BlockFi faliu: impactos e lições para cripto no Brasil
Em 24 de novembro de 2025, a notícia da falência da BlockFi ainda reverbera entre investidores de criptomoedas ao redor do mundo, especialmente no Brasil. A BlockFi, que já foi uma das maiores plataformas de empréstimos e rendimentos em cripto, entrou com pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos, deixando milhares de usuários sem acesso aos seus fundos.
Introdução
Para quem ainda não conhece a história da BlockFi, é essencial entender como a empresa chegou ao ponto de solicitar a falência e quais são as consequências diretas para os investidores brasileiros. Este artigo traz uma análise profunda, desde o contexto regulatório até as estratégias de recuperação, passando por dicas práticas para proteger seu portfólio.
Principais Pontos
- O que levou a BlockFi à falência?
- Impactos diretos nos usuários brasileiros.
- Processo de recuperação judicial nos EUA e sua repercussão no Brasil.
- Como reivindicar seus ativos e quais são os prazos.
- Lições aprendidas para evitar riscos semelhantes.
1. Histórico da BlockFi
A BlockFi foi fundada em 2017 por Zac Prince e Flori Marquez, com a proposta de oferecer rendimentos atrativos para quem mantinha criptomoedas em suas contas. Em poucos anos, a empresa cresceu rapidamente, atraindo mais de US$ 3 bilhões em depósitos e lançando produtos como empréstimos garantidos por cripto, contas de poupança com juros e cartões de débito.
Entretanto, a expansão acelerada também trouxe desafios: dependência de financiamento externo, exposição a ativos voláteis e, sobretudo, uma postura regulatória ainda em desenvolvimento.
2. Por que a BlockFi faliu?
Vários fatores convergiram para o colapso da BlockFi:
2.1. Crise de liquidez
Em 2023, o mercado cripto sofreu uma forte retração, com o preço do Bitcoin caindo mais de 60%. Como a BlockFi mantinha grande parte de seus ativos em criptomoedas, a desvalorização comprometeu sua capacidade de honrar retiradas.
2.2. Dependência de empréstimos de terceiros
A empresa financiava seus produtos de rendimento com empréstimos de grandes fundos de investimento. Quando esses credores começaram a exigir a devolução dos recursos, a BlockFi não conseguiu atender às demandas simultâneas.
2.3. Falhas de governança
Auditorias internas revelaram lacunas nos controles de risco e na transparência das operações. A falta de relatórios claros acabou gerando desconfiança entre os usuários e investidores institucionais.
2.4. Ambiente regulatório adverso
Nos EUA, a SEC intensificou a fiscalização sobre plataformas que oferecem rendimentos em cripto, classificando-as como valores mobiliários não registrados. A BlockFi enfrentou multas e processos que drenaram recursos já escassos.
3. O que a falência significa para os usuários brasileiros?
Embora a BlockFi seja uma empresa americana, seus serviços estavam disponíveis para residentes no Brasil via internet. Os impactos se dividem em três categorias principais:
3.1. Congelamento de ativos
Contas que continham US$ 10 mil em Bitcoin, por exemplo, foram bloqueadas. Os usuários ainda não receberam comunicação oficial sobre prazos de liberação.
3.2. Risco cambial
Para quem converteu seus ativos para reais (R$) dentro da plataforma, a desvalorização do dólar frente ao real aumentou o prejuízo efetivo.
3.3. Incerteza jurídica
A recuperação judicial nos EUA não garante automaticamente a restituição dos valores para residentes no Brasil. É necessário seguir procedimentos específicos, como o registro de credores estrangeiros.
4. Como reivindicar seus ativos?
O processo de reclamação segue as etapas abaixo:
- Registro no portal de credores: A BlockFi disponibilizou um site oficial para que os usuários enviem seus pedidos de crédito.
- Envio de documentação: É preciso comprovar a titularidade da conta, como e‑mails de confirmação, screenshots de saldos e extratos bancários.
- Acompanhamento do caso: A empresa publicará atualizações periódicas sobre o andamento do plano de recuperação.
- Possibilidade de negociação: Em alguns casos, credores podem aceitar receber parte do valor em tokens da nova entidade que surgirá após a reestruturação.
É recomendável contar com o apoio de um advogado especializado em direito internacional e cripto, pois o processo pode envolver questões de jurisdição e tributação.
5. Impactos no mercado cripto brasileiro
A falência da BlockFi gerou ondas de preocupação em todo o ecossistema nacional:
5.1. Aumento da aversão ao risco
Investidores passaram a buscar plataformas reguladas pelo Banco Central ou pela CVM, como nosso guia de criptomoedas que lista opções certificadas.
5.2. Fortalecimento de exchanges locais
Corretoras como Mercado Bitcoin, Foxbit e Bitso ganharam destaque ao oferecer seguros de custódia e garantias de liquidez.
5.3. Discussão sobre regulação
O caso reforçou a necessidade de uma legislação mais clara no Brasil, que permita a proteção dos investidores sem sufocar a inovação.
6. Estratégias para proteger seu portfólio
Para minimizar riscos futuros, considere as seguintes práticas:
- Diversificação: Não concentre mais de 10% do seu capital em uma única plataforma.
- Uso de carteiras não custodiadas: Mantenha a maioria dos ativos em wallets de hardware ou software que você controla.
- Verificação de seguros: Prefira serviços que possuam cobertura de seguro contra falhas operacionais.
- Acompanhamento regulatório: Fique atento às notícias da CVM e do Banco Central sobre cripto.
- Consultoria jurídica: Em caso de dúvidas, consulte um especialista em direito digital.
7. Lições aprendidas
A falência da BlockFi traz lições valiosas para o ecossistema cripto brasileiro:
- Transparência é fundamental: Plataformas que fornecem relatórios claros e auditorias independentes ganham mais confiança.
- Gestão de risco: Expor grande parte dos ativos a um único produto de rendimento pode ser perigoso.
- Regulação como aliada: Uma estrutura legal bem definida protege investidores e incentiva boas práticas.
- Educação contínua: Manter-se informado sobre as mudanças do mercado reduz a vulnerabilidade a golpes e falências.
Conclusão
A falência da BlockFi representa um marco importante na história do cripto no Brasil. Embora o impacto imediato tenha sido negativo para muitos investidores, a situação também abre espaço para amadurecimento do mercado, maior rigor regulatório e adoção de boas práticas de segurança.
Se você ainda possui ativos na BlockFi, siga os passos de registro de credores e procure orientação jurídica especializada. Ao mesmo tempo, reflita sobre as estratégias de proteção apresentadas neste artigo e ajuste seu portfólio para enfrentar futuros desafios.
O futuro do cripto no Brasil ainda tem muito potencial, mas depende da capacidade dos participantes de aprender com erros passados e construir um ecossistema mais resiliente.