Nos últimos anos, a Web3 tem evoluído rapidamente, e com ela surgiram novas infraestruturas que permitem que aplicações descentralizadas (dApps) acessem dados de forma eficiente e confiável. Dentro desse ecossistema, The Graph se destaca como o principal protocolo de indexação e consulta de dados de blockchains. Se você já ouviu falar de indexadores e curadores no contexto do The Graph, mas ainda tem dúvidas sobre suas funções, responsabilidades e como eles se encaixam na arquitetura geral, este artigo é para você.
1. O que é o The Graph?
The Graph é um protocolo descentralizado que permite que desenvolvedores criem subgraphs – APIs abertas que indexam dados de blockchains como Ethereum, Polygon e outras redes compatíveis com EVM. Em vez de escrever código complexo para ler diretamente a blockchain, os desenvolvedores podem consultar esses subgraphs usando GraphQL, simplificando drasticamente a camada de dados das dApps.
Para que esse processo funcione de forma confiável, o protocolo depende de dois papéis fundamentais: indexadores e curadores. Eles trabalham em conjunto para garantir que os dados estejam sempre disponíveis, atualizados e corretos.
2. Indexadores: quem são e como funcionam?
Os indexadores são nós operados por participantes da rede que apostam (stake) tokens GRT – o token nativo do The Graph – para ganhar o direito de desempenhar o trabalho de indexação. Em troca, eles recebem recompensas em GRT por:
- Processar e armazenar subgraphs.
- Responder a consultas (queries) de usuários e aplicativos.
- Manter a disponibilidade e a integridade dos dados.
Para se tornar um indexador, o operador precisa:
- Depositar uma quantidade mínima de GRT como garantia.
- Configurar infraestrutura de hardware (CPU, RAM, armazenamento SSD) capaz de processar grandes volumes de transações.
- Participar do The Graph documentation para entender as melhores práticas de operação.
Os indexadores também recebem taxas cobradas pelos curadores (veremos a seguir) e pelos usuários que executam consultas. Essa estrutura de incentivos garante que os indexadores mantenham alta qualidade de serviço, pois uma má performance pode resultar em perda de parte da garantia em GRT.
3. Curadores: o papel de quem seleciona subgraphs de qualidade
Enquanto os indexadores fornecem a infraestrutura de computação, os curadores são responsáveis por sinalizar quais subgraphs são valiosos e merecem ser indexados. Eles fazem isso apostando GRT nos subgraphs que consideram úteis, sinalizando assim sua qualidade ao mercado.
Quando um curador sinaliza um subgraph, ele recebe uma parte das taxas de consulta geradas por esse subgraph. Esse modelo cria um mecanismo de mercado onde curadores competem para identificar subgraphs de alto valor, ajudando a rede a priorizar recursos de indexação para os projetos que realmente importam.

As principais responsabilidades dos curadores incluem:
- Auditar a lógica do subgraph (por exemplo, garantir que as consultas retornem dados corretos e não contenham vulnerabilidades).
- Monitorar a demanda da comunidade e o volume de consultas.
- Rebalancear seu sinal de GRT conforme a popularidade dos subgraphs muda.
Os curadores, assim como os indexadores, também correm risco de perder parte de sua garantia se sinalizarem subgraphs de baixa qualidade ou se comportarem de forma maliciosa.
4. Como indexadores e curadores interagem: o fluxo completo
Para entender a dinâmica prática, imagine o seguinte cenário:
- Um desenvolvedor cria um subgraph que indexa transações de um contrato DeFi popular.
- Curadores analisam o subgraph, verificam sua utilidade e apostam GRT nele, sinalizando que vale a pena ser indexado.
- Os indexadores, observando o sinal dos curadores, decidem alocar recursos para esse subgraph.
- O subgraph passa a ser hospedado pelos indexadores, que mantêm os dados atualizados em tempo real.
- Usuários finais e dApps enviam consultas GraphQL ao subgraph, pagando pequenas taxas em GRT.
- As taxas são distribuídas entre os indexadores (por prover a infraestrutura) e os curadores (por identificar o subgraph).
Esse ciclo cria um ecossistema auto‑regulado, onde a qualidade dos dados é incentivada por recompensas financeiras, enquanto o risco de mau comportamento é mitigado por garantias em GRT.
5. Benefícios para desenvolvedores de dApps
Ao utilizar o The Graph, desenvolvedores ganham:
- Velocidade de desenvolvimento: não precisam construir pipelines de indexação do zero.
- Escalabilidade: as consultas são atendidas por múltiplos indexadores, garantindo alta disponibilidade.
- Descentralização: os dados não ficam presos a servidores centralizados, reduzindo pontos únicos de falha.
Além disso, a comunidade pode contribuir com documentação oficial do Ethereum para criar subgraphs que atendam a casos de uso específicos, como NFTs, finanças descentralizadas (DeFi) ou jogos Play‑to‑Earn.
6. Comparação com outras soluções de indexação
Antes do The Graph, projetos como Covey (para Bitcoin) ou soluções proprietárias de indexação de exchanges centralizadas eram comuns. Porém, elas apresentavam limitações:
- Falta de interoperabilidade entre diferentes blockchains.
- Dependência de infraestrutura centralizada, vulnerável a censura.
- Escalabilidade limitada devido a recursos monopolizados.
O modelo de indexadores + curadores do The Graph resolve esses problemas ao distribuir a responsabilidade entre múltiplos participantes econômicamente incentivados.

7. Como iniciar como indexador ou curador
Se você está interessado em participar da rede, siga estes passos básicos:
Para se tornar um indexador:
- Adquira GRT (por exemplo, em exchanges como Binance ou Coinbase).
- Visite a página oficial The Graph Staking e deposite a quantidade mínima requerida.
- Configure um nó usando as instruções do Quick Start Guide.
- Monitore o desempenho e ajuste a alocação de subgraphs conforme a demanda.
Para se tornar um curador:
- Também é necessário possuir GRT.
- Explore o Graph Explorer para identificar subgraphs em alta demanda.
- Sinalize o subgraph com a quantidade de GRT que você acredita ser justo.
- Acompanhe o retorno das taxas e reequilibre seu portfólio de sinais periodicamente.
8. Riscos e considerações de segurança
Embora o modelo seja robusto, há riscos a serem avaliados:
- Volatilidade do GRT: como a recompensa é paga em GRT, flutuações de preço podem impactar a rentabilidade.
- Risco de censura: embora a rede seja descentralizada, indexadores mal-intencionados podem tentar bloquear subgraphs específicos. O mecanismo de curadoria ajuda a mitigar isso.
- Complexidade operacional: manter um nó de alta disponibilidade requer conhecimento técnico e monitoramento constante.
Para minimizar esses riscos, recomenda‑se diversificar o staking entre vários indexadores e curadores, além de acompanhar as discussões da comunidade no The Graph Forum.
9. Casos de uso reais
Vários projetos já se beneficiam do The Graph, como:
- Uniswap: subgraphs que fornecem dados de swaps em tempo real para dashboards e bots de arbitragem.
- Aave: consultas de histórico de empréstimos e taxas de juros.
- OpenSea: indexação de NFTs para exibição em marketplaces.
Esses exemplos demonstram como indexadores e curadores colaboram para entregar informações críticas a usuários finais.
10. Conclusão
Os indexadores e curadores são os pilares que sustentam o The Graph, oferecendo uma solução descentralizada, escalável e economicamente incentivada para a indexação de dados blockchain. Entender suas funções, responsabilidades e oportunidades de participação permite que desenvolvedores, investidores e entusiastas da Web3 aproveitem ao máximo essa infraestrutura.
Se você deseja aprofundar seu conhecimento sobre o ecossistema Web3, confira também nossos artigos relacionados, como O que é Web3? Guia Completo, Tecnologias e Perspectivas para 2025, Como funciona o Ethereum: Guia completo e Guia Definitivo de Criptomoedas para Iniciantes. Esses recursos complementares ajudam a contextualizar o papel do The Graph dentro do panorama mais amplo das tecnologias descentralizadas.