O que é Proposer‑Builder Separation (PBS)?
Nos últimos anos, o ecossistema Ethereum tem passado por uma série de inovações técnicas que visam melhorar a eficiência, a segurança e a equidade da rede. Uma das mudanças mais discutidas entre desenvolvedores, validadores e investidores é a Proposer‑Builder Separation (PBS), também conhecida como separação de proponente e construtor. Neste artigo aprofundado, vamos explicar o que é PBS, como funciona, quais são seus benefícios e riscos, e como essa arquitetura pode remodelar o futuro das segurança das blockchains e dos protocolos DeFi.
1. Por que a PBS foi proposta?
Antes da introdução da PBS, o processo de produção de blocos em Ethereum era liderado por um único agente: o proposer (proponente). O proponente, geralmente um validador, era responsável por montar o bloco, escolher as transações a serem incluídas e, em seguida, propagá‑lo para a rede. Esse modelo simples apresentava duas vulnerabilidades principais:
- MEV (Maximal Extractable Value): Proponentes podiam explorar oportunidades de arbitragem, front‑running e outras formas de extração de valor ao reorganizar transações dentro do bloco.
- Centralização: Validadores com recursos avançados de pesquisa de MEV tinham vantagem competitiva, levando a uma concentração de poder.
Para mitigar esses problemas, equipes de pesquisa, como a Flashbots, propuseram a separação das funções de proposição (quem decide qual bloco será incluído) e construção (quem monta o bloco com a melhor estratégia de MEV). Essa divisão cria um mercado onde “builders” competem para oferecer o bloco mais lucrativo ao “proposer”.
2. Como a PBS funciona na prática?
O fluxo básico da PBS pode ser resumido em quatro etapas:
- Builders criam blocos: Utilizando algoritmos de otimização de MEV, os builders montam blocos que maximizam a remuneração total (taxas + MEV).
- Proposers recebem ofertas: Cada proponente recebe um conjunto de propostas de blocos de diferentes builders. Essa comunicação acontece via canais off‑chain seguros, como o relay da Flashbots.
- Seleção do bloco: O proponente escolhe a proposta que oferece a maior remuneração líquida, considerando também critérios de segurança e reputação do builder.
- Injeção na cadeia: O bloco escolhido é enviado para a camada de consenso da rede Ethereum, onde os outros validadores o verificam e o adicionam à cadeia.
Com essa arquitetura, o MEV ainda é capturado, mas de forma mais competitiva e transparente, reduzindo incentivos à manipulação de transações por parte dos validadores.

3. Benefícios da PBS
- Maior eficiência de mercado: Builders competem para oferecer o bloco mais lucrativo, o que pode elevar a remuneração total para os validadores sem comprometer a segurança.
- Redução da centralização: Validações menores podem participar como proposers, delegando a construção de blocos a builders especializados.
- Mitigação de ataques de front‑running: Ao tornar o processo de construção de blocos mais aberto, a PBS dificulta a prática de ataques de front‑running por validadores individuais.
- Transparência: Relays públicos permitem auditoria das propostas de bloco, aumentando a confiança da comunidade.
4. Riscos e desafios
Embora a PBS traga vantagens claras, ainda existem desafios a serem superados:
- Dependência de relays: Relays centralizados podem se tornar pontos de falha ou vetores de censura.
- Complexidade de implementação: Integrar a PBS ao consenso da Ethereum requer mudanças no software dos clientes, o que pode introduzir bugs.
- Risco de captura do mercado de builders: Se poucos builders dominarem o mercado, a competição pode diminuir, revertendo parte dos benefícios.
É por isso que a comunidade está testando a PBS em ambientes de teste (testnets) antes da implementação em mainnet.
5. PBS e o futuro do Ethereum pós‑Merge
Com a transição para o Proof‑of‑Stake (PoS) concluída no Merge, o Ethereum ganhou maior capacidade de processar transações de forma eficiente. A PBS complementa essa evolução ao melhorar a economia de blocos. A combinação de PBS com outras melhorias, como o EIP‑1559 (que introduziu a queima de ETH), cria um ecossistema mais sustentável e menos sujeito a abusos de MEV.
6. Impacto da PBS nos protocolos DeFi
Protocolos DeFi dependem de transações rápidas e justas. O aumento da transparência na formação de blocos pode reduzir a incidência de ataques de sandwich e front‑running, que historicamente drenam usuários de liquidez. Além disso, projetos que já utilizam estratégias avançadas de segurança podem integrar a PBS para melhorar ainda mais sua resiliência.

7. Como participar da PBS?
Se você é um validador ou um builder interessado, existem alguns passos iniciais:
- Instale um cliente Ethereum que já suporte PBS (por exemplo, o Lighthouse ou o Teku nas versões mais recentes).
- Registre‑se em um relay confiável, como o da Flashbots.
- Configure sua infraestrutura para receber e enviar propostas de bloco de forma segura.
- Monitore métricas de desempenho e reputação dos builders para otimizar sua escolha de blocos.
Para quem ainda não é validador, a PBS pode ser acessada por meio de serviços de delegação que já integram a separação de funções.
8. Perguntas frequentes (FAQ)
Confira abaixo as dúvidas mais comuns sobre PBS, resumidas em formato de perguntas e respostas.
9. Conclusão
A Proposer‑Builder Separation representa um passo significativo na evolução da governança e da segurança do Ethereum. Ao separar as funções de proposição e construção de blocos, a PBS cria um mercado competitivo que pode reduzir a centralização, mitigar o MEV nocivo e melhorar a experiência dos usuários de DeFi. Contudo, como qualquer inovação, ela traz desafios que exigem cautela, testes extensivos e participação ativa da comunidade. Fique atento às atualizações nas principais testnets e acompanhe projetos que já estão adotando a PBS para entender como essa mudança pode impactar seus investimentos e estratégias no universo cripto.