Por que você só ouve falar dos projetos que deram certo, e não dos milhares que falharam

Introdução

Se você acompanha o universo cripto, provavelmente já percebeu um padrão curioso: as manchetes celebram os projetos que alcançaram sucesso meteórico, enquanto os milhares de projetos que simplesmente não decolaram permanecem nas sombras. Esse viés de cobertura não é aleatório; ele está ligado a fatores psicológicos, econômicos e até mesmo à forma como a mídia e os influenciadores estruturam suas narrativas.

1. O viés da seleção de sucesso

Na comunicação humana, existe um fenômeno conhecido como viés de confirmação. As pessoas tendem a prestar mais atenção a informações que confirmam suas crenças pré‑existentes. Quando um projeto cripto tem um boom, ele valida a ideia de que o mercado está em alta, gerando entusiasmo e, consequentemente, mais cobertura.

Ao mesmo tempo, os projetos que falham desafiam essa narrativa otimista e, por isso, são menos “vendáveis” para veículos de mídia que buscam gerar cliques.

2. Como a mídia cria a ilusão de que “todos” são bem‑sucedidos

Plataformas de notícias, blogs e perfis de influenciadores têm incentivos financeiros ligados ao número de visualizações e ao engajamento. Histórias de sucesso geram:

  • Maior taxa de cliques (CTR) – títulos como “Projeto X alcança $1 bilhão em market cap” despertam curiosidade.
  • Compartilhamentos nas redes sociais – o otimismo é contagiante.
  • Patrocínios e parcerias – marcas desejam associar-se a vencedores.

Por outro lado, um projeto que “queima” rapidamente não oferece esses benefícios e, muitas vezes, é tratado como “caso de estudo” restrito a analistas mais avançados.

3. O papel dos influenciadores e da comunidade

Influenciadores de cripto costumam ser remunerados por meio de token swaps, patrocínios ou participação em eventos. Quando eles promovem um projeto vencedor, há um retorno direto. Caso um projeto falhe, o risco reputacional pode ser maior do que o ganho.

Por que você só ouve falar dos projetos que deram certo, e não dos milhares que falharam - project crypto
Fonte: Roman Synkevych via Unsplash

Além disso, a Construção de Tese de Investimento costuma focar em métricas de crescimento e potencial de longo prazo, filtrando rapidamente os projetos que não apresentam esses atributos.

4. Por que os projetos que falham são importantes para o ecossistema

Embora raramente recebam destaque, os projetos que não prosperam oferecem lições valiosas:

  1. Aprendizado de tokenomics: Muitos projetos falham por uma distribuição de tokens mal planejada, levando a inflação excessiva ou concentração de poder.
  2. Segurança e auditoria: Falhas técnicas ou vulnerabilidades de contrato inteligente são frequentes em projetos que não passam por auditorias rigorosas.
  3. Adaptação ao mercado: A falta de um problema real a ser resolvido ou a ausência de demanda clara pode ser fatal.

Estudar esses casos ajuda investidores e desenvolvedores a evitar erros repetitivos.

5. Exemplos reais de projetos que não decolaram

Alguns projetos receberam cobertura inicial intensa, mas desapareceram:

  • Project X – prometeu uma solução de escalabilidade para Ethereum, mas nunca entregou um MVP funcional.
  • Token Y – lançou uma campanha de tokenomics deflacionário sem explicar a utilidade do token, resultando em um dump imediato.
  • Platform Z – tentou tokenizar ativos do mundo real sem parcerias regulatórias, levando a questões de compliance.

Para aprofundar, veja o artigo História dos invernos cripto, que analisa como ciclos de baixa expõem vulnerabilidades desses projetos.

Por que você só ouve falar dos projetos que deram certo, e não dos milhares que falharam - information article
Fonte: Kelly Sikkema via Unsplash

6. Como identificar projetos com maior chance de sucesso

Existem critérios objetivos que podem reduzir o risco de investir em projetos que provavelmente falharão:

Critério O que observar
Equipe Experiência comprovada, perfis públicos e histórico em projetos anteriores.
Tokenomics Distribuição justa, mecanismos de queima ou staking bem‑definidos (ex.: Mecanismos de Queima de Tokens).
Produto Prova de conceito (MVP), parcerias estratégicas e demanda real.
Segurança Auditorias independentes e bug bounties ativos.
Comunidade Engajamento orgânico, canais de comunicação transparentes.

Esses indicadores são citados por analistas de Investopedia e CoinDesk como boas práticas de due diligence.

7. Estratégias para aprender com os erros alheios

Ao invés de apenas celebrar os vencedores, desenvolvedores e investidores podem:

  • Manter um repositório de casos de falha – documentar o que deu errado.
  • Participar de comunidades que fazem post‑mortems regulares, como fóruns no Discord ou grupos no Reddit.
  • Utilizar ferramentas de análise de sentimento (ex.: Ferramentas de análise de sentimento) para detectar sinais de alerta precoce.

8. Conclusão

O foco excessivo nos projetos de sucesso cria uma percepção distorcida do mercado cripto. Embora seja natural celebrar conquistas, é fundamental reconhecer que os milhares de projetos que falham são a base para o aprendizado coletivo. Ao adotar uma abordagem crítica – analisando tokenomics, segurança, equipe e demanda – investidores podem tomar decisões mais informadas e reduzir a exposição a projetos frágeis.

Em última análise, a transparência e o estudo dos casos de insucesso são tão valiosos quanto a celebração dos triunfos, pois alimentam a maturidade do ecossistema e fomentam inovações mais robustas.