Nos últimos anos, a explosão de aplicativos descentralizados (dApps) trouxe à tona um grande desafio: acessar e consultar dados armazenados em blockchains de forma rápida, eficiente e escalável. É aqui que entram os subgraphs, uma camada de indexação que permite consultas avançadas usando a linguagem GraphQL. Neste artigo, você entenderá o que são os subgraphs, como funcionam, por que são essenciais para desenvolvedores Web3 e como começar a utilizá‑los em seus projetos.
1. Definição de subgraph
Um subgraph é uma definição declarativa que descreve quais dados de uma blockchain devem ser indexados e como esses dados são transformados em um esquema GraphQL. Ele consiste em três partes principais:
- Manifest (subgraph.yaml): especifica o contrato inteligente de origem, os eventos a serem escutados e os arquivos de mapeamento.
- Mappings (scripts em AssemblyScript): transformam os eventos da blockchain em entidades que serão armazenadas no banco de dados do subgraph.
- Schema (schema.graphql): define o modelo de dados que será exposto via API GraphQL.
Quando um subgraph é implantado na The Graph, ele começa a escutar os blocos da rede, processar os eventos conforme os mappings e atualizar seu banco de dados. A partir daí, qualquer aplicação pode fazer consultas query
usando GraphQL, obtendo respostas em milissegundos.
2. Por que os subgraphs são fundamentais?
Sem subgraphs, desenvolvedores precisariam:
- Executar nós completos da blockchain;
- Manter bancos de dados próprios para armazenar o estado desejado;
- Criar APIs customizadas para cada dApp.
Esse processo é custoso em termos de infraestrutura e tempo de desenvolvimento. Os subgraphs simplificam tudo isso, oferecendo:
- Escalabilidade: a camada de indexação da The Graph é altamente distribuída.
- Facilidade de uso: consultas GraphQL são intuitivas e podem ser feitas diretamente do front‑end.
- Interoperabilidade: múltiplos dApps podem compartilhar o mesmo subgraph, evitando duplicação de esforço.
3. Casos de uso reais
Vários projetos já utilizam subgraphs para melhorar a experiência do usuário:
- O futuro da arquitetura da blockchain: tendências, desafios e oportunidades – analisa como subgraphs podem ser integrados em arquiteturas modulares.
- Blockchain Modular vs Monolítica: Qual a Melhor Arquitetura para Criptomoedas em 2025? – discute o papel da indexação descentralizada na separação de camadas.
4. Como criar seu primeiro subgraph
Segue um passo‑a‑passo simplificado:
- Instale o CLI da The Graph:
npm install -g @graphprotocol/graph-cli
- Inicialize o projeto:
graph init --from-contract <ENDEREÇO_DO_CONTRATO> <NOME_DO_SUBGRAPH>
- Defina o schema: edite
schema.graphql
descrevendo as entidades que deseja expor. - Implemente os mappings: escreva funções em AssemblyScript que transformam eventos em entidades.
- Configure o manifest: ajuste
subgraph.yaml
apontando para o contrato, eventos e arquivos de mapeamento. - Teste localmente:
graph test
egraph codegen
. - Implante na testnet:
graph deploy --node https://api.thegraph.com/deploy/ <NOME_DO_SUBGRAPH>
Depois da implantação, a API GraphQL estará disponível em https://api.thegraph.com/subgraphs/name/<SEU_USUARIO>/<SUBGRAPH>
. Basta fazer consultas como:
query {
transfers(first: 5, orderBy: timestamp, orderDirection: desc) {
id
from
to
value
timestamp
}
}
5. Boas práticas e considerações de segurança
- Limite de campos: evite retornar grandes volumes de dados em uma única query; use paginação.
- Validação de entrada: embora GraphQL ofereça tipagem, valide parâmetros críticos no front‑end.
- Atualizações de subgraph: ao mudar o schema, versionar o subgraph para não quebrar dApps existentes.
6. Futuro dos subgraphs
Com a expansão de Ethereum Docs sobre Subgraphs e a crescente adoção de blockchains modulares, espera‑se que a comunidade desenvolva ferramentas ainda mais avançadas, como indexação em tempo real, suporte a múltiplas L2s e integração com IA para otimização de consultas.
Em resumo, os subgraphs são a espinha dorsal que permite que dApps entreguem experiências rápidas e ricas, sem sobrecarregar os desenvolvedores com infraestrutura complexa. Se você está construindo na Web3, dominar a criação e consumo de subgraphs é essencial para se manter competitivo.