O que são Validiums? Guia Completo sobre a Solução de Escala de Camada 2
Nos últimos anos, a busca por soluções de escalabilidade para blockchains tem sido um dos principais motores de inovação no ecossistema cripto. Entre as diversas abordagens, os validiums surgem como uma alternativa promissora que combina a segurança dos zero‑knowledge proofs (ZK‑Proofs) com a eficiência de armazenamento off‑chain. Neste artigo, vamos aprofundar o que são validiums, como funcionam, quais são as diferenças em relação aos zk‑rollups, seus principais casos de uso e os riscos associados.
1. Conceito Básico: Validium vs. zk‑Rollup
Um validium é, essencialmente, um rollup que delega o armazenamento dos dados de transação a uma camada fora da cadeia (off‑chain), mas ainda assim gera provas criptográficas (ZK‑SNARKs ou ZK‑STARKs) que são verificadas na camada base (geralmente Ethereum). Essa arquitetura permite que a cadeia principal mantenha a segurança das provas, enquanto o custo de gás é drasticamente reduzido, já que os dados não precisam ser publicados na cadeia.
Em contraste, um zk‑rollup tradicional armazena todos os dados de transação na cadeia principal, embora de forma compactada. Isso garante que qualquer pessoa possa reconstruir o estado completo apenas a partir da cadeia, mas aumenta o custo de armazenamento.
Principais diferenças
- Armazenamento: off‑chain (validium) vs. on‑chain (zk‑rollup).
- Custo de gás: geralmente 5‑10× menor nos validiums.
- Segurança dos dados: os validiums dependem da disponibilidade e integridade dos provedores de dados externos; zk‑rollups são totalmente trustless quanto a dados.
- Velocidade de finalização: similar, pois ambos utilizam provas verificáveis.
2. Como Funciona um Validium na Prática
O fluxo típico de um validium inclui as seguintes etapas:
- Agregação de transações: usuários enviam transações para um operador (ou conjunto de operadores) que as agrupa.
- Geração da prova: o operador cria uma prova ZK que demonstra que todas as transações são válidas e que o estado resultante está correto.
- Publicação da prova: a prova é enviada para a cadeia principal (Ethereum, por exemplo) onde um contrato inteligente a verifica.
- Armazenamento off‑chain: os dados brutos das transações são armazenados em uma rede de disponibilidade de dados (por exemplo, Data Availability Committee, IPFS ou soluções proprietárias).
- Finalização: uma vez que a prova é aceita, o estado do validium é considerado finalizado.
Esse modelo permite que a cadeia principal permaneça leve, enquanto a camada de disponibilidade de dados pode ser otimizada para alta velocidade e baixo custo.
3. Principais Projetos e Implementações
Vários projetos já implementaram ou estão desenvolvendo validiums. Entre os mais conhecidos estão:

- StarkWare Validium – Utiliza a tecnologia STARK para gerar provas e oferece soluções como DeversiFi e dYdX v4.
- Aztec – Foca em privacidade, mas também explora modelos de validium para reduzir custos.
Esses projetos demonstram que a abordagem pode ser aplicada tanto a exchanges descentralizadas quanto a aplicações DeFi de alta frequência.
4. Vantagens dos Validiums
- Baixo custo de transação: ao eliminar a necessidade de armazenar dados on‑chain, o gas gasto diminui significativamente.
- Alta taxa de transferência: com o armazenamento off‑chain, a rede pode processar milhares de transações por segundo.
- Segurança criptográfica: as provas ZK garantem que o estado é válido mesmo que os dados estejam fora da cadeia.
- Flexibilidade de design: os desenvolvedores podem escolher diferentes provedores de disponibilidade de dados, ajustando trade‑offs entre descentralização e performance.
5. Desafios e Riscos
Apesar das vantagens, os validiums trazem desafios que precisam ser avaliados:
- Dependência de data availability committees (DACs): se o conjunto de provedores falhar ou agir de forma maliciosa, os usuários podem perder a capacidade de recuperar os dados.
- Menor transparência: como os dados não estão on‑chain, a auditoria pública completa requer confiança nos provedores.
- Complexidade de implementação: a criação e verificação de provas ZK ainda é computacionalmente intensiva.
Para mitigar esses riscos, projetos adotam estratégias como múltiplos DACs, auditorias regulares e mecanismos de “fallback” que permitem migrar os dados para on‑chain em caso de emergência.
6. Quando Utilizar um Validium?
Os validiums são particularmente indicados para:
- Aplicações DeFi que exigem alta frequência de transações (ex.: DEXs, protocolos de empréstimo).
- Plataformas de jogos e NFTs onde a latência e o custo são críticos.
- Casos de uso onde a privacidade dos dados é importante, mas a segurança criptográfica ainda deve ser mantida.
Se a prioridade for a total descentralização dos dados, um zk‑rollup tradicional pode ser mais adequado.

7. Integração com Outros Componentes do Ecossistema
Os validiums não operam isoladamente. Eles podem ser combinados com outras soluções como EigenLayer (para reforçar a segurança da camada de disponibilidade) ou LSTs (Liquid Staking Tokens) (para criar mecanismos de staking sobre os próprios validiums).
Essa sinergia permite que investidores obtenham rendimentos adicionais enquanto utilizam a infraestrutura de escalabilidade mais eficiente.
8. Futuro dos Validiums
À medida que a demanda por transações rápidas e baratas cresce, espera‑se que os validiums ganhem mais tração, especialmente em ambientes onde a data availability pode ser garantida por consórcios de nós confiáveis. A evolução das provas ZK (ex.: ZK‑STARKs de segunda geração) também deve reduzir ainda mais os custos computacionais, tornando a tecnologia mais acessível.
Em resumo, os validiums representam um ponto de equilíbrio entre segurança e eficiência, oferecendo uma alternativa viável aos zk‑rollups tradicionais para casos de uso que exigem volume massivo de transações.
Conclusão
Se você está avaliando soluções de camada 2 para seu projeto, entender as nuances entre zk‑rollups e validiums é essencial. Enquanto os zk‑rollups garantem total descentralização dos dados, os validiums proporcionam custos drasticamente menores e maior throughput, ao custo de depender de provedores de disponibilidade de dados. Avalie seu caso de uso, o nível de confiança que pode colocar em terceiros e escolha a arquitetura que melhor equilibre segurança, custo e performance.