Correspondent Banking: Guia Completo para o Mercado Financeiro e Cripto no Brasil em 2025
O correspondent banking (banco correspondente) é um modelo de parceria entre instituições financeiras que permite a prestação de serviços bancários em territórios onde uma delas não possui presença física. Essa prática, que já existe há décadas, tem ganhado nova relevância com o crescimento das criptomoedas, das fintechs e das exigências regulatórias internacionais. Neste artigo aprofundado, vamos explorar o que é o correspondent banking, como ele funciona, os principais riscos e oportunidades, e como ele se integra ao ecossistema cripto brasileiro.
1. O que é Correspondent Banking?
Correspondent banking refere‑se ao relacionamento entre um bank (chamado de “bank de origem”) e outro banco (chamado de “bank de destino”) que atua em nome do primeiro para oferecer serviços como:
- Processamento de pagamentos internacionais (SWIFT, ACH, etc.)
- Emissão de cartas de crédito
- Conversão de moedas
- Compensação de cheques e outros instrumentos de pagamento
Essas parcerias são fundamentais para a inclusão financeira, pois permitem que empresas e indivíduos em países emergentes acessem serviços que, de outra forma, estariam indisponíveis.
2. Por que o Correspondent Banking está no centro da discussão cripto?
Com a explosão das criptomoedas, surgiram novas demandas por liquidez e integração entre o mundo fiat e o digital. Bancos correspondentes são frequentemente a ponte que permite a conversão de cripto‑ativos em moeda fiduciária e vice‑versa. Contudo, essa interseção traz desafios regulatórios:
- Risco de money laundering (lavagem de dinheiro) – os fluxos de cripto podem ser difíceis de rastrear.
- Conformidade com a Financial Action Task Force (FATF) e suas regras de Travel Rule.
- Exigências de KYC (Know Your Customer) e AML (Anti‑Money Laundering) que impactam a escolha de parceiros de correspondent banking.
Para entender como o Brasil está se adaptando a esse cenário, confira nosso artigo sobre Travel Rule Crypto, que detalha as obrigações de reporte de transações cripto entre instituições.
3. Estrutura Regulatória no Brasil
O Banco Central do Brasil (BCB) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) têm reforçado as normas para instituições que operam como bancos correspondentes. As principais referências incluem:

- Resolução BCB nº 4.658: define requisitos de capital e governança para bancos que mantêm relações de correspondent banking.
- Instrução CVM 617: traz diretrizes de transparência para serviços de pagamento envolvendo cripto‑ativos.
- Regulamentação de Criptomoedas no Brasil – veja mais detalhes em Regulamentação de Criptomoedas no Brasil.
Além disso, o Brasil adotou as recomendações da Basel Committee on Banking Supervision para fortalecer a gestão de risco de crédito e operacional nos relacionamentos de correspondent banking.
4. Riscos Principais e Como Mitigá‑los
Os bancos correspondentes enfrentam três categorias de risco que precisam ser gerenciadas:
- Risco de reputação: envolvimento com instituições que não cumprem normas de AML pode prejudicar a imagem da empresa.
- Risco de compliance: falhas na aplicação da Travel Rule ou de requisitos KYC podem resultar em multas pesadas.
- Risco operacional: falhas de tecnologia ou de comunicação entre sistemas SWIFT e APIs cripto.
Para mitigar esses riscos, as melhores práticas incluem:
- Realizar due diligence rigorosa em parceiros – use ferramentas de screening de sanções e listas negras.
- Implementar soluções de monitoramento de transações em tempo real, integrando feeds de blockchain com sistemas de detecção de fraudes.
- Manter políticas de AML – Anti‑Money Laundering atualizadas e alinhadas com as diretrizes globais.
5. Oportunidades de Negócio para Fintechs e Exchanges
Fintechs que desejam oferecer serviços de pagamento internacional ou conversão cripto‑fiat podem se beneficiar de parcerias de correspondent banking, pois evitam a necessidade de abrir filiais em cada país. As oportunidades incluem:
- Cross‑border payments mais rápidos e com custos reduzidos.
- Integração de stablecoins com redes de pagamento tradicionais.
- Serviços de custódia para clientes institucionais que exigem a segregação de ativos.
Entretanto, a escolha de um parceiro confiável é crucial. Avalie critérios como capital regulatório, histórico de compliance e capacidade tecnológica.

6. Como Escolher o Banco Correspondente Ideal?
Ao selecionar um banco correspondente, considere os seguintes fatores:
| Critério | Por que é importante? |
|---|---|
| Licença e supervisão regulatória | Garante que o banco cumpre as normas locais e internacionais. |
| Infraestrutura tecnológica (SWIFT, APIs, blockchain) | Facilita a integração e reduz falhas operacionais. |
| Política de AML/KYC | Previne multas e protege a reputação. |
| Custos e tarifas | Impacta a competitividade dos seus serviços. |
| Experiência em cripto‑ativos | Essencial para serviços que envolvem conversão fiat‑cripto. |
7. Futuro do Correspondent Banking no Brasil
Nos próximos anos, espera‑se que o modelo de correspondent banking evolua em duas direções principais:
- Digitalização total: APIs abertas e protocolos como ISO 20022 permitirão que fintechs conectem diretamente a redes de pagamento globais.
- Integração com DeFi: plataformas descentralizadas poderão usar bancos correspondentes como “oráculos de liquidez”, oferecendo garantias de conversão para ativos reais.
Essas tendências reforçam a necessidade de uma base sólida de compliance e de parcerias estratégicas, pois o risco regulatório continuará a ser o principal limitador.
8. Conclusão
O correspondent banking representa a espinha dorsal da conectividade financeira global e, no contexto brasileiro, é o ponto de convergência entre o sistema bancário tradicional e o emergente ecossistema cripto. Ao compreender sua estrutura, regulamentação e riscos, instituições podem aproveitar oportunidades de expansão internacional, melhorar a experiência do cliente e, ao mesmo tempo, manter a conformidade com as exigências globais de AML e KYC.
Se você está planejando lançar um serviço de pagamento transfronteiriço, converter cripto‑ativos ou simplesmente entender como o sistema bancário brasileiro se adapta a um mundo digital, este guia oferece os fundamentos necessários para tomar decisões informadas e seguras.