Taker: Entenda o Papel do Taker nas Exchanges de Criptomoedas
Se você já começou a operar em exchanges de criptomoedas, provavelmente já se deparou com os termos maker e taker. Embora pareçam simples, eles carregam implicações importantes sobre custos, liquidez e estratégias de negociação. Neste artigo profundo, vamos analisar o conceito de taker, como ele se diferencia do maker, o impacto nas taxas, e como traders iniciantes e intermediários podem otimizar suas operações usando esse conhecimento.
- Definição clara de taker e maker.
- Como as taxas de taker são calculadas nas principais exchanges.
- Influência do taker na liquidez do mercado.
- Dicas práticas para reduzir custos como taker.
O que é um Taker?
Definição e origem do termo
Na prática, o taker é o usuário que toma a liquidez já existente no livro de ofertas da exchange. Isso ocorre quando o trader aceita um preço já listado, realizando uma ordem que é imediatamente executada contra uma ordem colocada por outro usuário (o maker). Em termos simples, o taker “retira” a ordem do mercado, enquanto o maker “insere” nova liquidez.
Exemplo prático
Imagine que a ordem de venda de BTC/BRL a R$ 150.000 esteja disponível no livro de ofertas. Se você comprar BTC a esse preço, sua operação será considerada um taker trade, pois você está consumindo a oferta existente. Por outro lado, se você colocar uma ordem de compra a R$ 149.000, esperando que alguém a preencha, você será o maker da operação.
Como funciona a taxa de taker?
As exchanges geralmente cobram duas tarifas distintas: taxa de maker e taxa de taker. A taxa de taker costuma ser mais alta, pois o usuário está consumindo liquidez e, portanto, a exchange considera que está contribuindo menos para o ecossistema de mercado.
Estrutura de tarifas nas principais exchanges brasileiras
Segue um panorama resumido (valores sujeitos a alterações):
- Binance: taker 0,10%, maker 0,075%.
- Mercado Bitcoin: taker 0,30%, maker 0,20%.
- Foxbit: taker 0,25%, maker 0,15%.
Essas taxas podem ser reduzidas mediante volume negociado ou uso de tokens nativos da exchange (por exemplo, BNB na Binance).
Impacto das taxas no resultado final
Para um trader que realiza muitas operações de curto prazo (day trade ou scalping), a diferença entre maker e taker pode representar uma parcela significativa dos custos. Considere um exemplo: comprar 1 ETH a R$ 10.000 com taxa taker de 0,10% resulta em R$ 10 de custo de taxa; se a mesma operação fosse maker, o custo seria R$ 7,5. Em operações repetidas, a diferença acumula rapidamente.
Diferença entre taker e maker: mais que uma questão de preço
A classificação não depende apenas do preço, mas também da ordem utilizada:
- Ordens limitadas (limit): podem ser maker ou taker, dependendo se são executadas imediatamente.
- Ordens de mercado (market): quase sempre são taker, pois são executadas contra a melhor oferta disponível.
- Ordens stop-limit: podem mudar de maker para taker quando o gatilho é acionado.
Exemplo de ordem limit que se torna taker
Você coloca uma ordem limit de compra de BTC a R$ 149.500, mas o preço de mercado já está em R$ 149.500. Assim que a ordem entra no livro, ela é imediatamente casada com uma ordem de venda existente, transformando‑se em taker.
Impacto do taker na liquidez do mercado
Quando um trader atua como taker, ele reduz a profundidade do livro de ofertas, removendo ordens que poderiam absorver grandes volumes sem grande variação de preço. Em mercados com baixa liquidez, como algumas altcoins brasileiras, o efeito pode ser ainda mais pronunciado, gerando slippage (deslizamento) significativo.
Slippage e seu custo oculto
Imagine que você deseja comprar 1000 USDT em um par com pouca liquidez. Se a ordem de taker consumir toda a oferta disponível, o preço pode subir rapidamente, fazendo com que a última parcela da sua compra seja executada a um preço bem maior que o esperado. Esse custo adicional não aparece na taxa da exchange, mas impacta diretamente seu P&L.
Estratégias para traders que operam como taker
Embora muitas vezes seja inevitável ser taker (especialmente em estratégias de curto prazo), existem técnicas para minimizar custos e slippage:
1. Use ordens limit sempre que possível
Ao definir um preço limite, você tem maior controle sobre o ponto de execução. Se a ordem não for preenchida imediatamente, ela permanecerá como maker, reduzindo a taxa.
2. Divida grandes ordens em blocos menores
Ao quebrar uma ordem de 10 BTC em cinco ordens de 2 BTC, você diminui o risco de slippage e possibilita que parte da operação seja executada como maker.
3. Aproveite descontos por volume
Exchanges como Binance e KuCoin oferecem reduções progressivas nas taxas de taker para quem negocia mais de R$ 500.000 por mês. Avalie seu volume mensal e considere a migração para um plano de desconto.
4. Utilize tokens de taxa (ex.: BNB)
Ao pagar as taxas com o token nativo da exchange, você pode obter descontos de até 25% nas taxas de taker.
5. Monitore a profundidade do livro
Ferramentas como order book visualizers permitem analisar a quantidade disponível em cada nível de preço. Essa visualização ajuda a decidir se a ordem será taker ou maker.
Riscos associados ao comportamento de taker
Ser taker pode ser vantajoso quando se busca rapidez, mas traz alguns riscos que precisam ser gerenciados:
- Custos mais altos: taxas de taker são, em geral, superiores às de maker.
- Slippage: em mercados ilíquidos, a execução pode ocorrer a preços desfavoráveis.
- Impacto de mercado: ordens de grande volume podem mover o preço, desfavorecendo o próprio trader.
Como mitigar esses riscos?
Além das estratégias citadas, é fundamental manter um stop loss bem definido e usar ordens de limite para proteger contra movimentos adversos.
Considerações fiscais para takers no Brasil
Todo lucro obtido em operações de compra e venda de criptomoedas está sujeito à tributação. Quando se opera como taker, a frequência de trades pode gerar um volume considerável de ganhos, exigindo atenção ao declarar corretamente no Imposto de Renda. Lembre‑se de:
- Registrar cada operação, incluindo data, horário, preço, taxa de taker e quantidade.
- Calcular o ganho de capital líquido (valor de venda menos custo de aquisição e taxas).
- Paginar o DARF até o último dia útil do mês seguinte ao da operação, caso o ganho mensal exceda R$ 35.000.
Conclusão
Entender o papel do taker nas exchanges de criptomoedas vai muito além de saber que se paga uma taxa maior. Trata‑se de compreender como a sua estratégia impacta a liquidez, o custo total da operação e até mesmo a tributação. Ao aplicar as práticas descritas — uso de ordens limit, divisão de volumes, aproveitamento de descontos e monitoramento da profundidade do livro — você pode reduzir significativamente os custos e melhorar seus resultados. Seja você um trader iniciante que ainda está aprendendo a operar ou um investidor intermediário que busca otimizar cada centavo, dominar o conceito de taker é essencial para navegar com confiança no mercado cripto brasileiro.