Ceramic Network e a identidade composta
Nos últimos anos, a Web3 tem evoluído rapidamente, trazendo consigo novos paradigmas para a forma como criamos, armazenamos e verificamos identidades digitais. Entre as tecnologias que mais se destacam nesse cenário está o Ceramic Network, uma infraestrutura de dados descentralizada que permite a criação de identidades compostas (composed identity). Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que é o Ceramic, como funciona a identidade composta, suas vantagens, casos de uso e desafios, tudo isso com base em fontes confiáveis e links internos que complementam o assunto.
O que é o Ceramic Network?
O Ceramic Network é uma plataforma de protocolos de dados descentralizados construída sobre a tecnologia blockchain. Diferente das soluções tradicionais que armazenam dados em servidores centralizados, o Ceramic utiliza uma rede de nós que mantêm documentos mutáveis (streams) de forma segura e escalável. Cada documento tem um identificador único (Stream ID) que pode ser atualizado a qualquer momento, permitindo que as informações evoluam sem a necessidade de criar novos registros.
Esses documentos podem armazenar desde perfis de usuário até contratos inteligentes, metadados de NFTs, ou mesmo credenciais de identidade. A descentralização garante que nenhum ponto único de falha exista, aumentando a resiliência e a privacidade dos dados.
Identidade Descentralizada (DID) e a identidade composta
Para entender a identidade composta, primeiro é preciso compreender o conceito de Identidade Descentralizada (DID). Uma DID é um identificador que não depende de uma autoridade central; ela pode ser criada, gerenciada e verificada por meio de protocolos como o DID:Key, DID:Web ou DID:Ceramic.
A identidade composta vai além de uma única DID. Ela combina múltiplas credenciais (por exemplo, verificações de KYC, certificados de educação, propriedades de NFTs) em um único perfil unificado que pode ser apresentado ao mundo de forma seletiva. Essa composição permite que o usuário controle exatamente quais atributos são revelados a cada serviço, mantendo a privacidade dos demais dados.
Como o Ceramic habilita a identidade composta?
- Streams mutáveis: Cada credencial pode ser armazenada em um stream separado, que pode ser atualizado ou revogado independentemente.
- Modelos de esquemas (schemas): O Ceramic usa o Schema Registry para definir a estrutura de dados, garantindo interoperabilidade entre aplicações.
- Controle de acesso (ACL): Por meio de capabilities delegadas, o proprietário da identidade decide quem pode ler ou escrever em cada stream.
Essas funcionalidades permitem que desenvolvedores criem identities wallets que agregam diversos atributos, facilitando a experiência do usuário e reduzindo a necessidade de múltiplas senhas ou processos de verificação.

Vantagens da identidade composta no ecossistema Web3
- Privacidade por design: O usuário decide quais dados são compartilhados, evitando a exposição desnecessária de informações pessoais.
- Portabilidade: Como a identidade é baseada em padrões abertos (DID, JSON‑LD, Ceramic Streams), ela pode ser usada em diferentes blockchains e plataformas.
- Segurança aprimorada: A descentralização elimina pontos únicos de ataque, enquanto a criptografia de ponta‑a‑ponta protege os dados em trânsito.
- Escalabilidade: O modelo de streams mutáveis reduz a sobrecarga de transações, já que atualizações não requerem a criação de novos contratos.
- Interoperabilidade: Credenciais emitidas por diferentes provedores (universidades, governos, projetos DeFi) podem ser agregadas em um único perfil.
Casos de uso reais
A seguir, alguns exemplos práticos onde a identidade composta está transformando setores:
- Finanças Descentralizadas (DeFi): Usuários podem provar sua solvência ou histórico de crédito sem revelar saldos completos, facilitando empréstimos com taxas mais baixas.
- Mercado de NFTs: Artistas podem associar múltiplas credenciais de autenticidade a um NFT, garantindo autoria e direitos autorais.
- Educação e certificação: Universidades podem emitir diplomas como credenciais verificáveis que podem ser agregadas ao perfil do estudante.
- Saúde digital: Pacientes podem compartilhar apenas resultados de exames específicos com profissionais de saúde, preservando a confidencialidade.
Para aprofundar o conceito de identidade descentralizada e entender como ele se encaixa na visão futura da Web3, confira o artigo O Futuro da Web3: Tendências, Desafios e Oportunidades para 2025 e Além.
Desafios e considerações técnicas
Embora o Ceramic Network ofereça inúmeras vantagens, ainda há desafios a serem superados:
- Governança da rede: Decisões sobre upgrades e parâmetros de consenso ainda dependem de processos de governança que podem ser complexos.
- Custos de armazenamento: Embora mais barato que transações on‑chain, armazenar grandes volumes de dados fora‑chain pode gerar custos operacionais.
- Interoperabilidade com blockchains legadas: Integrar identidades compostas a redes que ainda não suportam DIDs requer pontes e adaptadores.
- Regulamentação: Questões de compliance (ex.: GDPR) exigem que os desenvolvedores implementem mecanismos de apagamento ou anonimização que ainda são objeto de debate.
Como começar a usar o Ceramic?
Para desenvolvedores interessados, o caminho típico inclui:
- Instalar o
ceramic-clie criar uma conta usando uma chave privada ou wallet (ex.: MetaMask). - Definir schemas JSON‑LD que descrevem os tipos de credenciais que serão armazenados.
- Publicar streams usando a API HTTP ou bibliotecas JavaScript (
@ceramicnetwork/http-client). - Configurar ACLs para delegar permissões a outras entidades (ex.: dApps, provedores de identidade).
Para quem ainda está dando os primeiros passos no universo da Web3, o guia Guia Definitivo de Criptomoedas para Iniciantes: Tudo o que Você Precisa Saber em 2025 é um ótimo ponto de partida.

Perspectivas para 2025 e além
Com a adoção crescente de DIDs e a expansão de projetos como o Ethereum Name Service (ENS) e o Worldcoin, a identidade composta tem potencial para se tornar o padrão de referência para interações digitais. Espera‑se que grandes corporações (ex.: bancos, seguradoras) integrem o Ceramic em suas plataformas para oferecer serviços de onboarding mais rápidos e seguros.
Além disso, a combinação de identidade composta com Real World Assets (RWA) e Soulbound Tokens (SBTs) abrirá novas oportunidades de tokenização de ativos físicos, permitindo que certificados de propriedade, licenças ou títulos acadêmicos sejam verificados de forma automática.
Conclusão
O Ceramic Network representa um salto significativo na forma como gerenciamos identidades digitais. Ao permitir a criação de identidades compostas, ele oferece privacidade, segurança e portabilidade, atributos essenciais para a maturidade da Web3. Apesar dos desafios de governança e regulamentação, o ecossistema está avançando rapidamente, e 2025 promete ser um ano decisivo para a adoção massiva dessa tecnologia.
Se você está interessado em aprofundar seus conhecimentos sobre identidade descentralizada, não deixe de ler também o artigo Identidade Descentralizada (DID): O Guia Completo para Entender, Implementar e Proteger sua Identidade no Ecossistema Web3.