Rendimentos Sustentáveis sem Emissão de Tokens: Estratégias e Perspectivas para 2025

Rendimentos Sustentáveis sem Emissão de Tokens: Estratégias e Perspectivas para 2025

Nos últimos anos, o ecossistema cripto tem sido dominado por projetos que prometem altos retornos baseados na emissão contínua de tokens. Embora essa abordagem tenha atraído investidores em busca de ganhos rápidos, ela também gera inflação, diluição e, em muitos casos, riscos de colapso de preços quando a demanda não acompanha a oferta. A busca por rendimentos sustentáveis que não dependem da emissão de tokens tornou‑se, portanto, um tema central para quem deseja construir uma carteira resiliente e alinhada com princípios de longo prazo.

Por que abandonar a emissão de tokens?

Existem três motivos principais para repensar estratégias que dependem de minting constante:

  1. Inflação e diluição: Cada novo token criado reduz o valor dos existentes, exigindo que o preço suba ainda mais para manter o mesmo poder de compra.
  2. Dependência de hype: Projetos baseados em emissão constante muitas vezes dependem de campanhas de marketing agressivas para atrair novos compradores, o que pode gerar volatilidade extrema.
  3. Risco regulatório: Autoridades financeiras ao redor do mundo estão cada vez mais atentas a esquemas que se assemelham a “ponzi” ou que utilizam a emissão de tokens como mecanismo principal de remuneração.

Ao eliminar ou reduzir a necessidade de criar novos tokens, os protocolos podem focar em gerar valor real, como taxas de uso, receitas de serviços ou participação em ativos do mundo real.

Modelos de rendimentos sustentáveis

A seguir, apresentamos os principais modelos que permitem gerar retornos consistentes sem depender da emissão de novos tokens.

1. Taxas de protocolo (Protocol Fees)

Muitos projetos cobram uma pequena taxa sobre transações, swaps ou empréstimos. Essa receita pode ser redistribuída aos detentores de tokens de governança ou a pools de staking, criando um fluxo de caixa contínuo. Exemplos incluem Uniswap, Curve e SushiSwap, que já distribuem parte das taxas para seus usuários.

2. Receita de serviços (Service Revenue)

Plataformas que oferecem serviços como oráculos, computação descentralizada ou armazenamento de dados podem gerar receita direta. Essa receita, quando compartilhada com os participantes, cria um modelo de rendimento baseado em uso real, não em criação de moeda.

3. Restaking e Liquid Staking Tokens (LSTs)

O restaking permite que os usuários reaproveitem seus tokens já em stake em uma blockchain Proof‑of‑Stake (PoS) para garantir segurança em outras camadas ou protocolos, recebendo recompensas adicionais sem precisar “mintar” novos tokens. Essa prática tem ganhado força com a popularização dos Liquid Staking Tokens (LSTs), que transformam o ativo em um token negociável, mantendo a exposição ao rendimento original.

Ao combinar restaking com estratégias de yield farming, é possível gerar múltiplas camadas de retorno, sempre ancoradas em ativos já existentes.

4. Real World Assets (RWA) em DeFi

Os Real World Assets (RWA) trazem ativos reais – como imóveis, títulos corporativos ou commodities – para o universo descentralizado. Ao tokenizar esses ativos, os protocolos podem oferecer juros baseados em fluxos de caixa reais, como aluguéis ou pagamentos de juros, ao invés de depender de inflação de token. Essa abordagem não só diversifica o risco, como também alinha o ecossistema cripto com o sistema financeiro tradicional.

Um exemplo notável é a Centrifuge, que tokeniza faturas comerciais e permite que investidores obtenham rendimentos provenientes de pagamentos reais.

Como montar uma carteira de rendimentos sustentáveis

Montar uma carteira que priorize a sustentabilidade exige planejamento e diversificação. Veja um roteiro prático:

  1. Identifique protocolos com modelo de taxa de uso: Priorize projetos que já distribuam parte de suas receitas, como DEXes, plataformas de empréstimo e oráculos.
  2. Inclua LSTs e oportunidades de restaking: Avalie a segurança da cadeia base (Ethereum, Solana, etc.) e selecione LSTs com boa liquidez e histórico de auditoria.
  3. Alocação em RWAs: Dedique uma parcela (10‑30%) da carteira a tokens que representem ativos reais, verificando a reputação do emissor e a transparência dos contratos.
  4. Use ferramentas de análise de risco: Plataformas como Investopedia e World Economic Forum oferecem frameworks para avaliação de risco sustentável.
  5. Rebalanceamento periódico: Revise a carteira a cada trimestre, ajustando a exposição conforme mudanças nas taxas de protocolo ou nos retornos de RWAs.

Estudos de caso: projetos que já caminham rumo à sustentabilidade

A seguir, três projetos que exemplificam bem a ideia de gerar rendimentos sem depender de emissão de tokens:

Desafios e cuidados ao buscar rendimentos sustentáveis

Embora a proposta seja atraente, existem desafios que o investidor deve observar:

A busca por rendimentos sustentáveis que não dependem da emissão de tokens - although proposal
Fonte: Kanchanara via Unsplash
  • Risco de contrato inteligente: Mesmo sem emissão de tokens, falhas de código podem comprometer fundos. Audits independentes são essenciais.
  • Liquidez: Tokens de renda baseada em RWAs podem ter menor liquidez comparada a tokens de governança tradicionais.
  • Regulação: Ativos tokenizados podem cair sob a jurisdição de órgãos reguladores financeiros, exigindo compliance adicional.

Ao combinar due diligence técnica e análise regulatória, é possível mitigar esses riscos e aproveitar as oportunidades de rendimentos estáveis.

Perspectivas para 2025 e além

O futuro aponta para um ecossistema mais maduro, onde a geração de valor real supera a simples criação de moeda. Tendências que devem ganhar força:

  1. Integração de finanças tradicionais e DeFi: Bancos e instituições financeiras vão buscar parceiros DeFi para oferecer produtos de rendimento baseados em ativos reais.
  2. Expansão de protocolos de restaking: Mais blockchains irão abrir espaço para camadas de segurança adicionais, ampliando as oportunidades de renda.
  3. Regulação clara para RWAs: Expectativas de normas claras podem atrair investidores institucionais, impulsionando a liquidez desses tokens.

Ao antecipar essas mudanças, investidores que já adotaram estratégias sustentáveis estarão posicionados para colher os benefícios de um mercado mais estável e menos dependente de “inflação de token”.

Conclusão

Buscar rendimentos sustentáveis que não dependem da emissão de tokens é mais que uma tendência – é uma necessidade para quem deseja construir patrimônio de longo prazo no universo cripto. Ao focar em taxas de protocolo, serviços de receita, restaking, LSTs e RWAs, é possível criar fluxos de caixa consistentes, reduzir riscos de diluição e alinhar-se com práticas de investimento responsáveis.

Comece avaliando os projetos citados, utilize ferramentas de análise de risco e mantenha-se atento às evoluções regulatórias. Dessa forma, você transformará a volatilidade típica do mercado em oportunidades de crescimento sólido e sustentável.

A busca por rendimentos sustentáveis que não dependem da emissão de tokens - real assets
Fonte: William Warby via Unsplash