ETFs de Bitcoin no Brasil: Guia Completo, Regulamentação e Estratégias de Investimento

ETFs de Bitcoin no Brasil: Guia Completo, Regulamentação e Estratégias de Investimento

Os ETFs de Bitcoin têm ganhado destaque mundial como uma forma prática e regulada de se expor ao preço da maior criptomoeda do planeta, sem precisar comprar Bitcoin diretamente. No Brasil, a demanda por esses produtos vem crescendo rapidamente, impulsionada por investidores que buscam diversificação, segurança jurídica e facilidade de operação dentro da bolsa de valores local.

1. O que é um ETF de Bitcoin?

ETF (Exchange Traded Fund) é um fundo de investimento que replica o desempenho de um ativo ou índice e cujas cotas são negociadas em bolsa como se fossem ações. Quando falamos de ETF de Bitcoin, o fundo pode:

  • Segurar o próprio Bitcoin (ETF físico) ou
  • Segurar contratos futuros de Bitcoin (ETF de futuros).

O investidor compra cotas do fundo e, ao vender, obtém a variação de preço do Bitcoin, mas sem precisar lidar com carteiras, chaves privadas ou exchanges de criptomoedas.

2. Por que os ETFs são atraentes para investidores brasileiros?

Algumas das principais vantagens são:

  • Regulação: Operam sob supervisão da CVM e da B3, oferecendo maior proteção ao investidor.
  • Liquidez: Cotadas em bolsa, podem ser compradas e vendidas a qualquer momento durante o pregão.
  • Facilidade fiscal: A tributação segue a regra de renda variável, simplificando a declaração no Imposto de Renda.
  • Custódia institucional: O Bitcoin fica armazenado por custodians certificados, reduzindo riscos de roubo.

3. Panorama global dos ETFs de Bitcoin

Nos Estados Unidos, o primeiro ETF de futuros de Bitcoin foi aprovado pela SEC em outubro de 2021 (SEC – Securities and Exchange Commission). Desde então, surgiram dezenas de produtos, como o ProShares Bitcoin Strategy ETF (BITO) e o Valkyrie Bitcoin Strategy ETF (BTF). A Europa também avançou, com ETFs físicos lançados em bolsas como a Deutsche Börse e a SIX Swiss Exchange.

Esses exemplos internacionais servem como referência para o Brasil, mostrando que a aprovação regulatória é viável quando há clareza sobre custódia e mitigação de riscos.

4. Regulamentação no Brasil: onde estamos?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda não aprovou um ETF de Bitcoin totalmente físico. Contudo, alguns movimentos são relevantes:

ETFs de Bitcoin no Brasil - brazilian securities
Fonte: Fernando Dantas via Unsplash
  • Em 2023, a CVM autorizou a negociação de ETFs de criptoativos baseados em contratos futuros nos EUA, permitindo que corretoras brasileiras ofereçam acesso a esses produtos via BDRs.
  • Várias gestoras já submeteram pedidos de aprovação para ETFs físicos, como a QR Capital com o QBTC11, que ainda está em fase de análise.
  • A Instrução CVM 555/2022 estabelece requisitos de custódia, auditoria e governança para fundos que investem em criptoativos, criando um caminho claro para a aprovação.

Enquanto o regulador finaliza a avaliação, investidores podem acompanhar o processo por meio dos comunicados da CVM e das publicações das gestoras.

5. Principais ETFs de Bitcoin acessíveis aos brasileiros (via BDR ou corretoras internacionais)

Mesmo sem um ETF local, é possível investir em produtos estrangeiros que replicam o Bitcoin:

ETF Tipo Local de negociação Taxa de administração
BITO (ProShares Bitcoin Strategy) Futuros NYSE (USA) 0,95% a.a.
BTCC (Purpose Bitcoin ETF) Físico TSX (Canadá) 0,60% a.a.
HBTC (21Shares Bitcoin ETP) Físico Deutsche Börse (Europa) 0,65% a.a.

Corretoras brasileiras como a Binance, Mercado Bitcoin e outras permitem a compra de BDRs desses ETFs, oferecendo uma ponte entre o investidor local e o mercado internacional.

6. Como investir em um ETF de Bitcoin no Brasil?

  1. Abra uma conta em uma corretora que ofereça acesso a BDRs ou a mercados internacionais. Se ainda não tem, veja nosso Guia de Corretoras de Cripto com Taxas Baixas.
  2. Verifique se a corretora disponibiliza os ETFs desejados. Algumas oferecem apenas ETFs de futuros, outras também listam ETFs físicos via BDR.
  3. Deposite recursos em reais e converta para a moeda necessária (USD ou CAD). Muitas corretoras já realizam a conversão automaticamente.
  4. Faça a ordem de compra. Assim como ações, você escolhe preço limite ou compra a mercado.
  5. Acompanhe a performance. Use ferramentas da própria corretora ou plataformas como Bloomberg Crypto para monitorar o preço do Bitcoin e o spread do ETF.

7. Estratégias de investimento com ETFs de Bitcoin

Mesmo sendo um ativo volátil, o ETF permite aplicar metodologias tradicionais de mercado de capitais:

  • DCA (Dollar‑Cost Averaging) – Investir valores fixos periodicamente reduz o risco de entrar em momentos de alta extrema. Veja nosso Guia Completo de Estratégia DCA em Cripto para detalhes.
  • Alocação de risco – Considere o ETF de Bitcoin como parte de uma carteira diversificada, destinando de 5 % a 15 % do patrimônio, dependendo do seu perfil.
  • Trading de curto prazo – Utilizando indicadores como MACD ou RSI, é possível operar a volatilidade diária do Bitcoin sem precisar armazenar a moeda.

8. Tributação e obrigações fiscais

Os ETFs de Bitcoin são tributados como renda variável:

  • Ganhos de capital acima de R$ 20.000,00 mensais são tributados em 15 %.
  • Operações de day‑trade são tributadas em 20 %.
  • É obrigatório informar as posições na ficha “Renda Variável” da declaração anual.

Para entender melhor a tributação de criptoativos, consulte nosso Guia de Impostos sobre Criptomoedas, que traz detalhes aplicáveis também ao Brasil.

ETFs de Bitcoin no Brasil - better understand
Fonte: Shalev Cohen via Unsplash

9. Riscos e cuidados essenciais

Embora os ETFs ofereçam maior segurança, ainda existem riscos que o investidor deve observar:

  • Risco de custódia – Se a gestora falhar na guarda do Bitcoin, o fundo pode sofrer perdas.
  • Risco regulatório – Mudanças nas normas da CVM ou da SEC podem afetar a disponibilidade ou a estrutura dos ETFs.
  • Risco de mercado – O preço do Bitcoin pode oscilar mais de 10 % em um único dia.
  • Risco de liquidez – ETFs de futuros podem apresentar spread maior em momentos de alta volatilidade.

Para evitar golpes e fraudes, siga as recomendações do nosso Guia Definitivo para Evitar Scams de Cripto no Brasil.

10. Futuro dos ETFs de Bitcoin no Brasil

Analistas apontam que a aprovação de um ETF físico pode acontecer ainda em 2024, à medida que a CVM ganha mais confiança nas práticas de custódia institucional. Quando isso ocorrer, espera‑se um aumento significativo de ativos sob gestão, impulsionado por investidores institucionais e por fundos de pensão que buscam exposição a criptoativos.

Enquanto isso, os ETFs de futuros e os BDRs continuam sendo a porta de entrada mais prática para quem deseja participar do mercado de Bitcoin sem sair da B3.

11. Conclusão

Os ETFs de Bitcoin no Brasil representam uma oportunidade única de combinar a inovação das criptomoedas com a segurança dos mercados regulados. Ao entender a estrutura dos fundos, a regulamentação vigente, as estratégias de investimento e os cuidados fiscais, o investidor pode posicionar-se de forma inteligente e mitigada.

Fique atento às novidades da CVM, avalie bem a custódia dos fundos e, se possível, incorpore a prática de DCA para suavizar a volatilidade. Assim, você estará preparado para aproveitar o crescimento do Bitcoin de maneira responsável e rentável.