Forge Global: O Futuro do Mercado Secundário de Ações Privadas no Brasil
Nos últimos anos, a tokenização de ativos e a digitalização de processos financeiros têm transformado a forma como investidores e empresas interagem. Um dos protagonistas dessa revolução é a Forge Global, uma plataforma que oferece um mercado secundário para ações de empresas privadas, permitindo que acionistas vendam suas participações de forma rápida, segura e transparente.
Este artigo aprofunda-se nos principais aspectos da Forge Global, analisando sua proposta de valor, o ambiente regulatório brasileiro, como ela se encaixa no ecossistema de cripto e fintechs, e quais são os desafios e oportunidades para investidores locais.
1. O que é a Forge Global?
A Forge Global (anteriormente conhecida como SharesPost) foi fundada em 2014 nos Estados Unidos e evoluiu para se tornar uma das maiores plataformas de negociação secundária de ações de empresas privadas. Seu objetivo principal é criar liquidez para acionistas que, tradicionalmente, ficam “presos” em investimentos de longo prazo sem possibilidade de venda antes de um evento de liquidez (como IPO ou aquisição).
Principais funcionalidades:
- Marketplace de Ações Privadas: Conecta compradores e vendedores de forma direta.
- Valuation em Tempo Real: Utiliza dados de mercado e algoritmos avançados para precificar as ações.
- Compliance Automatizado: Integra processos de KYC, AML e due diligence, reduzindo a burocracia.
- Integração com Custódia Digital: Permite a tokenização de ações e a guarda em carteiras seguras.
2. Por que a Forge Global é relevante para o investidor brasileiro?
O Brasil tem testemunhado um aumento expressivo de startups que atingem valuations de centenas de milhões de dólares, mas ainda carecem de um mercado secundário robusto. Até 2025, estima‑se que mais de 30% dos investidores de capital de risco desejam vender parte de suas participações antes do IPO, criando uma demanda latente por plataformas como a Forge.
Alguns benefícios específicos para o público brasileiro:

- Liquidez Imediata: Em vez de esperar anos por um evento de saída, o investidor pode vender sua participação em dias.
- Acesso a Empresas Globais: A plataforma lista empresas de tecnologia, biotecnologia e fintechs de todo o mundo, ampliando o portfólio.
- Segurança Jurídica: A Forge opera sob a regulamentação da SEC e segue padrões internacionais de compliance, o que traz confiança para o investidor brasileiro.
3. O Cenário Regulatórios no Brasil
Para que a Forge Global opere de forma plena no Brasil, é imprescindível compreender o arcabouço regulatório que envolve ofertas de valores mobiliários, KYC/AML e a tokenização de ativos. O país tem avançado rapidamente, com marcos importantes como a Regulamentação de Criptomoedas no Brasil e a Compliance Exchange, que estabelecem diretrizes claras para plataformas que lidam com ativos digitais.
Principais pontos a observar:
- Autoridade Reguladora: A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) supervisiona a negociação de valores mobiliários, incluindo ações de empresas privadas quando oferecidas ao público.
- Travel Rule e FATF: A Travel Rule Crypto exige que as plataformas coletem e compartilhem informações de remetentes e destinatários em transações acima de determinados limites, o que já está integrado à solução de compliance da Forge.
- KYC/AML: A KYC – Know Your Customer é mandatória, e a Forge utiliza processos automatizados para validar identidade, origem de recursos e prevenir lavagem de dinheiro.
4. Como a Forge Global se Integra ao Ecossistema DeFi e Cripto
Embora a Forge Global não seja uma exchange de criptomoedas, ela se beneficia da infraestrutura cripto para tokenizar ações privadas, transformando-as em security tokens. Essa tokenização traz vantagens como:
- Divisibilidade – permite a negociação de frações menores de ações.
- Transparência – todas as transferências são registradas em blockchain pública ou permissionada.
- Velocidade – liquidação quase instantânea, ao contrário dos processos tradicionais que podem levar dias.
Para entender melhor como os security tokens se encaixam no cenário brasileiro, vale conferir o Exchange Brasileira Regulada: Guia Completo para Investidores em 2025, que detalha os requisitos para plataformas que desejam operar tokens de valores mobiliários.
5. Riscos e Estratégias de Mitigação
Como qualquer investimento, a negociação em mercados secundários apresenta riscos. Os principais são:
- Volatilidade de Preço: Como há menos liquidez comparada a mercados públicos, os preços podem oscilar drasticamente.
- Risco Regulatório: Mudanças na legislação podem impactar a capacidade de negociação de tokens de ações.
- Risco de Contraparte: Embora a Forge implemente processos de due diligence, sempre existe a possibilidade de fraude ou falha de contrapartes.
Estratégias de mitigação recomendadas:

- Utilizar apenas plataformas certificadas e que possuam auditorias de segurança externas.
- Manter um portfólio diversificado, não concentrando recursos em uma única empresa ou token.
- Ficar atento às atualizações regulatórias, especialmente as relacionadas à FATF e à AML.
6. Passo a Passo para Investir na Forge Global a partir do Brasil
Segue um guia prático para quem deseja começar a usar a plataforma:
- Cadastro e Verificação: Crie sua conta e complete o processo KYC, enviando documentos de identidade, comprovante de residência e declaração de origem de recursos.
- Conexão com Custódia: Vincule uma carteira digital compatível (ex.: MetaMask, Ledger) ou utilize a custódia institucional oferecida pela Forge.
- Pesquisa de Ativos: Navegue pelo marketplace e selecione as ações privadas que deseja comprar ou vender. Use as ferramentas de valuation para avaliar o preço justo.
- Execução da Ordem: Insira a quantidade e confirme a operação. A liquidação ocorre em poucos minutos, com registro em blockchain.
- Monitoramento e Reporting: Acompanhe o desempenho dos ativos e exporte relatórios para fins fiscais (essencial para a declaração de Ganhos de Capital).
7. O Futuro da Forge Global no Brasil
Com a crescente demanda por liquidez em startups e a adoção de tokenização, a Forge Global tem potencial para se tornar uma ponte essencial entre o capital de risco brasileiro e o mercado global. Algumas tendências que podem impulsionar sua expansão:
- Parcerias com Bancos Digitais: Integrações que permitam que investidores façam transferências via PIX para compra de tokens.
- Regulação de Security Tokens: A aprovação de normas claras pela CVM poderá simplificar a emissão e negociação de tokens de ações.
- Incorporação de IA: Algoritmos de precificação baseados em aprendizado de máquina podem melhorar a precisão dos valuations.
Para quem busca diversificar seu portfólio e aproveitar oportunidades antes disponíveis apenas a grandes investidores, a Forge Global representa uma inovação que vale a pena acompanhar de perto.
Conclusão
A Forge Global está redefinindo o mercado secundário de ações privadas, trazendo liquidez, transparência e segurança para investidores que antes eram limitados a esperar por eventos de saída. No Brasil, a combinação de um ambiente regulatório em evolução, a crescente adoção de tecnologias blockchain e a necessidade de capital para startups cria um cenário fértil para a expansão da plataforma.
Ao entender os aspectos regulatórios, os riscos e as oportunidades, os investidores podem aproveitar essa nova fronteira com confiança, contribuindo para um ecossistema mais dinâmico e inclusivo.