Como declarar criptomoedas no Imposto de Renda
O crescimento explosivo das criptomoedas nos últimos anos trouxe não apenas oportunidades de investimento, mas também dúvidas sobre como declarar esses ativos no Imposto de Renda (IR). A Receita Federal tem reforçado a obrigatoriedade de informar operações com cripto, e o descumprimento pode gerar multas que chegam a 150% do imposto devido. Este guia aprofundado, com mais de 1.500 palavras, explica passo a passo tudo o que você precisa saber para estar em dia com a Receita e evitar surpresas no leão.
1. Por que a Receita Federal exige a declaração de criptomoedas?
Desde 2019, a Receita Federal passou a exigir a declaração de ativos digitais por meio da Ficha de Bens e Direitos. A justificativa é simples: as criptomoedas são consideradas bens móveis e, portanto, sujeitas à tributação sobre ganhos de capital. Além disso, a Receita tem acesso a dados de exchanges estrangeiras e nacionais, o que aumenta a fiscalização.
2. Quem está obrigado a declarar?
- Qualquer pessoa física que possua criptomoedas em carteira ou exchange com valor total superior a R$ 5.000,00 em 31/12 do ano‑base.
- Quem realizou vendas de cripto acima de R$ 35.000,00 em um único mês, gerando ganho de capital tributável.
- Quem recebeu cripto como pagamento por serviços ou venda de bens.
Mesmo quem não atingiu esses limites, mas realizou operações, pode optar por declarar para evitar problemas futuros.
3. Como classificar as criptomoedas na ficha de Bens e Direitos
Na ficha 02 – Bens e Direitos, utilize o código 81 – Criptomoedas. Cada tipo de moeda (BTC, ETH, USDT, etc.) deve ser informado separadamente, com as seguintes colunas preenchidas:
- Discriminação: nome da moeda, quantidade, data de aquisição, exchange ou carteira utilizada.
- Situação em 31/12/2025: valor de mercado da moeda na data de 31 de dezembro, convertido para reais, usando a cotação da exchange ou da fonte oficial de preços.
- Valor de aquisição: custo total da compra, incluindo taxas de corretagem e transferência.
4. Como calcular o ganho de capital
O ganho de capital é a diferença positiva entre o valor de venda e o custo de aquisição. A alíquota varia de acordo com o total de ganhos no mês:

Faixa de ganho | Alíquota |
---|---|
Até R$ 5.000,00 | Isento |
De R$ 5.000,01 até R$ 20.000,00 | 15 % |
Acima de R$ 20.000,00 | 20 % |
Para cada venda acima do limite de isenção, preencha a ficha 03 – Ganho de Capital, informando a data, quantidade, preço de compra, preço de venda e o imposto devido.
5. Declaração de renda fixa em cripto (staking, DeFi e rendimentos)
Além da compra e venda, a Receita também exige a declaração de rendimentos obtidos por meio de staking, yield farming e outras atividades de Finanças Descentralizadas (DeFi). Esses rendimentos são tributados como:
- Rendimento de staking – tributado como renda variável, com alíquota de 15 % sobre o ganho.
- Rendimento de LP (Liquidity Provider) – tributado como ganho de capital, seguindo as mesmas faixas acima.
Para declarar, utilize a ficha 08 – Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, descrevendo a origem e o valor convertido em reais.
6. Passo a passo para preencher a declaração
- Reúna documentos: extratos de exchanges, comprovantes de compra/venda, relatórios de staking.
- Converta valores: use a cotação da data da operação (ex.: CoinMarketCap, Binance).
- Preencha a ficha 02: inclua cada cripto como item separado.
- Calcule ganhos: utilize o programa GCAP ou planilha própria.
- Preencha a ficha 03 ou 08: conforme o tipo de rendimento.
- Revise e envie: verifique se o valor total de imposto devido está correto e envie a declaração.
7. Erros comuns e como evitá‑los
- Não declarar pequenas quantias: mesmo valores abaixo de R$ 5.000 podem ser fiscalizados se houver movimentação frequente.
- Esquecer o custo de aquisição: inclua taxas de corretagem e network fees.
- Usar cotação errada: a Receita aceita a cotação da exchange utilizada ou do site oficial da Receita.
- Não declarar rendimentos de staking: eles são tributáveis e devem aparecer na ficha 08.
8. Dicas de segurança e compliance
Além da correta declaração, é fundamental proteger seus ativos e informações fiscais. Consulte o Segurança de Criptomoedas: Guia Definitivo para Proteger seus Ativos Digitais em 2025 para adotar boas práticas, como uso de carteiras hardware e autenticação de dois fatores. Também é recomendável ler o Guia Definitivo para Evitar Scams de Cripto no Brasil em 2025, que ajuda a reconhecer fraudes que podem gerar perdas e complicar a declaração.

9. O que fazer se a Receita solicitar comprovação?
Em caso de intimação, tenha à mão:
- Extratos de todas as exchanges (incluindo as internacionais).
- Comprovantes de transferência entre carteiras.
- Planilha de cálculo de ganho de capital.
Responder dentro do prazo evita multas adicionais. Se necessário, procure um contador especializado em cripto para auxiliar no processo.
10. Perguntas frequentes (FAQ)
Veja abaixo as dúvidas mais recorrentes sobre a declaração de criptomoedas.
Conclusão
Declarar criptomoedas no Imposto de Renda pode parecer complexo, mas seguindo este guia passo a passo você garante conformidade, evita multas e mantém a tranquilidade fiscal. Lembre‑se de atualizar seus registros ao longo do ano, usar as cotações corretas e declarar todos os rendimentos, inclusive os provenientes de staking e DeFi. Assim, você protege seu patrimônio e cumpre suas obrigações perante a Receita Federal.