Collars no Mercado Cripto: Guia Completo para Proteção e Otimização de Investimentos

Collars no Mercado Cripto: Guia Completo para Proteção e Otimização de Investimentos

Nos últimos anos, o universo das criptomoedas evoluiu de um nicho especulativo para um ecossistema financeiro robusto, com derivativos, OTC e exchanges reguladas ganhando destaque. Dentro desse cenário, collars – estratégias que combinam opções de compra (call) e venda (put) – surgem como ferramentas poderosas para investidores que desejam limitar risco sem abrir mão de potencial de valorização.

O que é um Collar?

Um collar (ou “colar”) é uma estratégia de opções que envolve a compra simultânea de uma put (opção de venda) e a venda de uma call (opção de compra) sobre o mesmo ativo, com datas de vencimento semelhantes. O objetivo principal é criar uma faixa de preço (“faixa de proteção”) dentro da qual o investidor está confortável, limitando perdas abaixo de um certo nível e limitando ganhos acima de outro.

Componentes básicos

  • Put de proteção: garante que o investidor pode vender o ativo a um preço mínimo (strike da put).
  • Call de financiamento: gera receita ao vender o direito de compra a um preço máximo (strike da call).

Quando bem calibrado, o custo da put pode ser parcialmente ou totalmente compensado pelo prêmio recebido da call, resultando em um collar de custo quase zero.

Por que usar Collars no Contexto Cripto?

As criptomoedas são conhecidas por sua alta volatilidade. Embora isso ofereça oportunidades de lucro, também aumenta o risco de perdas abruptas. Um collar permite:

  1. Proteção contra quedas bruscas – especialmente útil para quem possui posições significativas em Bitcoin (BTC) ou Ethereum (ETH).
  2. Limitação de ganhos – ao vender uma call, o investidor aceita renunciar a parte da alta, mas recebe um prêmio que pode ser reinvestido.
  3. Gestão de risco simplificada – ao definir limites claros, o investidor evita decisões impulsivas em momentos de alta tensão.

Como Funciona um Collar na Prática

Imagine que você possui 10 BTC, atualmente cotados a R$ 250.000 cada. Você deseja proteger seu portfólio contra uma queda abaixo de R$ 200.000, mas está disposto a limitar os ganhos acima de R$ 300.000.

  1. Compra da Put: adquire uma put com strike de R$ 200.000, pagando um prêmio de, por exemplo, R$ 5.000 por BTC.
  2. Venda da Call: vende uma call com strike de R$ 300.000, recebendo um prêmio de R$ 7.000 por BTC.

O resultado líquido é um crédito de R$ 2.000 por BTC (R$ 7.000 – R$ 5.000). Assim, seu custo total para proteger a posição é negativo – ou seja, você ganha dinheiro apenas por montar o collar.

Se o preço do BTC cair para R$ 180.000, você exercerá a put e venderá a R$ 200.000, limitando a perda. Se subir para R$ 350.000, sua call será exercida, e você venderá a R$ 300.000, perdendo a parte da alta acima desse ponto, mas ainda retendo o crédito recebido.

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Fonte: Chris Taljaard via Unsplash

Passo a Passo para Montar um Collar em Criptomoedas

  1. Selecione o ativo base: Bitcoin, Ethereum ou tokens de alta capitalização.
  2. Defina a faixa de proteção: escolha strikes para put (ponto de stop) e call (ponto de teto) de acordo com sua tolerância ao risco.
  3. Escolha o vencimento: geralmente de 30 a 90 dias, equilibrando custo e necessidade de proteção.
  4. Verifique liquidez nas opções: utilize plataformas que ofereçam OTC (Over The Counter) no Universo Cripto: Guia Completo, Estratégias e Riscos ou exchanges com mercados de opções bem desenvolvidos.
  5. Calcule o custo líquido: prêmio da put menos prêmio da call. Se o resultado for positivo, você tem um collar de custo negativo.
  6. Execute as ordens: envie a ordem de compra da put e a ordem de venda da call simultaneamente para garantir que os strikes e vencimentos coincidam.
  7. Monitore a posição: ajuste a estratégia antes do vencimento se houver mudanças significativas no cenário de mercado.

Plataformas e Ferramentas Disponíveis

Embora o mercado de opções de criptomoedas ainda esteja em expansão, algumas plataformas já oferecem infraestrutura robusta:

  • Deribit: líder em opções de BTC e ETH, com alta liquidez e ferramentas avançadas de análise.
  • OKX: oferece opções europeias e americanas, além de contratos perpétuos.
  • Binance Futures: interface amigável e integração direta com a conta spot.

Para quem prefere operar em ambientes regulados, Exchange Brasileira Regulada: Guia Completo para Investidores em 2025 apresenta opções de derivativos que atendem às normas da CVM e da Receita Federal.

Benefícios de Utilizar Collars

  • Redução de volatilidade – a posição transforma a curva de payoff em um “teto” e um “piso”, suavizando movimentos extremos.
  • Custos controlados – o prêmio da call pode compensar a put, criando uma estratégia de custo quase nulo.
  • Flexibilidade – adapta-se a diferentes horizontes temporais e perfis de risco.
  • Conformidade regulatória – ao operar em exchanges reguladas, você evita os riscos associados ao OTC informal, conforme orienta Compliance Exchange: O Guia Definitivo para Conformidade em Exchanges de Criptomoedas.

Riscos e Limitações

Apesar das vantagens, collars não são isentos de riscos:

  • Limitação de ganhos – ao vender a call, você abre mão de lucros acima do strike escolhido.
  • Liquidez – alguns strikes podem ter baixa profundidade de mercado, gerando slippage.
  • Risco de contraparte – em plataformas não reguladas, a falha da contraparte pode resultar em perda total.
  • Implicações fiscais – no Brasil, a Receita Federal trata opções como instrumentos financeiros, exigindo declaração de ganhos e perdas (veja nosso Guia Completo de IRPF para Bitcoin).

Aspectos Fiscais dos Collars no Brasil

Ao negociar opções de criptomoedas, a Lei nº 13.259/2016 e as instruções da Receita Federal exigem que:

  1. Os prêmios recebidos (da call) sejam registrados como receita financeira.
  2. Os custos das puts sejam contabilizados como despesas dedutíveis, reduzindo o ganho de capital.
  3. Os resultados (lucro ou prejuízo) sejam declarados na ficha “Renda Variável – Operações com Derivativos”.

É recomendável manter registros detalhados de cada operação, incluindo data, strike, prêmio e taxa de corretagem.

Exemplo Prático Detalhado

Suponha que você possui 5 ETH a R$ 12.000 cada. Você deseja proteger contra queda abaixo de R$ 10.000 e aceita limitar ganhos acima de R$ 15.000. As opções disponíveis têm os seguintes prêmios:

collars - suppose want
Fonte: Marjan Sadeghi via Unsplash
Tipo Strike (R$) Prêmio (R$)
Put 10.000 600
Call 15.000 800

Operação:

  • Compra de 5 puts: custo total = 5 × 600 = R$ 3.000.
  • Venda de 5 calls: recebimento total = 5 × 800 = R$ 4.000.

Resultado líquido: crédito de R$ 1.000 (R$ 4.000 – R$ 3.000). Se o preço do ETH cair para R$ 9.000, sua put será exercida e você venderá a R$ 10.000, limitando a perda a R$ 2.000 por unidade (menos o crédito). Se subir para R$ 18.000, a call será exercida e você venderá a R$ 15.000, perdendo a alta acima desse ponto, mas ainda mantendo o crédito de R$ 1.000.

Quando Optar por um Collar?

A estratégia é indicada nos seguintes cenários:

  • Investidores institucionais que precisam proteger grandes posições para fins de compliance.
  • HODLers que desejam garantir um piso de preço para suas reservas de BTC/ETH.
  • Traders que buscam gerar renda extra (prêmio da call) enquanto mantêm proteção.

Conclusão

Os collars representam uma ferramenta avançada de gestão de risco que, quando aplicada corretamente, pode transformar a volatilidade das criptomoedas de um inimigo em um aliado. Ao combinar puts de proteção com calls de financiamento, o investidor cria uma zona segura de preço, reduzindo a ansiedade frente a movimentos bruscos e ainda podendo gerar receita adicional.

Entretanto, como toda estratégia de derivativos, é essencial compreender os custos, a liquidez e as obrigações fiscais. Use plataformas reguladas, mantenha registros detalhados e, se necessário, consulte um especialista em tributação cripto.

Com o conhecimento adequado, você pode incorporar collars ao seu portfólio e navegar no mercado cripto com mais confiança e segurança.