Restaking explicado: tudo o que você precisa saber para maximizar seus rendimentos em PoS e DeFi

Restaking explicado: o que é, como funciona e como potencializar seus ganhos

Nos últimos anos, o staking se consolidou como uma das principais formas de renda passiva no universo das criptomoedas. Porém, uma nova camada de complexidade surgiu: o restaking. Se você já domina o staking tradicional, entender o restaking pode abrir portas para rendimentos ainda maiores, mas também traz novos riscos que precisam ser avaliados com cautela.

1. O que é Restaking?

Restaking, ou “re‑staking”, consiste em utilizar os tokens já bloqueados como garantia (collateral) em protocolos adicionais, permitindo que um mesmo ativo gere renda em múltiplas camadas simultaneamente. Em termos simples, você “re‑utiliza” o mesmo capital que já está participando de um mecanismo de consenso (PoS) para participar de outra aplicação DeFi, como empréstimos, seguros ou derivativos.

Essa prática se apoia em dois pilares fundamentais:

  • Tokenization of Staked Assets: a maioria dos protocolos cria um token representativo do ativo em staking (por exemplo, stETH da Lido). Esse token pode ser transferido e usado como garantia em outros contratos.
  • Composição de Renda: ao alocar o token representativo em diferentes serviços, o investidor recebe recompensas de cada camada, potencializando o retorno total.

Para quem ainda não está familiarizado com staking, recomendamos a leitura do artigo O que é Staking de Cripto? Guia Completo, Benefícios e Como Começar em 2025, que oferece uma base sólida sobre o assunto.

2. Como o Restaking se encaixa no ecossistema PoS

O Proof‑of‑Stake (PoS) é o mecanismo de consenso que substitui o caro e intensivo Proof‑of‑Work (PoW). No PoS, os validadores bloqueiam (“stake”) uma quantidade de tokens para garantir a segurança da rede e, em troca, recebem recompensas. Quando se utiliza um serviço de staking terceirizado, como Lido, Rocket Pool ou StakeWise, o protocolo emite um token que representa a participação no staking.

Esses tokens representativos podem ser usados em outras plataformas DeFi, criando um stacking de rendimentos. Essa interconexão é possível graças à natureza programável dos contratos inteligentes, que permitem que um token seja ao mesmo tempo prova de participação em uma rede e garantia em outra.

Para entender a fundo o PoS, consulte o artigo O que é Proof‑of‑Stake (PoS) e como funciona: Guia completo para investidores brasileiros.

3. Principais protocolos que oferecem Restaking

Vários projetos já implementaram soluções de restaking. Abaixo, listamos alguns dos mais relevantes:

  1. Lido Finance: cria stETH (para Ethereum) e stSOL (para Solana). Esses tokens podem ser utilizados em plataformas de empréstimo como Aave ou Compound.
  2. Rocket Pool: gera rETH, que pode ser usado como colateral em protocolos de derivativos.
  3. EigenLayer: permite que validadores re‑utilizem seu stake como garantia para serviços de oráculo, seguros e rollups.
  4. StakeWise: emite um token sETH2 que pode ser negociado ou usado em pools de liquidez.

Esses exemplos mostram como o ecossistema está evoluindo para criar camadas de valor adicionais sobre o staking tradicional.

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Fonte: Brett Jordan via Unsplash

4. Benefícios do Restaking

Os principais atrativos são:

  • Rendimento composto: ao gerar juros em mais de um protocolo, o retorno efetivo pode ser significativamente maior que o staking isolado.
  • Maior eficiência de capital: o mesmo ativo gera múltiplas fontes de renda, evitando a necessidade de alocar capital adicional.
  • Flexibilidade: tokens representativos são fungíveis e podem ser rapidamente realocados entre diferentes oportunidades DeFi.

Entretanto, esses benefícios vêm acompanhados de riscos que precisam ser gerenciados.

5. Riscos e cuidados essenciais

O restaking amplifica a complexidade e, consequentemente, os riscos:

  1. Risco de contrato inteligente: cada camada adicional envolve contratos que podem conter bugs ou vulnerabilidades.
  2. Risco de liquidez: tokens representativos podem ter menor liquidez em exchanges, dificultando a venda em momentos de necessidade.
  3. Risco de sobre‑colateralização: ao usar o mesmo ativo como garantia em vários protocolos, um evento de liquidação pode desencadear perdas em cascata.
  4. Risco regulatório: a combinação de staking e empréstimos pode atrair a atenção de reguladores, especialmente em jurisdições que ainda não definiram regras claras para DeFi.

Para aprofundar seu conhecimento sobre segurança em cripto, vale a pena conferir o artigo Segurança de Criptomoedas: Guia Definitivo para Proteger seus Ativos Digitais em 2025, que traz boas práticas aplicáveis também ao restaking.

6. Estratégias práticas para iniciar no Restaking

Abaixo, um passo‑a‑passo para quem deseja experimentar o restaking de forma segura:

  1. Escolha uma blockchain PoS consolidada: Ethereum, Solana ou Polkadot são boas opções, pois têm ecossistemas robustos de staking e tokens representativos.
  2. Faça staking em um provedor confiável: Lido, Rocket Pool ou o próprio staking direto da rede. Certifique‑se de que o provedor emite um token “wrapped” que possa ser usado em DeFi.
  3. Analise as oportunidades DeFi: plataformas de empréstimo (Aave, Compound), pools de liquidez (Uniswap, Balancer) ou seguros descentralizados (Nexus Mutual).
  4. Calcule a taxa de colateralização: cada protocolo tem requisitos diferentes. Mantenha uma margem de segurança para evitar liquidações.
  5. Monitore as métricas de risco: taxa de ocupação, volatilidade do token subjacente e eventuais atualizações de contrato.

Uma ferramenta útil para acompanhar a saúde dos seus ativos é o CoinGecko, que fornece métricas de preço, liquidez e histórico de contratos.

7. Exemplos de cálculo de retorno

Suponha que você faça staking de 10 ETH em Lido, recebendo 10 stETH. O staking gera 4,5 % ao ano. Em seguida, você deposita esses 10 stETH como colateral no Aave, obtendo 3,2 % de juros em stablecoins. O retorno total aproximado seria:

  • Staking: 10 ETH × 4,5 % = 0,45 ETH/ano
  • Aave: 10 stETH (equivalente a 10 ETH) × 3,2 % = 0,32 ETH/ano (em USDC)

Somando, você teria 0,77 ETH/ano de rendimentos combinados, equivalente a 7,7 % APY, quase dobrando a taxa de staking isolado.

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Fonte: BoliviaInteligente via Unsplash

8. Quando evitar o Restaking

Embora atrativo, o restaking pode não ser adequado em algumas situações:

  • Mercado altamente volátil: quedas bruscas no preço do token subjacente podem desencadear liquidações.
  • Baixa liquidez do token representativo: dificulta a saída rápida.
  • Falta de auditoria nos contratos: se o protocolo de segunda camada não for auditado por empresas reconhecidas, o risco aumenta.

Nesses casos, pode ser mais prudente manter o staking tradicional ou diversificar em outros ativos.

9. O futuro do Restaking

O conceito ainda está em fase de experimentação, mas espera‑se que evolua nas próximas duas a três anos, principalmente com a chegada de EigenLayer e outros projetos que prometem “restake” de forma nativa, sem a necessidade de tokens wrapper. Essas soluções podem reduzir custos de transação e melhorar a segurança, tornando o restaking mais acessível a investidores de pequeno porte.

Para acompanhar as novidades, acompanhe publicações de fontes confiáveis como Ethereum Staking e o CoinDesk – What is Restaking?.

10. Conclusão

O restaking representa a próxima fronteira da rentabilidade em cripto, permitindo que investidores maximizem o uso de seus ativos bloqueados. Ao combinar staking, tokens representativos e serviços DeFi, é possível criar estratégias de rendimento composto que superam significativamente os retornos tradicionais.

No entanto, como toda estratégia avançada, o restaking traz riscos adicionais que exigem monitoramento constante, análise de contratos e uma gestão cuidadosa de colateralização. Se você já domina o staking e procura diversificar suas fontes de renda, vale a pena explorar o restaking de forma gradual, começando com pequenas quantias e acompanhando de perto o desempenho dos protocolos.

Com conhecimento adequado, ferramentas de monitoramento e atenção aos riscos, o restaking pode ser um poderoso aliado para quem deseja elevar seus ganhos no mundo das finanças descentralizadas.