Structured Products: Guia Completo para Investidores Brasileiros em 2025

Structured Products: O que são, como funcionam e como investir com segurança

Nos últimos anos, os structured products ganharam destaque no mercado financeiro global e também entre investidores brasileiros que buscam diversificar suas carteiras com produtos de retorno potencialmente superior ao de ativos tradicionais. Mas, afinal, o que são esses instrumentos, quais são os riscos envolvidos e como a regulação brasileira se aplica a eles?

1. Definição de Structured Products

Um structured product (produto estruturado) é um investimento que combina diferentes ativos – como ações, títulos de renda fixa, commodities ou moedas – com derivativos (opções, futuros, swaps) para criar um perfil de risco/retorno customizado. Em essência, o emissor (geralmente um banco ou instituição financeira) monta uma “caixa” que paga ao investidor de acordo com o desempenho de um ou mais ativos subjacentes.

1.1 Principais tipos de produtos estruturados

  • Capital Protected (Proteção de Capital): garante o retorno do valor investido ao vencimento, independentemente da performance dos ativos subjacentes.
  • Yield Enhancement (Aumento de Rendimento): oferece um pagamento de juros maiores que a taxa de referência, porém com risco de perda parcial do capital.
  • Leveraged (Alavancado): amplifica ganhos (e perdas) ao usar derivativos que multiplicam a exposição ao ativo subjacente.
  • Digital/Quanto: paga um valor fixo se o ativo atingir um determinado nível; se não, o pagamento pode ser zero.

2. Como os Structured Products são construídos?

O processo de criação envolve três etapas fundamentais:

  1. Seleção dos ativos subjacentes: pode ser um índice de ações (ex.: Ibovespa), um conjunto de commodities ou até mesmo criptomoedas.
  2. Estruturação de derivativos: opções de compra ou venda, swaps de taxa de juros, etc., que definem as condições de pagamento.
  3. Definição da remuneração: combina o custo dos derivativos com a margem de lucro do emissor, resultando em um produto que pode ser vendido ao investidor.

Essa combinação permite que o emissor ofereça perfis de risco que não seriam possíveis com um único ativo.

3. Por que os investidores consideram os Structured Products?

Algumas das principais motivações são:

  • Customização: é possível adaptar o produto ao horizonte de investimento, à tolerância ao risco e à expectativa de retorno.
  • Proteção parcial ou total do capital: especialmente em produtos capital protected, que são atraentes em ambientes de alta volatilidade.
  • Exposição a ativos difíceis de acessar diretamente, como índices internacionais ou commodities exóticas.

No entanto, a promessa de retornos atrativos costuma vir acompanhada de complexidade e de custos que precisam ser avaliados cuidadosamente.

4. Riscos associados

Embora os produtos estruturados possam ser atraentes, eles apresentam riscos específicos que diferem dos investimentos tradicionais:

structured products - while structured
Fonte: Kelly Sikkema via Unsplash
  • Risco de crédito do emissor: se o banco que emitiu o produto falir, o investidor pode perder parte ou todo o capital, mesmo que o produto seja “capital protected”.
  • Risco de liquidez: muitas vezes, não há mercado secundário ativo, dificultando a venda antes do vencimento.
  • Risco de modelo: a estrutura depende de modelos de precificação que podem não refletir condições de mercado extremas.
  • Custos ocultos: taxa de emissão, spreads de derivativos e comissões podem reduzir significativamente o retorno efetivo.

5. Regulação no Brasil

A oferta de produtos estruturados no Brasil está sujeita à supervisão da CVM e Valores Mobiliários: Guia Completo. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) classifica esses instrumentos como “valor mobiliário” e impõe requisitos de transparência, registro e divulgação de riscos.

Além disso, o Regulamentação de Criptomoedas no Brasil: Guia Completo 2025 traz considerações importantes quando os ativos subjacentes são cripto‑moedas, exigindo que as instituições cumpram normas de AML/KYC e apresentem relatórios à Receita Federal.

Portanto, antes de adquirir um structured product, verifique se o emissor está devidamente registrado na CVM e se o prospecto contém informações claras sobre:

  • Taxas e custos;
  • Risco de crédito;
  • Procedimentos de resgate e vencimento.

6. Como analisar um Structured Product?

Uma análise criteriosa deve contemplar os seguintes passos:

  1. Entender o prospecto: leia com atenção a seção de riscos e a metodologia de cálculo do pagamento.
  2. Verificar a classificação do risco: a CVM costuma atribuir rating interno baseado no risco de crédito do emissor.
  3. Simular cenários: use ferramentas de cálculo (planilhas ou plataformas de corretoras) para avaliar o retorno em diferentes trajetórias de preço dos ativos subjacentes.
  4. Comparar custos: compare a taxa de emissão com alternativas como ETFs ou fundos de investimento que ofereçam exposição similar.

Para aprofundar a compreensão técnica, consulte fontes externas como o Investopedia ou o SEC, que trazem explicações detalhadas e exemplos práticos.

7. Estratégias de uso em carteira

Os structured products podem desempenhar diferentes papéis dentro de uma estratégia de alocação de ativos:

  • Proteção de capital em momentos de alta volatilidade de mercado.
  • Geração de renda extra quando o investidor busca rendimentos acima da taxa CDI ou Selic.
  • Alavancagem controlada para investidores com alta tolerância ao risco que desejam potencializar ganhos em setores específicos (ex.: tecnologia ou energia).

Entretanto, a alocação deve ser limitada a uma fração da carteira (geralmente 5‑10%) para evitar concentração de risco.

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Fonte: Osarugue Igbinoba via Unsplash

8. Caso prático: Structured Product atrelado ao Ibovespa

Imagine um produto capital protected com vencimento em 3 anos, que paga 100% do capital investido + 5% de retorno adicional se o Ibovespa fechar acima de 110% do nível inicial. Caso o índice não atinja esse patamar, o investidor recebe apenas o capital.

Para avaliar esse produto, o investidor deve considerar:

  • Probabilidade histórica de o Ibovespa superar 110% em 3 anos;
  • Taxa de crédito do banco emissor;
  • Comparação com um ETF que replica o Ibovespa, que oferece liquidez diária.

Se a probabilidade for baixa, o custo implícito (taxa de emissão) pode tornar o produto menos atrativo que simplesmente comprar o índice via ETF.

9. Conclusão

Os structured products são instrumentos sofisticados que permitem ao investidor personalizar risco e retorno, oferecendo oportunidades de proteção de capital, geração de renda extra ou alavancagem controlada. Contudo, sua complexidade, custos e risco de crédito exigem uma análise aprofundada e atenção à regulamentação da CVM.

Antes de incluir um produto estruturado em sua carteira, siga a checklist a seguir:

  1. Verifique o registro do emissor na CVM.
  2. Leia integralmente o prospecto, especialmente a seção de riscos.
  3. Simule diferentes cenários de mercado.
  4. Compare custos e retornos com alternativas líquidas (ETFs, fundos).
  5. Limite a alocação a uma porcentagem prudente da carteira.

Com a devida diligência, os structured products podem ser uma ferramenta valiosa para investidores que buscam diversificação inteligente no cenário financeiro brasileiro de 2025.