferência via smartphones.
- Crédito baseado em dados alternativos (ex.: histórico de pagamento de contas de serviços).
- Integração de tecnologias emergentes como blockchain e identidade auto‑soberana.
O objetivo central é reduzir a exclusão financeira, promovendo maior igualdade de oportunidades e estimulando o crescimento econômico nos países em desenvolvimento.
2. Por que ainda existe um grande número de pessoas sem conta bancária?
Segundo o World Bank, cerca de 1,7 bilhão de adultos no mundo ainda são financeiramente excluídos. As principais barreiras são:
- Custos de manutenção: taxas mensais ou exigência de saldo mínimo.
- Distância física: agências bancárias concentradas em áreas urbanas.
- Falta de documentação: necessidade de documentos oficiais que muitas vezes não estão disponíveis.
- Desconfiança: histórico de fraudes e falta de educação financeira.
Esses fatores criam um círculo vicioso onde a exclusão impede o acesso a serviços que poderiam melhorar a situação econômica das famílias.
3. O papel da tecnologia blockchain na tese “bank the unbanked”
Blockchain oferece três pilares fundamentais para a inclusão financeira:
- Transparência e segurança: transações imutáveis e auditáveis reduzem fraudes.
- Descentralização: elimina a necessidade de intermediários caros.
- Identidade auto‑soberana: permite que usuários provem sua identidade sem revelar dados sensíveis.
Exemplos práticos incluem Casos de Uso de Blockchain no Setor Público, onde governos adotam contratos inteligentes para pagamentos de benefícios sociais, e Como a blockchain pode melhorar a transparência governamental, facilitando a rastreabilidade de fundos públicos.

4. Modelos de negócios que já estão bancando os sem‑banco
Várias fintechs e projetos de cripto‑finanças têm demonstrado que é possível alcançar a população não bancarizada:
4.1. Contas digitais via smartphones
Empresas como Nubank e PicPay permitem a abertura de contas com apenas um número de telefone, utilizando KYC (Know Your Customer) simplificado. Essa abordagem reduz custos operacionais e elimina a necessidade de agências físicas.
4.2. Soluções baseadas em stablecoins
Stablecoins atreladas ao dólar ou a moedas locais oferecem uma reserva de valor estável, permitindo que usuários armazenem e transfiram dinheiro sem depender de bancos tradicionais. Projetos como Celo e DFI Money têm foco em mercados emergentes.
4.3. Microcrédito via dados alternativos
Plataformas de crédito que analisam histórico de pagamento de contas de luz, água ou telefone conseguem oferecer empréstimos a pessoas sem histórico bancário. Isso cria um ciclo virtuoso de acesso ao crédito.
5. Desafios regulatórios e de segurança
Embora a tecnologia ofereça soluções inovadoras, ainda há barreiras regulatórias que precisam ser superadas:
- Conformidade AML/KYC: equilibrar a necessidade de prevenir lavagem de dinheiro com a simplificação de processos.
- Proteção de dados: garantir que informações pessoais sejam tratadas de forma segura.
- Interoperabilidade: integrar sistemas de pagamentos tradicionais com redes blockchain.
Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) têm publicado diretrizes para que países adotem políticas que favoreçam a inclusão financeira sem comprometer a estabilidade do sistema.
6. Estratégias de implementação para governos e empresas
Para transformar a tese em realidade, é essencial seguir um roteiro estruturado:

- Mapeamento de necessidades locais: entender quais são as principais barreiras na região alvo.
- Parcerias público‑privadas: combinar a expertise regulatória do Estado com a agilidade das fintechs.
- Infraestrutura digital: garantir acesso à internet e dispositivos móveis.
- Educação financeira: programas de capacitação para que usuários compreendam os novos serviços.
- Testes-piloto: iniciar projetos em pequena escala para validar modelos antes de ampliar.
Quando bem executado, o resultado pode ser uma redução significativa da pobreza, maior formalização da economia informal e estímulo ao empreendedorismo.
7. O futuro da inclusão financeira com blockchain e DeFi
O ecossistema DeFi (Finanças Descentralizadas) está evoluindo rapidamente, trazendo novas oportunidades para o “bank the unbanked”. Protocolos de empréstimo sem garantias centralizadas, seguros paramétricos baseados em oráculos e tokens de identidade descentralizada (DID) prometem criar um sistema financeiro verdadeiramente aberto.
Entretanto, a adoção em massa ainda depende de:
- Melhoria da usabilidade das carteiras digitais.
- Redução da volatilidade dos ativos cripto.
- Maior clareza regulatória em nível global.
Com esses avanços, a tese “bank the unbanked” pode evoluir de um ideal para uma realidade tangível, beneficiando bilhões de pessoas.
Conclusão
A tese do banco para os sem‑banco representa um movimento transformador que alia tecnologia, políticas públicas e inovação financeira. Ao compreender seus fundamentos, desafios e oportunidades, governos, empresas e investidores podem colaborar para construir um futuro onde o acesso a serviços financeiros seja universal, seguro e inclusivo.
Se você deseja aprofundar seu conhecimento, explore os artigos Casos de Uso de Blockchain no Setor Público e Como a blockchain pode melhorar a transparência governamental. Eles trazem exemplos práticos que ilustram como a tecnologia pode ser aplicada para alcançar a inclusão financeira em escala global.