Stock to Flow Modelo: Como funciona, aplicações no Bitcoin e críticas em 2025

O stock to flow modelo (S2F) tornou‑se um dos tópicos mais debatidos no universo das criptomoedas, especialmente ao ser usado para prever o preço do Bitcoin. Neste artigo vamos explicar detalhadamente o que é o modelo, como ele é calculado, quais são suas principais aplicações e as principais críticas que recebem de economistas e analistas.

1. O que é o Stock to Flow?

O conceito de stock‑to‑flow surgiu originalmente para analisar commodities escassas como ouro e prata. Ele relaciona o estoque (stock) total de um ativo – ou seja, a quantidade já existente – com o fluxo (flow) anual de novas unidades produzidas. A fórmula básica é:

SF = Stock / Flow

Quanto maior o valor de S2F, maior a escassez do ativo e, teoricamente, maior o seu valor de reserva.

2. Aplicação ao Bitcoin

Para o Bitcoin, o stock corresponde ao número total de BTC já minerados (cerca de 19,4 milhões em 2025) e o flow à quantidade de novos BTC criados a cada ano (aproximadamente 328 mil BTC, considerando a redução pela halving a cada quatro anos). O modelo de Wikipedia mostra que, após cada halving, o S2F do Bitcoin aumenta exponencialmente, o que tem sido usado para justificar previsões de preço muito otimistas.

3. Como usar o modelo para análise de preço

Os analistas normalmente plotam o histórico do S2F contra o preço do Bitcoin em escala log‑log. A partir daí, criam uma linha de regressão que, segundo alguns, prevê preços futuros. Ferramentas como o TradingView permitem sobrepor o indicador S2F a gráficos de preço, facilitando a visualização.

Além disso, indicadores técnicos complementares – como o MACD e o Índice de Medo e Ganância – são frequentemente combinados com o S2F para confirmar sinais de compra ou venda.

4. Principais críticas ao Stock to Flow

  1. Modelo estatístico simplista: O S2F ignora variáveis macroeconômicas, demanda de mercado e regulamentação, que também influenciam o preço.
  2. Suposição de relação linear log‑log: Estudos acadêmicos, como os publicados pelo NBER, mostram que a correlação pode ser espúria e que outras métricas de escassez (ex.: Metcalfe’s Law) apresentam melhor ajuste.
  3. Impacto de eventos externos: Forks, mudanças de protocolo e grandes influxos de capital institucional podem romper a tendência prevista pelo modelo.

5. Quando o Stock to Flow ainda pode ser útil?

Apesar das críticas, o S2F continua sendo uma ferramenta valiosa para:

  • Entender a dinâmica de escassez do Bitcoin ao longo dos ciclos de halving.
  • Comparar a escassez de diferentes ativos digitais (ex.: Bitcoin vs. Litecoin).
  • Gerar discussões estratégicas sobre portfólio de longo prazo.

6. Conclusão

O stock to flow modelo oferece uma perspectiva única sobre a escassez do Bitcoin, mas deve ser usado com cautela e sempre em conjunto com outras análises técnicas e fundamentais. Ao combinar o S2F com indicadores como o MACD e o Índice de Medo e Ganância, os investidores podem obter uma visão mais equilibrada e reduzir o risco de decisões baseadas em um único modelo.