Riscos e recompensas do restaking: Guia completo para investidores de cripto em 2025
O restaking tem ganhado destaque no ecossistema de Proof‑of‑Stake (PoS) como uma forma avançada de maximizar rendimentos ao reutilizar tokens já “stakeados” em novos protocolos. Embora a promessa de retornos adicionais seja atraente, o processo traz uma série de riscos que precisam ser compreendidos antes de alocar capital. Neste artigo aprofundado, analisaremos detalhadamente como funciona o restaking, quais são as principais recompensas e, sobretudo, os riscos envolvidos, oferecendo estratégias para mitigar perdas e otimizar ganhos.
1. O que é restaking?
Restaking, ou “re‑staking”, consiste em usar os mesmos tokens que já estão em stake em uma rede PoS como garantia (collateral) para participar de outros serviços DeFi, como liquid staking derivatives, protocolos de empréstimo ou camadas de segurança adicionais. Em vez de bloquear os ativos uma única vez, o investidor permite que eles sejam “emprestados” a múltiplas camadas, gerando rendimentos compostos.
Para entender melhor, imagine que você tem 10.000 ETH bloqueados em um validador. Com o restaking, você pode transformar esses 10.000 ETH em um token derivado (por exemplo, stETH) e, em seguida, usar esse token como garantia em um protocolo de empréstimo para obter juros adicionais ou participar de um pool de seguro que paga recompensas.
2. Como o restaking se encaixa no ecossistema PoS
O O que é Proof‑of‑Stake (PoS) e como funciona: Guia completo para investidores brasileiros descreve os mecanismos básicos de staking. O restaking representa a evolução desse modelo, permitindo que os validadores e delegadores multipliquem o uso de seus ativos sem precisar adquirir novos tokens.
Principais componentes:
- Token de staking derivado: um token que representa a participação original (ex.: stETH, rETH).
- Protocolo de camada adicional: pode ser um pool de liquidez, um serviço de empréstimo ou um seguro descentralizado.
- Smart contracts de bridge: garantem que o token derivado possa ser usado de forma segura em diferentes cadeias.
3. As recompensas do restaking
As recompensas podem ser categorizadas em três grupos principais:
3.1. Rendimentos compostos
Ao empilhar camadas de staking, o investidor recebe juros sobre juros. Por exemplo, se o staking original rende 5 % ao ano e o protocolo de empréstimo oferece 4 % sobre o token derivado, o retorno efetivo pode chegar a quase 9 % ao ano, dependendo da capitalização.
3.2. Incentivos de protocolo
Muitos projetos oferecem tokens de governança como recompensa extra para quem utiliza seus contratos de restaking. Esses tokens podem ser negociados ou usados para participar da governança, adicionando outra fonte de lucro.
3.3. Diversificação de risco
Ao distribuir os mesmos ativos em múltiplas estratégias, o investidor reduz a dependência de um único protocolo. Se um deles falhar, ainda há retornos provenientes dos demais.

4. Os principais riscos do restaking
Embora atrativo, o restaking traz riscos que podem ser mais complexos que os do staking tradicional.
4.1. Risco de contrato inteligente
Smart contracts são o coração do restaking. Qualquer vulnerabilidade pode resultar em perda total dos fundos. Audits independentes são essenciais, mas mesmo contratos auditados podem conter bugs não descobertos.
4.2. Risco de liquidez
Tokens derivados podem ter liquidez limitada, especialmente em períodos de alta volatilidade. Se precisar resgatar rapidamente, pode ser necessário vender a preço desfavorável.
4.3. Risco de slashing acumulado
Na maioria das redes PoS, delegadores podem ser penalizados (slashing) por comportamentos maliciosos dos validadores. Quando o token está “re‑stakeado” em outro protocolo, o slashing pode impactar não apenas o staking original, mas também as posições derivadas, ampliando a perda.
4.4. Risco de contraparte e centralização
Alguns serviços de restaking são operados por entidades centralizadas que mantêm controle sobre as chaves de custódia. Isso cria um ponto único de falha e pode expor os usuários a riscos regulatórios.
4.5. Risco de sobrecarga de capital
Ao alocar o mesmo capital em várias camadas, o investidor pode ficar subcapitalizado em caso de necessidade de margem ou de chamadas de colateral (liquidations) em protocolos de empréstimo.
5. Como mitigar os riscos
Segue um checklist prático para quem deseja iniciar no restaking:
- Avalie a auditoria: verifique se o contrato foi auditado por empresas reconhecidas (Trail of Bits, CertiK, Quantstamp).
- Diversifique protocolos: não concentre todo o restaking em um único serviço.
- Monitore a liquidez: escolha tokens derivados com volume diário significativo em exchanges confiáveis.
- Entenda o slashing: conheça as políticas de penalização da rede original e como elas afetam os tokens derivados.
- Use seguros DeFi: plataformas como Nexus Mutual oferecem cobertura contra falhas de contrato.
Além disso, manter uma reserva de ativos não‑stakeados (por exemplo, stablecoins) pode ajudar a atender chamadas de margem inesperadas.

6. Exemplos práticos de restaking em 2025
Abaixo, três casos de uso populares:
- Ethereum (ETH) → stETH → Aave: Usuários depositam ETH em Lido, recebem stETH e emprestam esse token na Aave para ganhar juros adicionais.
- Polkadot (DOT) → kDOT → Acala: DOT é convertido em um token derivado kDOT que pode ser usado como colateral para empréstimos na plataforma Acala.
- Solana (SOL) → mSOL → Marinade Finance + Saber: SOL stakeado via Marinade gera mSOL, que é fornecido a pools de liquidez na Saber para obter recompensas de swap.
Esses casos ilustram como diferentes redes implementam o conceito de restaking, combinando staking, derivativos e protocolos de empréstimo.
7. Perspectivas para 2026 e além
Com a expansão das soluções de Web3 e a crescente adoção de finanças descentralizadas, espera‑se que o restaking se torne ainda mais sofisticado. Projetos emergentes estão desenvolvendo layer‑2 staking derivatives que prometem menor latência e custos de gas reduzidos, facilitando a integração com múltiplos protocolos simultaneamente.
Entretanto, a regulação ainda é incerta. Autoridades europeias e americanas estão analisando como classificar tokens derivados e se eles devem ser considerados valores mobiliários. Investidores devem ficar atentos a possíveis mudanças regulatórias que podem impactar a liquidez e a segurança jurídica desses ativos.
8. Conclusão
O restaking oferece uma oportunidade única de potencializar rendimentos no universo PoS, mas não é isento de riscos. A chave para o sucesso está na análise cuidadosa dos contratos, diversificação inteligente e monitoramento constante**. Ao seguir as boas práticas descritas neste guia, você pode aproveitar as recompensas do restaking enquanto protege seu capital contra os principais perigos.
Para aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre staking, recomendamos a leitura de O que é Staking de Cripto? Guia Completo, Benefícios e Como Começar em 2025, que oferece uma base sólida antes de avançar para estratégias mais avançadas como o restaking.
Recursos externos de referência:
Com informação, prudência e uma estratégia bem estruturada, o restaking pode ser um componente valioso do seu portfólio cripto em 2025 e nos anos que virão.