Move to Earn: Apps que Pagam Por Exercício no Cripto

Move to Earn: Apps que Pagam Por Exercício no Cripto

Nos últimos anos, a convergência entre tecnologia fitness e blockchain deu origem a um modelo inovador de monetização: os Move to Earn (M2E). Esses aplicativos recompensam usuários por atividades físicas – como caminhar, correr ou pedalar – em forma de tokens criptográficos, que podem ser trocados por moedas fiduciárias, serviços ou NFTs. Para o público brasileiro, que tem adotado cripto de forma crescente, entender como esses apps funcionam, quais são os riscos e como otimizar os ganhos é essencial.

Principais Pontos

  • Definição e funcionamento básico dos apps Move to Earn.
  • Tipos de tokens utilizados e sua valorização no mercado.
  • Principais apps disponíveis no Brasil e suas particularidades.
  • Implicações regulatórias, tributárias e de segurança.
  • Dicas práticas para maximizar ganhos e minimizar riscos.

O que são Move to Earn?

Move to Earn (M2E) é um modelo de gamificação que transforma passos, quilômetros ou calorias queimadas em ativos digitais. O conceito surgiu em 2021, inspirado nos primeiros guia de criptomoedas que incentivavam a participação em redes descentralizadas. Diferente de simplesmente ganhar pontos em um programa de fidelidade, o M2E emite tokens nativos de blockchain que podem ser negociados em exchanges, usados em marketplaces de NFTs ou convertidos em reais (R$) via corretoras.

Como funciona na prática?

1. Cadastro e wallet integrada: o usuário cria uma conta e conecta uma carteira (MetaMask, Trust Wallet, etc.) ou usa a wallet nativa do app.
2. Sincronização de dispositivos: o app coleta dados de pedômetros, smartwatches ou smartphones via GPS e sensores de movimento.
3. Algoritmo de recompensa: cada ação física gera uma quantidade pré‑definida de tokens, ajustada por fatores como intensidade, localização e metas individuais.
4. Retirada ou uso: os tokens acumulados podem ser trocados por stablecoins (USDT, USDC), vendidos em exchanges ou investidos em outros projetos cripto.

Arquitetura de Token e Modelos de Recompensa

Os aplicativos M2E utilizam diferentes tipos de token, cada um com características próprias:

Tokens nativos (utility tokens)

São moedas criadas especificamente para o ecossistema do app. Exemplos incluem STEPN (GMT) e Genopets (GENE). Eles servem como meio de troca dentro da plataforma, permitindo a compra de upgrades, skins de avatar ou acesso a eventos exclusivos.

Tokens de governança

Alguns projetos distribuem tokens que concedem poder de voto em decisões de desenvolvimento, como ajustes de taxa de recompensa ou inclusão de novas funcionalidades. Isso cria um vínculo de longo prazo entre o usuário e a comunidade.

Stablecoins como recompensa

Para reduzir a volatilidade, certos apps optam por pagar em stablecoins atreladas ao dólar (USDT, USDC) ou até em reais (BRL‑stable). Essa abordagem facilita a conversão direta para R$ e diminui a exposição a risco de mercado.

Principais Apps Move to Earn no Brasil

A seguir, listamos os aplicativos mais populares entre os brasileiros, destacando suas particularidades, tokenomics e requisitos de hardware.

1. STEPN

O pioneiro global, lançado em 2022, funciona como um fitness NFT. Cada usuário adquire um par de tênis digitais (NFT) que determina a taxa de geração de tokens GMT. O app está disponível no Brasil, aceita wallet MetaMask e permite retirada via exchanges brasileiras como Mercado Bitcoin.

  • Requisitos: smartphone Android ou iOS, GPS ativo, 0,01 ETH para mintar o primeiro NFT.
  • Ganhos médios: R$0,30 a R$1,20 por km percorrido, variando com o nível do NFT.

2. Sweatcoin (versão Brasil)

Focado em passos, converte a contagem diária em “Sweatcoins”, que podem ser trocados por produtos ou convertidos em tokens SWEAT (ERC‑20). A empresa lançou recentemente um gateway para conversão direta em reais via parceiros fintech.

  • Requisitos: apenas smartphone com acelerômetro; não exige wallet externa.
  • Ganhos médios: cerca de R$0,05 por 1.000 passos.

3. StepN Brasil (versão local)

Versão adaptada do STEPN, com token GFT (GameFi Token) atrelado ao real. Permite que usuários comprem NFTs com Cartão de Crédito, facilitando a entrada de novatos.

  • Requisitos: smartphone, cadastro via CPF.
  • Ganhos médios: R$0,25 por km, com bônus de 10% para quem completa desafios semanais.

4. Lympo

Combina saúde e recompensas em token LYMP, usado para compra de produtos de marcas parceiras. O diferencial é a integração com planos de saúde corporativos, permitindo que empresas ofereçam incentivos a funcionários.

  • Requisitos: smartwatch compatível com Bluetooth.
  • Ganhos médios: R$0,12 por km + bônus de 5% para metas mensais.

Aspectos Regulatórios e Tributários no Brasil

Embora a Receita Federal ainda esteja ajustando diretrizes específicas para recompensas em cripto, já existem orientações claras:

  • Tributação de ganhos de capital: ao converter tokens por reais, o contribuinte deve declarar o ganho como renda tributável, seguindo a alíquota de 15% a 22,5% conforme o valor.
  • Declaração de bens: tokens mantidos em carteira devem ser declarados no imposto de renda como “Bens e direitos – Criptomoedas”.
  • Regulação da ANPD: o tratamento de dados de localização e saúde está sujeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Apps que coletam esses dados precisam de consentimento explícito.

É recomendável consultar um contador especializado em cripto antes de transformar recompensas em fiat.

Segurança e Riscos

Como qualquer tecnologia baseada em blockchain, os apps M2E apresentam vulnerabilidades específicas:

Risco de contrato inteligente

Falhas no código podem resultar em perda de tokens. Verifique se o projeto tem auditorias públicas (por exemplo, Certik ou Hacken) antes de investir.

Roubo de dados de localização

O GPS constante pode ser alvo de malwares. Use somente apps oficiais, mantenha o sistema operacional atualizado e limite permissões de acesso quando não estiver em atividade.

Volatilidade do token

Tokens nativos podem sofrer desvalorização abrupta. Estratégias de hedge, como converter parte dos ganhos em stablecoins, ajudam a proteger o valor.

Estratégias para Maximizar Ganhos

A seguir, dicas práticas para quem deseja transformar atividade física em renda extra:

  1. Escolha o token certo: prefira projetos com token de governança ou stablecoin, que tendem a manter valor.
  2. Use múltiplos apps simultaneamente: alguns apps não entram em conflito; caminhe com o smartphone e use smartwatch para outro app.
  3. Participe de desafios e campanhas: bônus de até 30% são comuns em eventos mensais.
  4. Reinvista em upgrades: em apps como STEPN, melhorar o nível do NFT aumenta a taxa de geração por km.
  5. Converta periodicamente: troque parte dos tokens por reais antes de grandes quedas de mercado.

Futuro dos Move to Earn

As previsões apontam para uma integração ainda maior entre saúde, finanças descentralizadas (DeFi) e gamificação:

  • Interoperabilidade entre blockchains: projetos como Polkadot e Cosmos podem permitir que tokens de diferentes apps sejam trocados sem intermediários.
  • Parcerias com seguradoras: recompensas podem ser usadas como descontos em seguros de saúde ou vida.
  • Realidade aumentada (AR): jogos que combinam exercício físico com colecionáveis virtuais podem criar novas fontes de renda.

Com a popularização dos wearables e a crescente adoção de cripto no Brasil, o modelo Move to Earn tem potencial para se tornar uma fonte de renda complementar para milhões de brasileiros.

Conclusão

Os aplicativos Move to Earn representam uma interseção poderosa entre bem‑estar e economia digital. Para o usuário brasileiro, eles oferecem uma oportunidade de monetizar a atividade física, desde que haja atenção aos aspectos regulatórios, segurança de dados e volatilidade de mercado. Ao escolher projetos auditados, diversificar os aplicativos e adotar estratégias de conversão inteligente, é possível transformar passos em reais de forma sustentável e segura.