Introdução
Com a popularização das criptomoedas e a entrada de grandes bancos digitais como o Nubank no mercado cripto, surge uma nova demanda: entender como declarar esses ativos na Declaração de Imposto de Renda (DIRPF). Este artigo foi elaborado para usuários brasileiros, de iniciantes a intermediários, que desejam cumprir a obrigação fiscal de forma correta, evitando multas e garantindo tranquilidade.
- Entenda a classificação tributária das criptomoedas.
- Saiba como o Nubank gera relatórios de operação.
- Aprenda o passo a passo para preencher a ficha de bens e direitos.
- Dicas de planejamento para reduzir a carga tributária.
O que é o Nubank Crypto?
Em 2023, o Nubank lançou a funcionalidade Nubank Crypto, permitindo que clientes comprem, vendam e guardem ativos como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) diretamente pelo aplicativo. Diferente de corretoras independentes, o Nubank atua como custodiante, registrando todas as transações em sua base de dados, o que facilita a geração de relatórios para fins fiscais.
Principais recursos da plataforma
- Compra e venda instantânea com saldo em conta corrente.
- Armazenamento em carteira custodial (não há controle de chaves privadas pelo usuário).
- Exportação de extrato em CSV e PDF.
- Integração com o Guia de Imposto de Renda da Receita Federal.
Como funciona a tributação de criptomoedas no Brasil?
A Receita Federal trata as criptomoedas como bens móveis. As regras principais, vigentes em 2025, são:
- Ganhos de capital: Lucro obtido na venda de cripto acima de R$ 35.000,00 por mês é tributado em 15% a 22,5%, conforme a faixa de lucro.
- Operações de troca: Trocas de uma cripto por outra (ex.: BTC por ETH) são consideradas venda e compra simultâneas, devendo ser declaradas.
- Rendimentos: Recebimento de cripto como pagamento ou airdrop pode ser tributado como renda.
- Isenção: Operações cujo total de vendas no mês seja inferior a R$ 35.000,00 são isentas de imposto, mas ainda precisam ser informadas na ficha de bens e direitos.
Obrigações acessórias
Além da declaração anual, quem realiza operações acima de R$ 30.000,00 em cripto deve enviar a Declaração de Criptomoedas (DC), ainda em fase piloto, através do e-CAC. No entanto, a maioria dos contribuintes ainda cumpre apenas a DIRPF.
Passo a passo para declarar criptomoedas do Nubank
Segue um roteiro detalhado, com screenshots simuladas (não incluídas aqui) e orientações específicas para quem usa o Nubank.
1. Reúna os documentos necessários
- Extrato mensal da conta Nubank Crypto (CSV ou PDF).
- Comprovantes de compra/venda (e‑mail ou notificação no app).
- Relatório de ganhos/perdas gerado pelo próprio Nubank (disponível em “Imposto de Renda”).
2. Calcule o ganho de capital
Para cada operação de venda, subtraia o custo de aquisição (valor pago + taxa) do valor de venda (valor recebido – taxa). O resultado positivo é o ganho de capital; se negativo, há prejuízo que pode ser compensado em anos seguintes.
3. Preencha a ficha “Bens e Direitos” (Código 81)
Na declaração, selecione o código 81 – “Criptomoedas”. Para cada moeda, informe:
- Descrição (ex.: “Bitcoin – BTC – Custódia Nubank”).
- Quantidade possuída em 31/12/2025.
- Valor de aquisição (custo total). Se houver mais de uma compra, some os custos.
- Valor de mercado em 31/12/2025 (cotação média da data).
4. Declare as operações de venda na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis” (Código 06)
Mesmo que o total de vendas esteja abaixo do limite de isenção, a Receita exige que as operações sejam informadas. Preencha o campo “Rendimentos Isentos” com o valor total das vendas, indicando a origem “Venda de Criptomoedas – Nubank”.
5. Preencha a ficha “Ganhos de Capital” (GCAP)
Utilize o programa GCAP 2025 (disponível no site da Receita). Importe o arquivo CSV do Nubank ou insira manualmente cada operação. O programa calculará o imposto devido e gerará o DARF (Documento de Arrecadação). O valor deve ser pago até o último dia útil do mês subsequente à operação.
6. Revise e envie a declaração
Antes de enviar, revise todos os campos, confirme se os valores de aquisição e de mercado batem com os documentos e verifique se o DARF foi pago. Use a opção “Pré‑visualização” do programa da Receita para detectar possíveis inconsistências.
Dicas avançadas de planejamento tributário
Para quem já possui um portfólio considerável, vale adotar estratégias que reduzam a carga tributária ao longo dos anos.
Compensação de prejuízos
Prejuízos acumulados podem ser abatidos dos ganhos futuros, limitados a R$ 5 milhões por ano. Mantenha um registro detalhado das perdas para utilizá‑las nas próximas declarações.
Uso de “holding” de cripto
Alguns contribuintes criam uma empresa de prestação de serviços (MEI ou Ltda.) para realizar operações de compra e venda. Os ganhos são tributados como receita empresarial, permitindo a escolha do regime de tributação (Simples Nacional ou Lucro Presumido). Essa estrutura requer assessoria contábil especializada.
Doação e herança
Transferir cripto como doação ou herança pode ser vantajoso, pois o custo de aquisição passa a ser o valor de mercado na data da transferência, reduzindo eventual ganho de capital futuro.
Principais erros a evitar
- Não informar as vendas abaixo do limite de R$ 35.000,00.
- Esquecer de atualizar o custo de aquisição após cada compra.
- Não declarar as trocas entre diferentes criptomoedas.
- Pagar o imposto somente na declaração anual, ignorando o pagamento mensal obrigatório.
Conclusão
Declarar as criptomoedas mantidas no Nubank pode parecer complexo, mas seguindo o passo a passo descrito neste guia você garante conformidade com a Receita Federal e evita surpresas desagradáveis. Lembre‑se de manter todos os documentos organizados ao longo do ano, utilizar as ferramentas de cálculo da própria plataforma Nubank e, se necessário, contar com o apoio de um contador especializado em criptoativos. Assim, você poderá focar no que realmente importa: a estratégia de investimento.
Para aprofundar ainda mais, consulte nosso Guia de Imposto de Renda para Criptomoedas e fique por dentro das atualizações legislativas que podem impactar o seu portfólio em 2026.