No Touches no Mercado Cripto: Guia Completo, Estratégias e Riscos em 2025
Nos últimos anos, o universo das criptomoedas tem evoluído a passos largos, trazendo não apenas novas moedas, mas também instrumentos financeiros avançados. Entre eles, os contratos “no touches” ganharam destaque entre traders que buscam alavancar oportunidades sem precisar assumir posições diretas nos ativos subjacentes. Este artigo aprofunda o conceito, explica como funcionam, discute vantagens, riscos e oferece um panorama regulatório, tudo pensado para investidores brasileiros.
O que são contratos “No Touch”?
Um contrato no touch (ou no‑touch option) é um derivativo que paga um prêmio ao detentor caso o preço do ativo subjacente **não atinja** um nível pré‑definido (o “barrier”) durante todo o período de vigência do contrato. Se o preço tocar ou ultrapassar a barreira, o contrato expira sem valor.
Em termos simples:
- Barreira: preço que não pode ser tocado.
- Prazo: tempo até o vencimento (dias, semanas ou meses).
- Pagamento: valor fixo ou percentual acordado se a barreira permanecer intocada.
Esses contratos são populares em mercados tradicionais (FX, commodities) e, recentemente, têm sido adaptados para cripto‑ativos como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) nas plataformas de OTC (Over The Counter) no Universo Cripto.
Como funciona na prática?
Imagine que você acredita que o preço do Bitcoin permanecerá abaixo de US$ 30.000 nos próximos 30 dias. Você pode comprar um contrato no‑touch com barreira de US$ 30.000 e vencimento em 30 dias. Se, ao final desse período, o preço ainda estiver abaixo da barreira, o contrato paga o prêmio acordado (por exemplo, 5 % do valor investido). Caso o preço suba acima de US$ 30.000 em qualquer momento, o contrato expira sem pagamento.
Esse tipo de operação permite expor-se à volatilidade do ativo sem precisar comprar ou vender o ativo diretamente, o que pode ser útil para quem deseja diversificar estratégias ou proteger posições existentes.

Principais vantagens dos contratos No Touch
- Alto potencial de retorno: O pagamento pode ser significativamente maior que o capital investido, especialmente em mercados com alta volatilidade.
- Risco limitado ao prêmio pago: Ao contrário de posições à vista, a perda máxima é conhecida antecipadamente – o valor do prêmio.
- Exposição indireta: Ideal para quem não deseja manter a custódia de criptomoedas por questões de segurança ou regulamentação.
- Estratégia de hedge: Pode ser usado para proteger um portfólio contra movimentos bruscos de preço que ultrapassem certos níveis.
Principais riscos e cuidados
Embora atrativos, os contratos no‑touch trazem riscos que precisam ser compreendidos:
- Risco de total perda: Se a barreira for tocada, o investidor perde todo o prêmio.
- Liquidez limitada: Em algumas exchanges, o volume de contratos no‑touch pode ser baixo, dificultando a saída da posição antes do vencimento.
- Complexidade de precificação: O valor do contrato depende de volatilidade implícita, taxa de juros e distância da barreira; investidores inexperientes podem subestimar o custo real.
- Regulação incerta: No Brasil, a classificação desses derivativos ainda está em debate nas autoridades regulatórias, o que pode gerar surpresas fiscais.
Como negociar contratos No Touch no Brasil
Para operar contratos no‑touch, siga os passos abaixo:
- Escolha uma plataforma confiável: Dê preferência a exchanges que ofereçam derivativos regulamentados ou a corretoras OTC com boa reputação. Consulte o Guia Definitivo de Compliance em Exchanges para entender os requisitos de segurança.
- Verifique a elegibilidade: Algumas plataformas exigem KYC/AML completo, conforme as normas da KYC – Know Your Customer.
- Defina a barreira e o prazo: Baseie sua escolha em análise técnica, volatilidade histórica e eventos de mercado (ex.: halving do Bitcoin).
- Calcule o prêmio: Use calculadoras de opções ou modelos de Black‑Scholes adaptados para barreiras. Sites como Investopedia oferecem explicações detalhadas.
- Execute a ordem: Confirme o contrato, revise os termos e faça o pagamento do prêmio.
- Monitore a barreira: Acompanhe o preço do ativo em tempo real; se houver risco de toque, considere estratégias de saída ou rolagem para um novo contrato.
Exemplo prático: No Touch de Bitcoin
Suponha que o preço do BTC está em US$ 28.500. Você acredita que, nas próximas 45 dias, o preço não ultrapassará US$ 32.000. Você compra um contrato no‑touch com as seguintes condições:
- Barreira: US$ 32.000
- Prazo: 45 dias
- Prêmio: 4 % do valor nocional (ex.: US$ 1.000 de investimento = US$ 40 de prêmio)
- Pagamento ao vencer: 8 % de retorno (US$ 80) se a barreira permanecer intocada
Se o BTC permanecer abaixo de US$ 32.000 até o vencimento, você recebe US$ 80, obtendo um retorno de 8 % sobre o capital investido. Caso o preço toque ou ultrapasse US$ 32.000, você perde os US$ 40 pagos.
Implicações fiscais no Brasil
Os contratos de opções, incluindo os no‑touch, são tributados como ganhos de capital. Segundo a legislação de Imposto sobre Criptomoedas, o investidor deve:
- Apurar o ganho ou perda na declaração mensal de IRPF.
- Pagar 15 % de imposto sobre o lucro líquido, caso o ganho mensal seja superior a R$ 35.000.
- Emitir DARF até o último dia útil do mês subsequente ao ganho.
É recomendável consultar um contador especializado em cripto, como no Guia Definitivo do Carnê‑Leão para Criptomoedas, para evitar multas.

Regulação e compliance
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda não definiu explicitamente a classificação dos contratos no‑touch de cripto. Entretanto, as diretrizes de Regulamentação de Criptomoedas no Brasil apontam que derivativos de ativos digitais podem ser enquadrados como instrumentos financeiros, exigindo registro e supervisão.
Para operar dentro da legalidade:
- Verifique se a plataforma possui autorização da CVM ou da Banco Central para oferecer derivativos.
- Mantenha registros detalhados de todas as transações, incluindo contrato, preço de exercício, data de compra e pagamento de prêmios.
- Realize processos de KYC/AML rigorosos, evitando contrapartes suspeitas.
Comparativo: No Touch vs Outras Estratégias de Derivativos
Estratégia | Risco Máximo | Potencial de Retorno | Complexidade |
---|---|---|---|
No Touch | Prêmio pago | Alto (dependendo da distância da barreira) | Média |
Vanilla Call/Put | Prêmio pago | Alto | Média/Alta |
Futuro | Margem + variação de preço | Alto | Alta |
Swap de Volatilidade | Contraparte + margem | Variável | Alta |
Quando considerar usar No Touch?
- Você tem forte convicção de que o preço permanecerá dentro de um intervalo específico.
- Deseja limitar a perda ao prêmio pago, evitando exposição a variações bruscas.
- Busca diversificar seu portfólio com estratégias de renda fixa de alto rendimento.
- Precisa de proteção rápida contra eventos de alta volatilidade (ex.: anúncios regulatórios).
Ferramentas e recursos recomendados
Para quem pretende operar no‑touch, estas ferramentas são úteis:
- Calculadoras de opções: CME Group Option Analytics – permite inserir barreira, volatilidade e prazo.
- Plataformas de gráficos: TradingView, com alertas de preço para monitorar a barreira em tempo real.
- Serviços de notícias cripto: CoinDesk, The Block, e os relatórios da Banco Central do Brasil para acompanhar mudanças regulatórias.
Conclusão
Os contratos no touches representam uma ferramenta sofisticada que pode gerar retornos atraentes para quem tem clareza sobre os limites de preço de um ativo. Contudo, o sucesso depende de análise rigorosa, gestão de risco disciplinada e observância das exigências regulatórias brasileiras. Ao combinar conhecimento técnico, ferramentas adequadas e um parceiro de trading confiável, é possível integrar essa estratégia ao portfólio de forma segura e rentável.
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