O que é a tokenização?
A tokenização é o processo de converter direitos sobre um ativo real ou digital em tokens registrados em uma blockchain. Cada token representa, de forma segura e transparente, uma fração ou a totalidade de um bem, permitindo que ele seja negociado, transferido ou utilizado em aplicações descentralizadas.
1. Como a tokenização funciona?
Em termos simples, a tokenização segue três etapas fundamentais:
- Identificação do ativo: pode ser um imóvel, obra de arte, ação, dívida ou até mesmo um direito de uso.
- Criação do token: por meio de um contrato inteligente (smart contract) na blockchain, são emitidos tokens que representam esse ativo.
- Distribuição e negociação: os tokens são distribuídos aos investidores ou usuários e podem ser negociados em exchanges ou plataformas de DeFi.
Todo o processo ocorre em um ambiente imutável, o que garante a propriedade verificável e reduz a necessidade de intermediários.
2. Tipos de tokens
Existem diferentes categorias de tokens, cada uma com finalidade específica:
- Utility Tokens: fornecem acesso a um serviço ou plataforma (ex.: token de governança).
- Security Tokens: representam direitos de investimento, como ações ou dividendos, e são regulados como valores mobiliários.
- Non‑Fungible Tokens (NFTs): representam ativos únicos, como obras de arte digitais ou colecionáveis.
- Soulbound Tokens (SBTs): tokens não transferíveis que vinculam credenciais ou identidades a um endereço.
Para aprofundar o conceito de SBTs, confira o artigo Tudo o que Você Precisa Saber sobre Soulbound Tokens (SBTs).
3. Benefícios da tokenização
A tokenização traz vantagens claras tanto para emissores quanto para investidores:
- Liquidez ampliada: ativos tradicionalmente ilíquidos, como imóveis, podem ser fracionados e negociados 24/7.
- Transparência: todas as transferências são registradas publicamente na blockchain.
- Redução de custos: elimina intermediários, reduzindo taxas de custódia e processos burocráticos.
- Inclusão financeira: permite que pequenos investidores participem de oportunidades antes restritas a grandes players.
4. Desafios e riscos
Apesar das oportunidades, a tokenização ainda enfrenta obstáculos:

- Regulamentação incerta: as leis variam entre países e, no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda está definindo regras específicas.
- Segurança tecnológica: vulnerabilidades em contratos inteligentes podem gerar perdas.
- Validação de ativos reais: é preciso garantir que o ativo subjacente realmente exista e esteja corretamente registrado.
5. Casos de uso mais relevantes
5.1 Imóveis
Um dos exemplos mais citados é a tokenização de propriedades residenciais e comerciais. Ao dividir um imóvel em milhares de tokens, investidores podem comprar frações a partir de poucos reais, democratizando o acesso ao mercado imobiliário.
5.2 Commodities
O ouro, prata e até mesmo commodities agrícolas têm sido tokenizados, permitindo que traders negociem esses ativos como se fossem criptomoedas.
5.3 Arte e colecionáveis
Galerias e artistas utilizam NFTs para vender obras digitais, mas a tokenização de obras físicas também está crescendo, oferecendo royalties automáticos a cada revenda.
5.4 Dívidas e recebíveis
Empresas podem emitir tokens que representam recebíveis futuros, facilitando o financiamento de capital de giro.
6. Tokenização no Brasil
O ecossistema brasileiro tem avançado rapidamente. Iniciativas como Tokenização de Ativos: O Futuro dos Investimentos no Brasil mostram como startups estão criando plataformas para tokenizar imóveis, agronegócio e até créditos de carbono.
Além disso, o conceito de Real World Assets (RWA) em blockchain tem ganhado destaque, conectando ativos do mundo real com finanças descentralizadas (DeFi) para gerar rendimentos em cripto.

O Banco Central do Brasil (BCB) já lançou o Banco Central Token (BCT) como piloto, indicando uma abertura institucional à tokenização.
7. Como começar a tokenizar?
- Escolha o ativo: identifique o bem que deseja tokenizar e verifique a documentação necessária.
- Selecione a blockchain: Ethereum, Polygon (MATIC) e Binance Smart Chain (BSC) são as mais usadas. Cada rede tem trade‑offs entre segurança, custo e velocidade.
- Desenvolva ou contrate um contrato inteligente: ele deve definir a quantidade total de tokens, direitos de voto, distribuição de dividendos, etc.
- Audite o código: contrate auditorias de segurança para evitar bugs.
- Registre o ativo: siga as exigências da CVM ou da Receita Federal, conforme o tipo de token (security ou utility).
- Lance a oferta: use plataformas de lançamento (IDO/ITO) ou marketplaces de NFTs para vender os tokens.
8. Futuro da tokenização
Nos próximos anos, a tokenização deve se integrar ainda mais ao universo DeFi, permitindo que tokens de ativos reais sejam usados como colaterais em empréstimos, como parte de pools de liquidez e até como garantia em contratos de seguros.
Além disso, a combinação de tokenização com identidade descentralizada (DID) e com regulação baseada em código pode criar ecossistemas de confiança automática, reduzindo ainda mais a necessidade de intermediários.
9. Conclusão
A tokenização está transformando a forma como pensamos propriedade, investimento e liquidez. Embora ainda existam desafios regulatórios e técnicos, a tendência é clara: mais ativos serão trazidos para a blockchain, proporcionando maior transparência, acessibilidade e eficiência ao mercado.
Se você deseja participar desse movimento, comece estudando as bases, escolha uma blockchain confiável e, sobretudo, garanta a conformidade legal. O futuro dos investimentos está sendo escrito em código – e você pode ser parte dele.
Referências externas
Para aprofundar ainda mais, consulte fontes reconhecidas como Investopedia e CoinDesk.