Empresas de mineração de capital aberto (Riot, Marathon): O que são, como funcionam e por que são importantes para o futuro do Bitcoin
Nos últimos anos, o setor de mineração de Bitcoin tem passado por uma transformação profunda. Não se trata mais apenas de pequenos grupos de entusiastas operando rigs caseiros; hoje, gigantes corporativos listados em bolsas de valores norte‑americanas estão liderando a corrida por eficiência, escala e transparência. As duas mais conhecidas são Riot Platforms, Inc. (ticker: RIOT) e Marathon Digital Holdings, Inc. (ticker: MARA), ambas empresas de mineração de capital aberto que permitem que investidores individuais comprem ações e participem indireta‑mente do processo de validação da rede Bitcoin.
1. Por que as empresas de mineração de capital aberto ganharam destaque?
Existem três fatores principais que explicam o crescimento explosivo dessas companhias:
- Escala de produção: Grandes fazendas de mineração podem comprar hardware em volume, negociar tarifas de energia mais baixas e otimizar a operação para reduzir o cost per TH/s (custo por terahash por segundo).
- Transparência regulatória: Como companhias listadas, RIOT e MARA são obrigadas a publicar relatórios financeiros trimestrais, auditorias de produção e informações sobre custos operacionais, oferecendo aos investidores uma visão clara dos riscos.
- Facilidade de acesso: Qualquer pessoa com conta em corretora pode comprar ações como
RIOT
ouMARA
, sem precisar lidar com wallets, hardware ou contratos de energia.
Esses atributos atraem tanto investidores institucionais quanto o público‑geral que busca exposição ao Bitcoin sem precisar comprar a criptomoeda diretamente.
2. Como funciona a mineração de Bitcoin?
Para entender o papel das empresas listadas, é essencial compreender o mecanismo básico da mineração. Em termos simples, a mineração consiste em resolver um puzzle criptográfico que valida um bloco de transações. O minerador que encontra a solução primeiro recebe a recompensa de bloco (atualmente 6,25 BTC) mais as taxas de transação incluídas no bloco.
Este processo utiliza o algoritmo Proof‑of‑Work (PoW), que exige enorme poder computacional e, consequentemente, consumo de energia. Mais detalhes sobre o funcionamento do PoW podem ser encontrados no nosso artigo O que é Proof‑of‑Work (PoW) – Guia Completo e Atualizado para 2025.
3. Riot Platforms (RIOT): perfil da empresa
Fundada em 2000 como uma empresa de tecnologia de energia, a Riot migrou para a mineração de Bitcoin em 2017, aproveitando sua expertise em infraestrutura energética. Seus principais ativos incluem:
- Fazendas de mineração nos EUA: Operações em Arizona, Oklahoma e Texas, totalizando mais de 30 EH/s (exahash por segundo) em 2024.
- Parcerias estratégicas: Contratos de longo prazo com fornecedores de energia renovável, como solar e eólica, para reduzir o custo médio de energia.
- Modelo de negócios híbrido: Além da mineração, a Riot investe em hardware ASIC próprio e em projetos de data centers que podem ser reaproveitados para outras aplicações de computação intensiva.
O relatório financeiro do último trimestre mostrou um EBITDA ajustado de US$ 200 milhões e um custo de energia de US$ 0,04/kWh, valores competitivos frente ao mercado global.
4. Marathon Digital Holdings (MARA): perfil da empresa
Assim como a Riot, a Marathon começou como uma empresa de tecnologia, mas focou sua transição para a mineração em 2019. Seus diferenciais são:

- Localização estratégica: Fazendas em North Dakota e Washington, regiões com abundante energia hidroelétrica e climática fria – ideal para resfriamento de equipamentos.
- Uso intensivo de energia renovável: Mais de 50 % da energia consumida vem de fontes verdes, o que atrai investidores preocupados com ESG.
- Expansão agressiva: Em 2024, a Marathon adquiriu mais 10 EH/s de capacidade, elevando seu total para cerca de 25 EH/s.
O Guia Investir em Cripto a Longo Prazo destaca que empresas como a Marathon podem oferecer uma forma mais estável de participar dos lucros da mineração, mitigando a volatilidade do preço do Bitcoin através de receitas recorrentes.
5. Métricas chave para avaliar RIOT e MARA
Ao considerar investir em ações de mineração, analistas costumam observar três indicadores principais:
- Hashrate total (TH/s ou EH/s): Quanto maior a capacidade, maior a probabilidade de receber recompensas de bloco.
- Custo de energia (USD/kWh): É o componente mais significativo de despesas operacionais. Empresas que conseguem contratos abaixo de US$ 0,05/kWh têm vantagem competitiva.
- Razão de produção (BTC/ETH gerado por $1 de investimento): Indica a eficiência de capital da empresa.
Para comparar, veja a tabela resumida (dados de Q2 2024):
Empresa | Hashrate (EH/s) | Custo energia (USD/kWh) | Produção média (BTC/US$ milhão) |
---|---|---|---|
Riot Platforms (RIOT) | 31 | 0,042 | 0,85 |
Marathon Digital (MARA) | 25 | 0,045 | 0,78 |
Esses números mostram que a Riot tem ligeiramente mais eficiência, mas ambas permanecem competitivas.
6. Riscos e desafios
Investir em empresas de mineração não é isento de riscos. Os principais incluem:
- Volatilidade do preço do Bitcoin: Uma queda significativa pode tornar a mineração menos lucrativa, reduzindo margens e forçando cortes de produção.
- Regulação: Propostas de taxação ou restrições ao consumo de energia podem impactar custos operacionais.
- Concorrência de hardware: Novas gerações de ASICs (ex.: Antminer S19 Pro+) podem tornar equipamentos atuais obsoletos rapidamente.
- Risco de centralização: Concentração de hashpower em poucas empresas pode gerar preocupações de segurança para a rede Bitcoin.
Para mitigar esses riscos, investidores devem acompanhar relatórios trimestrais, analisar a diversificação de fontes de energia e observar a estratégia de aquisição de novos equipamentos.
7. Como comprar ações de RIOT e MARA?
O processo é semelhante ao de qualquer ação listada na bolsa:
- Abra uma conta em corretora que ofereça acesso a NYSE ou NASDAQ (ex.: Interactive Brokers, eToro, ou corretoras brasileiras que operam no exterior).
- Deposite fundos em dólares ou converta reais para a moeda da corretora.
- Busque pelos tickers
RIOT
ouMARA
e faça a ordem de compra (market ou limit). - Acompanhe o earnings call trimestral para entender a performance da empresa.
É importante lembrar que, embora ações de mineração ofereçam exposição ao Bitcoin, elas também carregam risco de mercado acionário tradicional.

8. Estratégias de investimento
Algumas abordagens populares entre investidores de longo prazo incluem:
- Diversificação: Manter um portfólio que combine Bitcoin direto, ETFs de cripto (ex.: BITO) e ações de mineração.
- Rebalanceamento periódico: Ajustar a alocação a cada 6‑12 meses para manter a exposição desejada.
- Investimento em dividendos de mineração: Algumas empresas distribuem parte dos lucros como dividendos, embora isso ainda seja raro no setor.
Para aprofundar a estratégia DCA (Dollar‑Cost Averaging) no universo cripto, consulte nosso guia Estratégia DCA em Cripto: Guia Completo para Investidores em 2025.
9. Perspectivas para 2025 e além
O futuro das empresas de mineração de capital aberto depende de três tendências macro:
- Halving de 2024: A próxima redução da recompensa de bloco (para 3,125 BTC) deve ocorrer em 2024, pressionando a rentabilidade. Empresas que já otimizam custos de energia estarão melhor posicionadas.
- Transição energética: Pressões ambientais e políticas de ESG forçarão maior adoção de energia renovável. A Riot e a Marathon já investem em projetos solares; espera‑se que ampliem ainda mais esse portfólio.
- Inovações de hardware: A chegada de ASICs de next‑gen com eficiência >30 J/TH pode mudar o cenário competitivo. Empresas que mantêm parcerias com fabricantes (ex.: Bitmain, MicroBT) terão vantagem.
Se essas tendências se concretizarem, é plausível que o valor de mercado combinado das duas empresas ultrapasse US$ 20 bilhões até 2026, oferecendo aos acionistas uma participação significativa nos lucros da rede Bitcoin.
10. Conclusão
Riot Platforms e Marathon Digital são os pilares das empresas de mineração de capital aberto que permitem aos investidores acessar o universo Bitcoin de forma regulada e transparente. Ao analisar métricas como hash rate, custo de energia e eficiência de capital, é possível selecionar a empresa mais alinhada ao seu perfil de risco.
Entretanto, como qualquer investimento em cripto‑ativos, é fundamental diversificar, acompanhar a evolução regulatória e estar preparado para a volatilidade inerente ao preço do Bitcoin. Se bem avaliadas, RIOT e MARA podem ser excelentes complementos a uma estratégia de longo prazo que combine ativos digitais e tradicionais.
Para aprofundar ainda mais o assunto, leia também nossos artigos relacionados: O que é Proof‑of‑Work (PoW) – Guia Completo e Atualizado para 2025, Investir em Cripto a Longo Prazo: Estratégias, Riscos e Oportunidades para 2025 e Análise de preço do Bitcoin: Como avaliar, prever e operar com confiança em 2025.