Padrões de Tokens (ERC‑20): Guia Completo, Funcionamento e Estratégias para 2025
O universo das criptomoedas evoluiu de forma exponencial nos últimos anos, e um dos pilares que sustentam essa expansão são os padrões de tokens. Entre eles, o ERC‑20 se destaca como o modelo mais adotado na blockchain Ethereum, permitindo a criação de ativos digitais interoperáveis, fáceis de negociar e de integrar a aplicações descentralizadas (dApps). Neste artigo, vamos mergulhar profundamente nos detalhes técnicos, nas vantagens, nos riscos e nas melhores práticas para desenvolvedores e investidores que desejam aproveitar ao máximo esse padrão em 2025.
1. O que é o padrão ERC‑20?
O ERC‑20 (Ethereum Request for Comments 20) é um conjunto de regras que define como um token deve ser implementado na rede Ethereum. Criado por Fabian Vogelsteller em 2015, o padrão especifica seis funções básicas que todo contrato inteligente deve possuir:
totalSupply()– retorna o número total de tokens em circulação.balanceOf(address account)– devolve o saldo de tokens de um endereço.transfer(address recipient, uint256 amount)– permite a transferência direta de tokens.allowance(address owner, address spender)– indica quanto um terceiro está autorizado a gastar em nome do proprietário.approve(address spender, uint256 amount)– autoriza um terceiro a gastar até um determinado valor.transferFrom(address sender, address recipient, uint256 amount)– executa a transferência usando a permissão concedida.
Essas funções garantem que todos os tokens ERC‑20 sejam compatíveis com carteiras, exchanges e contratos inteligentes que já suportam o padrão.
2. Por que o ERC‑20 se tornou dominante?
Existem três razões principais para o sucesso do ERC‑20:
- Interoperabilidade: ao seguir um conjunto padrão, desenvolvedores podem criar tokens que funcionam em qualquer plataforma que suporte Ethereum, reduzindo custos de integração.
- Facilidade de desenvolvimento: a especificação é simples, e bibliotecas como OpenZeppelin oferecem implementações seguras prontas para uso.
- Ecossistema robusto: exchanges, wallets e protocolos DeFi já incorporaram suporte nativo ao ERC‑20, ampliando o alcance de novos projetos.
3. Como criar um token ERC‑20 passo a passo
Para desenvolvedores iniciantes, o caminho mais seguro é usar a biblioteca OpenZeppelin Contracts. A seguir, um guia resumido:
// SPDX-License-Identifier: MIT
pragma solidity ^0.8.0;
import "@openzeppelin/contracts/token/ERC20/ERC20.sol";
contract MeuToken is ERC20 {
constructor(uint256 initialSupply) ERC20("MeuToken", "MTK") {
_mint(msg.sender, initialSupply * (10 ** decimals()));
}
}
1️⃣ Instale o ambiente: Node.js, Hardhat ou Truffle.
2️⃣ Configure o projeto: npm init -y e npm install @openzeppelin/contracts.
3️⃣ Compile e implemente: Use npx hardhat compile e npx hardhat run scripts/deploy.js --network mainnet.
Após o deploy, o contrato recebe um endereço único que pode ser usado para registrar o token em carteiras como MetaMask.
4. Boas práticas de segurança para contratos ERC‑20
Embora o padrão seja simples, vulnerabilidades podem surgir se o desenvolvedor não seguir boas práticas:

- Uso de SafeMath: antes do Solidity 0.8, era essencial para evitar overflow. Hoje, a linguagem já inclui verificações, mas ainda é recomendado revisar.
- Proteção contra reentrância: ao combinar ERC‑20 com funções de pagamento, use o padrão
checks‑effects‑interactions. - Eventos adequados: sempre emita
TransfereApprovalpara garantir que exploradores e dApps rastreiem as movimentações. - Testes automatizados: escreva testes unitários com
HardhatouTrufflecobrindo cenários de aprovação, transferência e limites de saldo.
5. ERC‑20 x ERC‑721 e ERC‑1155: Quando usar cada padrão?
Além do ERC‑20, a Ethereum possui padrões para tokens não fungíveis (NFT) e tokens semi‑fungíveis:
- ERC‑721: cada token tem um ID único – ideal para colecionáveis, arte digital e imóveis virtuais.
- ERC‑1155: permite combinar tokens fungíveis e não‑fungíveis em um único contrato – muito usado em jogos e plataformas de metaverso.
Se o objetivo é representar uma moeda, ação ou ponto de recompensa, o ERC‑20 continua sendo a escolha mais eficiente. Para ativos únicos, opte pelos padrões NFT.
6. Casos de uso reais e projetos de destaque
Alguns dos projetos mais conhecidos que utilizam ERC‑20 incluem:
- USDC Circle: stablecoin lastreada em dólar americano – Saiba mais sobre USDC.
- Tether (USDT): a stablecoin mais utilizada em volume de negociação – Análise completa do USDT.
- Chainlink (LINK): token de governança da rede de oráculos.
- Uniswap (UNI): token de governança da maior DEX da Ethereum.
7. Integração de ERC‑20 com DeFi e Web3
O ecossistema DeFi depende fortemente de tokens ERC‑20 para:
- Liquidez em AMMs: pools de Uniswap, SushiSwap, Curve.
- Empréstimos e colaterais: Compound, Aave.
- Yield farming e staking: usuários bloqueiam tokens ERC‑20 para ganhar recompensas.
Além disso, a documentação oficial da Ethereum fornece exemplos avançados de integração com contratos de empréstimo e governança.
8. Desafios e limitações do ERC‑20 em 2025
Apesar de sua popularidade, o ERC‑20 apresenta alguns pontos críticos que desenvolvedores e investidores devem estar cientes:
- Escalabilidade: a rede Ethereum ainda enfrenta congestionamento, resultando em altas taxas de gás para transferências de tokens.
- Falta de metadados avançados: ao contrário do ERC‑1155, o ERC‑20 não permite armazenar informações adicionais (ex.: imagens, atributos).
- Problemas de aprovação dupla (double‑spend): se o usuário não zerar a aprovação antes de mudar o valor, pode haver risco de ataque de front‑running.
Para mitigar esses problemas, projetos estão migrando para soluções de camada 2, como Polygon (MATIC) – Guia completo de Polygon – ou utilizando contratos proxy que permitem upgrades sem perder saldo.

9. Estratégias de investimento em tokens ERC‑20
Para quem deseja investir, considere as seguintes abordagens:
- Análise fundamental: verifique a equipe, o roadmap e a utilidade real do token.
- Participação em pools de liquidez: ao fornecer tokens a AMMs, você pode ganhar taxas de swap e recompensas de governança.
- Staking e yield farming: plataformas como Aave e Compound pagam juros em tokens ERC‑20 por empréstimos de ativos.
- Diversificação: combine stablecoins (USDC, USDT) com tokens de governança (UNI, AAVE) e projetos de infra‑estrutura (LINK).
Lembre‑se de monitorar a CoinMarketCap para métricas de capitalização, volume e histórico de preços.
10. Futuro dos padrões de token: ERC‑20 2.0?
Com a chegada do Ethereum 2.0 e a migração para Proof‑of‑Stake (PoS), a comunidade propõe melhorias ao padrão ERC‑20, como:
- ERC‑20 Permit (EIP‑2612): permite aprovações via assinatura off‑chain, reduzindo transações de gás.
- ERC‑20 Extensions: inclusão de funções de congelamento, queima e governança interna.
Essas extensões visam tornar o token mais flexível e seguro, atendendo às demandas de projetos DeFi mais sofisticados.
Conclusão
O padrão Padrões de tokens (ERC‑20) permanece como a espinha dorsal da economia tokenizada na Ethereum. Seu design simples, aliado a um ecossistema maduro, garante que desenvolvedores possam lançar novos ativos rapidamente, enquanto investidores contam com liquidez e interoperabilidade. No entanto, é crucial estar atento às limitações de escalabilidade e às boas práticas de segurança para evitar perdas. Ao combinar conhecimento técnico com estratégias de investimento bem fundamentadas, você estará preparado para aproveitar ao máximo as oportunidades que os tokens ERC‑20 oferecem em 2025 e além.
Para aprofundar ainda mais, confira também o Guia Definitivo de Criptomoedas para Iniciantes e o Tokenização de Ativos: O Futuro dos Investimentos no Brasil.