Introdução
Nos últimos anos, o conceito de move-to-earn (M2E) tem ganhado destaque no universo cripto, combinando duas tendências poderosas: a economia de tokens e a gamificação da atividade física. Para o público brasileiro, que já demonstra grande interesse por tecnologias descentralizadas, entender como funciona esse modelo pode abrir novas oportunidades de renda passiva, melhorar a saúde e ainda participar de projetos inovadores.
- O que é move-to-earn e como surgiu.
- Principais protocolos globais e suas adaptações ao Brasil.
- Como transformar passos, corridas ou pedaladas em tokens reais.
- Riscos, regulamentação e estratégias para iniciantes.
O que é Move-to-Earn?
Move-to-earn (M2E) é um modelo de negócio que recompensa usuários por atividades físicas mensuráveis – como caminhadas, corridas, ciclismo ou até mesmo exercícios em academias – com tokens digitais. Esses tokens podem ser trocados por criptomoedas, NFTs, ou até mesmo por bens e serviços no ecossistema do projeto.
O primeiro grande caso de sucesso foi STEPN, lançado em 2022, que introduziu o conceito de “sneakers NFT” que acumularam energia a cada passo registrado via GPS. Desde então, dezenas de plataformas surgiram, adaptando o modelo a diferentes nichos: jogos de realidade aumentada, plataformas de saúde corporativa e até programas de fidelidade de marcas.
Como funciona a tecnologia por trás do M2E
Os pilares tecnológicos são:
- Dispositivos de rastreamento: smartphones, smartwatches ou wearables que coletam dados de GPS, acelerômetro e frequência cardíaca.
- Smart contracts: contratos inteligentes em blockchains (Ethereum, Solana, BNB Chain, Polygon) que validam as métricas enviadas e calculam a recompensa em tokens.
- Tokenomics: modelo econômico que define a emissão, distribuição e queima de tokens para garantir sustentabilidade.
- Oráculos: serviços como Chainlink que garantem a veracidade dos dados externos (por exemplo, localização GPS) antes de enviá‑los ao blockchain.
Principais projetos de Move-to-Earn no mercado
A seguir, analisamos os projetos mais relevantes, destacando suas características técnicas, tokenomics e viabilidade para usuários brasileiros.
1. STEPN (GMT/ GST)
STEPN opera na blockchain Solana (originalmente) e migrou para Polygon. O usuário compra um par de sneakers NFT e, ao caminhar ou correr, ganha GST (Green Satoshi Token), que pode ser convertido em GMT (Governance Token). As recompensas são calculadas com base em:
- Distância percorrida.
- Velocidade média.
- Qualidade do sneaker (raridade, nível).
Para quem mora no Brasil, a conversão para reais pode ser feita em exchanges como Mercado Bitcoin, Binance BR ou Bitso, com taxas médias de 0,25 % a 0,5 % por operação.
2. Genopets (GENE)
Genopets combina fitness com NFTs de criaturas digitais que evoluem conforme o usuário se exercita. O token GENE é usado para comprar itens de personalização e para “alimentar” os pets. O diferencial está na gamificação avançada: missões diárias, batalhas PvP e integração com realidade aumentada.
3. Sweatcoin (SWC)
Embora não seja baseado em blockchain tradicional, o Sweatcoin converte passos em moedas digitais que podem ser trocadas por produtos ou serviços. Recentemente, a empresa anunciou um piloto de tokenização usando a Binance Smart Chain, o que pode abrir portas para usuários brasileiros.
4. FitCoin (FIT)
Projeto brasileiro emergente que utiliza a blockchain BNB Chain para recompensar usuários de academias parceiras. O diferencial é a integração com apps de gestão de academias, permitindo que o cliente troque FIT por mensalidades ou suplementos.
Como começar a ganhar com Move-to-Earn no Brasil
Segue um passo‑a‑passo detalhado para iniciantes:
- Escolha a plataforma: Avalie a reputação, a tokenomics e a compatibilidade com seu dispositivo. Para brasileiros, STEPN e FitCoin são os mais acessíveis.
- Crie uma carteira digital: Use MetaMask, Trust Wallet ou a própria carteira da exchange que você pretende usar. Guarde a seed phrase em local seguro.
- Adquira o NFT ou token de entrada: Em STEPN, compre um sneaker NFT no marketplace oficial. Em FitCoin, basta cadastrar‑se na academia parceira.
- Configure o app: Conecte a carteira, autorize o acesso ao GPS e configure metas diárias.
- Comece a movimentar-se: Cada passo, corrida ou pedalada será registrado e convertido em tokens.
- Gerencie suas recompensas: Transfira os tokens para uma exchange, converta para reais ou reinvista em upgrades dentro da plataforma.
Aspectos regulatórios no Brasil
O Banco Central do Brasil (BCB) ainda não regulamentou especificamente o modelo move‑to‑earn, mas há diretrizes que impactam:
- Criptomoedas como ativos financeiros: A Instrução Normativa 1.888/2022 exige que exchanges brasileiras estejam registradas e cumpram KYC/AML.
- Tokenização de ativos físicos: A CVM tem emitido orientações sobre tokens que representem bens reais, o que pode incluir recompensas vinculadas a atividades físicas.
- Tributação: Ganhos com tokens são tributados como renda variável. O contribuinte deve declarar ganhos em R$ 0,00 a R$ 35 mil (isento) e aplicar alíquotas de 15 % a 22,5 % acima desse valor.
Portanto, antes de investir, recomenda‑se consultar um contador especializado em cripto ou a própria Receita Federal.
Riscos e recompensas do Move-to-Earn
Como qualquer atividade envolvendo cripto, o M2E tem prós e contras:
Recompensas
- Renda extra: Usuários ativos podem gerar entre R$ 50 e R$ 500 mensais, dependendo da plataforma e da intensidade dos exercícios.
- Incentivo à saúde: A gamificação aumenta a adesão a hábitos saudáveis, reduzindo custos médicos a longo prazo.
- Participação em comunidades: A maioria dos projetos tem fóruns, Discords e eventos que criam networking.
Riscos
- Volatilidade dos tokens: O valor de GST ou GENE pode cair 80 % em poucos meses.
- Taxas de transação: Em blockchains congestionadas, as gas fees podem exceder R$ 5 por operação.
- Privacidade de dados: O rastreamento GPS pode ser vulnerável a vazamentos se o app não for bem auditado.
- Regulação: Mudanças nas políticas do BCB podem impactar a liquidez dos tokens.
Estratégias avançadas para maximizar ganhos
Para quem já tem experiência intermediária, algumas táticas podem melhorar a rentabilidade:
- Staking de tokens de governança: Em STEPN, fazer staking de GMT aumenta a taxa de emissão de GST.
- Upgrade de NFTs: Comprar upgrades (soles, laces) eleva a eficiência de ganho por passo.
- Arbitragem entre exchanges: Comprar GST em Binance BR a R$ 0,12 e vender em Mercado Bitcoin a R$ 0,14.
- Participar de eventos de “boost”: Muitas plataformas lançam eventos semanais que multiplicam recompensas em 2‑3x.
- Utilizar wearables de alta precisão: Dispositivos como Garmin ou Apple Watch reduzem a margem de erro e evitam penalizações por “cheating”.
O futuro do Move-to-Earn
As previsões para 2025‑2027 apontam para:
- Integração com saúde pública: Parcerias entre governos estaduais e projetos M2E para incentivar caminhadas em áreas urbanas.
- Uso de IA para personalização: Algoritmos que ajustam recompensas com base no nível de condicionamento físico.
- Expansão para metaversos: Avatares que ganham itens virtuais ao se exercitar no mundo físico, criando pontes entre realidade e digital.
- Regulação mais clara: Expectativa de que a CVM publique normas específicas para tokens de recompensa ligados a atividades físicas.
Essas evoluções podem tornar o ecossistema mais seguro, lucrativo e inclusivo, sobretudo para o público brasileiro, que já demonstra alta adoção de pagamentos instantâneos e cripto.
Conclusão
O Move-to-Earn representa uma interseção inovadora entre tecnologia blockchain, gamificação e bem‑estar. Para usuários brasileiros, as oportunidades são reais: desde a geração de renda extra até a melhoria da saúde pessoal. Contudo, é essencial compreender a tokenomics, observar a regulamentação local e adotar boas práticas de segurança. Começar de forma gradual, testando plataformas consolidadas como STEPN ou projetos nacionais como FitCoin, pode ser a melhor estratégia para quem deseja explorar esse novo modelo econômico sem comprometer seu capital.
Ao combinar passos com estratégia, você não apenas caminha rumo a uma vida mais saudável, mas também trilha um caminho sólido no universo cripto brasileiro.