## Introdução ao Calendar Spread
O **calendar spread** (ou “spread de calendário”) é uma estratégia de opções que combina a compra e a venda de contratos com o mesmo preço de exercício (strike) mas com vencimentos diferentes. Essa técnica permite ao investidor aproveitar diferenças de volatilidade e tempo, gerando lucros tanto em mercados laterais quanto em leves movimentos de preço.
Neste artigo aprofundado, você descobrirá como montar um calendar spread, quais são os principais riscos, como analisar a volatilidade implícita e como integrar essa estratégia ao seu portfólio de cripto‑ativos ou ativos tradicionais.
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## 1. Como funciona um Calendar Spread?
Um calendar spread clássico envolve duas etapas:
1. **Venda de uma opção de curto prazo** (geralmente com vencimento próximo). Essa opção gera um prêmio que será usado para financiar a compra da segunda posição.
2. **Compra de uma opção de longo prazo** (com vencimento mais distante) no mesmo strike.
A ideia central é que a opção de curto prazo perca valor mais rapidamente (decaimento theta) enquanto a opção de longo prazo mantém parte de seu valor, permitindo ao trader capturar o diferencial de tempo.
### Exemplo prático
– **Vender** 1 contrato de opção de compra (call) com vencimento em 30 dias, strike R$ 100, recebendo R$ 3,00 por contrato.
– **Comprar** 1 contrato de opção de compra com vencimento em 90 dias, mesmo strike R$ 100, pagando R$ 5,00 por contrato.
O custo líquido da operação é de R$ 2,00 (R$ 5,00 – R$ 3,00). Se o preço do ativo ficar próximo a R$ 100 até o vencimento da opção de curto prazo, o vendedor da opção pode lucrar com o prêmio recebido, enquanto a opção de longo prazo ainda tem valor residual.
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## 2. Por que usar Calendar Spreads?
### 2.1 Aproveitar a volatilidade implícita
A volatilidade implícita (IV) costuma ser maior para opções com vencimento mais curto. Vendendo a opção curta, o investidor captura um prêmio maior, enquanto a compra da opção longa, que tem IV menor, custa menos. Quando a IV se niveliza, o spread tende a se valorizar.
### 2.2 Estratégia neutra ao mercado
Se o trader acredita que o preço do ativo permanecerá estável ou terá apenas movimentos moderados, o calendar spread pode gerar lucro sem precisar prever a direção exata. Essa característica o torna atraente em mercados laterais, comuns em períodos de alta incerteza regulatória no Brasil.
### 2.3 Flexibilidade de ajuste
Ao se aproximar do vencimento da opção curta, o investidor pode ajustar a posição, rolando a opção curta para um novo vencimento ou fechando o spread totalmente. Essa flexibilidade reduz o risco de perda total.
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## 3. Passo‑a‑passo para montar um Calendar Spread no Brasil
1. **Escolha o ativo subjacente** – pode ser ações, ETFs ou até contratos futuros de cripto em exchanges regulamentadas.
2. **Defina o strike** – normalmente próximo ao preço à vista (ATM – at‑the‑money) para maximizar o prêmio da opção curta.
3. **Selecione os vencimentos** – um curto (30‑60 dias) e outro longo (90‑180 dias) são comuns.
4. **Calcule o custo líquido** – subtraia o prêmio recebido da opção curta do prêmio pago da opção longa.
5. **Analise a volatilidade** – use indicadores como o **VIX** ou o **IV** das opções para confirmar que a diferença de volatilidade compensa o custo.
6. **Monitore o theta** – o decaimento de valor da opção curta deve ser maior que o da opção longa.
7. **Planeje o exit** – defina metas de lucro (ex.: 50 % do custo líquido) e limites de perda (ex.: 100 % do custo líquido).
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## 4. Riscos e Como Mitigá‑los
| Risco | Descrição | Mitigação |
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| **Movimento de preço forte** | Se o ativo subir ou cair muito, a opção curta pode ficar no dinheiro, gerando prejuízo. | Escolha strikes mais afastados ou combine com hedge de futuro. |
| **Volatilidade inesperada** | A IV pode subir, aumentando o preço da opção longa e reduzindo o ganho. | Use opções com IV histórica baixa como longas; acompanhe eventos macroeconômicos. |
| **Liquidez** | Em alguns ativos, o contrato de longo prazo pode ter baixa liquidez, dificultando o ajuste. | Prefira ativos com mercado de opções profundo, como BOVA11, PETR4 ou contratos de Bitcoin na CME. |
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## 5. Calendar Spreads no Mercado Cripto
Apesar de a maioria dos investidores associar opções a ações tradicionais, o mercado de derivativos cripto tem crescido rapidamente no Brasil. Exchanges regulamentadas oferecem contratos de opções de Bitcoin e Ethereum, permitindo a aplicação de calendar spreads.
> **Dica:** Ao operar com cripto, considere a alta correlação entre volatilidade implícita e eventos de rede (hard forks, atualizações de protocolo). Isso pode gerar oportunidades de calendário ainda mais lucrativas.
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## 6. Ferramentas e Plataformas Recomendadas
– **Plataformas de corretoras brasileiras** – muitas já oferecem negociação de opções de ações e ETFs.
– **CME Group** – para contratos de futuros e opções de Bitcoin, com alta liquidez e transparência.
– **Investopedia** – para análises de volatilidade e calculadoras de greeks.
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## 7. Integração com Estratégias de Compliance e Tributação
No Brasil, ganhos provenientes de opções são tributados como ganho de capital. É essencial manter registros detalhados de cada operação, incluindo custos líquidos e datas de vencimento, para correto preenchimento do **Carnê‑Leão** ou declaração de **IRPF**.
> Para aprofundar a tributação de cripto‑ativos, consulte o Guia Definitivo do Carnê‑Leão para Criptomoedas.
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## 8. Estudos de Caso
### Caso 1 – Ações brasileiras (PETR4)
– **Venda**: Call PETR4 30 dias, strike R$ 30, prêmio R$ 1,20.
– **Compra**: Call PETR4 90 dias, strike R$ 30, prêmio R$ 2,00.
– **Custo líquido**: R$ 0,80.
– **Resultado**: No vencimento da curta, PETR4 fechou em R$ 30,80. A opção curta expirou fora do dinheiro, permitindo lucro total de R$ 1,20 (prêmio recebido) menos o custo líquido, resultando em **R$ 0,40 de lucro** (50 % do custo).
### Caso 2 – Bitcoin (BTC) na CME
– **Venda**: Call BTC futuro 30 dias, strike 250k USD, prêmio $3k.
– **Compra**: Call BTC futuro 90 dias, mesmo strike, prêmio $5k.
– **Custo líquido**: $2k.
– **Resultado**: BTC manteve-se próximo a 250k até o vencimento da curta; a opção curta expirou sem valor, enquanto a longa ainda valia $2.5k, gerando lucro de **$0.5k** (25 % do custo).
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## 9. Perguntas Frequentes (FAQ)
1. **Qual a diferença entre calendar spread e diagonal spread?**
– O *calendar spread* usa o mesmo strike em diferentes vencimentos, enquanto o *diagonal spread* combina strikes diferentes.
2. **Posso usar calendar spreads com opções de venda (puts)?**
– Sim, a lógica é a mesma; basta vender a put curta e comprar a put longa.
3. **Qual o melhor momento para fechar a posição?**
– Quando o spread atinge a meta de lucro ou se a volatilidade mudar drasticamente.
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## 10. Conclusão
O calendar spread é uma ferramenta poderosa para traders que desejam explorar a diferença de tempo e volatilidade entre opções. Quando bem estruturado, ele oferece risco limitado, potencial de lucro consistente e flexibilidade de ajuste. No contexto brasileiro, com a crescente oferta de derivativos em ações, ETFs e cripto‑ativos, essa estratégia se torna ainda mais acessível.
Ao aplicar as boas práticas de análise de volatilidade, gestão de risco e compliance fiscal, você pode transformar calendar spreads em um componente sólido do seu portfólio de investimentos.
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## Links internos recomendados
– OTC (Over The Counter) no Universo Cripto: Guia Completo, Estratégias e Riscos
– Exchange Brasileira Regulada: Guia Completo para Investidores em 2025
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## Links externos de autoridade
– Investopedia – Calendar Spread
– CME Group – Calendar Spread Options