Introdução
Desde que Satoshi Nakamoto publicou o whitepaper do Bitcoin em 2008, a criptomoeda tem protagonizado uma série de marcos que transformaram não apenas o mercado financeiro, mas também a forma como a sociedade entende o conceito de dinheiro. Este artigo reúne os momentos históricos do Bitcoin mais relevantes, analisando seus impactos técnicos, econômicos e regulatórios, e oferecendo uma visão aprofundada para quem está começando ou já tem algum conhecimento intermediário sobre o tema.
- Publicação do whitepaper em 2008
- Lançamento da rede e o bloco gênesis
- A primeira transação comercial (2 pizzas)
- Primeiros ciclos de alta e baixa
- Halvings e sua influência na oferta
- Adaptação institucional e regulatória até 2025
2008 – Publicação do Whitepaper
Satoshi Nakamoto e a ideia revolucionária
Em 31 de outubro de 2008, um indivíduo ou grupo sob o pseudônimo Satoshi Nakamoto divulgou o documento intitulado “Bitcoin: A Peer‑to‑Peer Electronic Cash System”. O texto descrevia um sistema de moeda digital descentralizada, capaz de operar sem intermediários, utilizando um ledger distribuído (a blockchain) e um mecanismo de consenso baseado em prova de trabalho (Proof‑of‑Work, PoW). Essa proposta resolveu o problema clássico do “double‑spending” e abriu caminho para a criação de ativos digitais verdadeiramente trustless.
2009 – Lançamento da Rede Bitcoin
O bloco gênesis (bloco 0)
No dia 3 de janeiro de 2009, Satoshi minerou o primeiro bloco da história, conhecido como bloco gênesis (bloco 0). Este bloco continha a mensagem “The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks”, uma referência ao colapso financeiro da época e um indicativo da motivação por trás da criação do Bitcoin.
Primeiro bloco minerado por terceiros
Em 2009, desenvolvedores como Hal Finney começaram a rodar o cliente Bitcoin e a minerar blocos, confirmando que a rede era realmente descentralizada. Ainda naquele ano, o primeiro bloco válido foi encontrado por um minerador externo, reforçando a robustez do protocolo.
2010 – A primeira transação comercial
As famosas duas pizzas
Em 22 de maio de 2010, Laszlo Hanyecz realizou a primeira compra de bens reais com Bitcoin, pagando 10.000 BTC por duas pizzas da Domino’s. Na época, o valor total era de cerca de US$ 25, mas hoje esse mesmo montante equivale a mais de R$ 300 milhões, marcando o primeiro caso de uso prático da criptomoeda.
2011 – Primeira bolha e a ascensão das exchanges
Em 2011, o preço do Bitcoin ultrapassou US$ 1 pela primeira vez, impulsionado por um crescente interesse de entusiastas e pela criação das primeiras exchanges, como a Mt. Gox. No entanto, a volatilidade também se evidenciou, com o preço caindo para menos de US$ 0,30 em poucos meses, demonstrando a natureza ainda incipiente do mercado.
2013 – Quebra de US$ 1.000
O ano de 2013 foi decisivo: após o colapso da exchange brasileira Mercado Bitcoin e a crise do Banco Central, o Bitcoin rompeu a barreira dos US$ 1.000. A alta foi alimentada por notícias sobre a crise bancária na Chipre, que levou investidores a buscar refúgio em ativos descentralizados.
2014 – Falência da Mt. Gox
Em fevereiro de 2014, a Mt. Gox, então a maior exchange do mundo, entrou em falência após o desaparecimento de aproximadamente 850 000 BTC (cerca de US$ 450 milhões na época). O evento trouxe à tona questões de segurança, custódia e regulação, impulsionando a criação de soluções de armazenamento frio (cold storage) e de auditorias de reservas.
2017 – Boom dos US$ 10 000 e a chegada dos futuros
2017 foi o ano em que o Bitcoin quebrou a marca dos US$ 10 000, impulsionado por uma onda de investimentos institucionais e pela introdução dos contratos futuros na Chicago Mercantile Exchange (CME) e na Chicago Board Options Exchange (CBOE). Essa institucionalização trouxe maior liquidez e legitimidade ao mercado.
2020 – Halving e adoção institucional
O terceiro halving ocorreu em 11 de maio de 2020, reduzindo a recompensa por bloco de 12,5 BTC para 6,25 BTC. O evento, aliado ao aumento do interesse de fundos de hedge, empresas de tecnologia e até bancos centrais, fez o preço subir de cerca de US$ 7 000 para mais de US$ 30 000 em menos de um ano.
2021 – Recordes de preço e entrada da Tesla
No início de 2021, a Tesla anunciou a compra de US$ 1,5 bilhão em Bitcoin, impulsionando o preço para novos patamares. Em abril, o Bitcoin atingiu US$ 64 000, estabelecendo um recorde histórico que durou até novembro, quando uma correção de 30 % ocorreu devido a preocupações regulatórias nos EUA.
2022 – Crise macro e correção profunda
O contexto macroeconômico de 2022, marcado por altas taxas de juros e inflação global, provocou uma forte correção no mercado de cripto. O Bitcoin recuou para US$ 16 000, mas manteve sua posição como reserva de valor para investidores que buscavam proteção contra a desvalorização das moedas fiduciárias.
2023 – Recuperação e desenvolvimento do Lightning Network
Em 2023, o ecossistema Bitcoin viu uma aceleração no desenvolvimento da Lightning Network, permitindo pagamentos instantâneos e de baixo custo. Essa camada de segunda camada ampliou a adoção em comerciantes e provedores de serviços, consolidando o Bitcoin como meio de pagamento viável para transações do dia a dia.
2024 – Regulamentação brasileira e integração com bancos
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou normas que exigem que exchanges operem sob supervisão regulatória, aumentando a confiança dos investidores. Além disso, grandes bancos como Banco do Brasil e Bradesco lançaram produtos de custódia de Bitcoin, facilitando o acesso de investidores institucionais ao ativo.
2025 – Recorde histórico acima de R$ 300 mil e novos ETFs
Em outubro de 2025, o Bitcoin atingiu um novo recorde, ultrapassando R$ 300 mil (cerca de US$ 60 mil) nas principais corretoras brasileiras. O salto foi impulsionado pela aprovação de novos ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos e pela crescente demanda de investidores latino‑americanos que buscam diversificação. Esse marco reforça a posição do Bitcoin como ativo de reserva global.
Conclusão
Os momentos históricos do Bitcoin revelam um percurso marcado por inovações tecnológicas, ciclos de alta e baixa, e uma crescente aceitação institucional e regulatória. Cada evento – do whitepaper de 2008 às recordes de 2025 – contribuiu para consolidar o Bitcoin como o pioneiro das criptomoedas e como uma reserva de valor reconhecida mundialmente. Para os usuários brasileiros, entender essa trajetória é essencial para tomar decisões informadas, seja ao investir, negociar ou simplesmente acompanhar as tendências do mercado.