Como os bancos estão usando blockchain: aplicações, desafios e o futuro do setor financeiro

Como os bancos estão usando blockchain: aplicações, desafios e o futuro do setor financeiro

Nos últimos anos, a tecnologia blockchain deixou de ser vista apenas como a base das criptomoedas para se tornar um ativo estratégico no setor bancário. Grandes instituições financeiras ao redor do mundo estão explorando essa tecnologia para melhorar a eficiência, reduzir custos e criar novos serviços. Neste artigo, vamos analisar em profundidade como os bancos estão usando blockchain, quais são os casos de uso mais relevantes, os desafios que ainda precisam ser superados e o que podemos esperar nos próximos anos.

1. O que é blockchain e por que os bancos se interessam?

Blockchain é um registro distribuído, imutável e transparente que permite a execução de transações sem a necessidade de intermediários. Cada bloco contém um conjunto de transações e, uma vez incluído na cadeia, não pode ser alterado sem o consenso da rede. Para os bancos, isso significa a possibilidade de:

  • Reduzir a dependência de sistemas legados complexos;
  • Diminuir o tempo de liquidação de pagamentos internacionais (de dias para minutos ou segundos);
  • Aumentar a segurança contra fraudes e ataques cibernéticos;
  • Oferecer novos produtos, como ativos tokenizados e contratos inteligentes.

Para entender melhor os fundamentos da tecnologia, você pode consultar o artigo O que é blockchain e como comprar Bitcoin: Guia completo para iniciantes em 2025, que explica de forma clara como funciona o registro distribuído.

2. Principais casos de uso bancário

2.1. Pagamentos transfronteiriços

Um dos primeiros e mais promissores usos da blockchain pelos bancos é a melhoria dos pagamentos internacionais. Soluções como o IBM Blockchain e a rede de pagamentos da Banco Central do Brasil (PIX) já utilizam elementos de blockchain para acelerar a compensação e reduzir custos operacionais.

Ao usar um ledger compartilhado, as instituições podem validar transações em tempo real, eliminando a necessidade de múltiplas camadas de correspondentes e reduzindo o risco de erros de reconciliação.

2.2. Tokenização de ativos

Tokenizar ativos reais – como imóveis, títulos de dívida ou commodities – permite que esses bens sejam negociados em frações menores, aumentando a liquidez e democratizando o acesso a investimentos antes restritos a grandes investidores. Bancos como o Santander e o JPMorgan já lançaram plataformas de tokenização que utilizam contratos inteligentes para garantir a execução automática de cláusulas contratuais.

Como os bancos estão usando blockchain - real assets
Fonte: Shubham Dhage via Unsplash

Para saber mais sobre esse tema, veja o artigo Tokenização de Ativos: O Futuro dos Investimentos no Brasil.

2.3. Contratos inteligentes e compliance

Contratos inteligentes são programas que executam automaticamente as condições acordadas entre as partes. Bancos estão usando essa funcionalidade para automatizar processos de compliance, como a verificação de identidade (KYC) e a monitorização de transações suspeitas. Ao integrar dados de identidade descentralizada (DID) e regras de negócios em smart contracts, as instituições podem reduzir a carga manual dos departamentos de compliance.

2.4. Financiamento de cadeias de suprimentos

Com a blockchain, é possível rastrear a origem e o percurso de mercadorias ao longo da cadeia de suprimentos, garantindo transparência e autenticidade. Bancos que concedem crédito a fornecedores podem usar esses dados para avaliar riscos de forma mais precisa, reduzindo a taxa de inadimplência.

3. Implementações de destaque

3.1. JPMorgan – JPM Coin

O JPM Coin é uma stablecoin emitida pelo JPMorgan que permite a transferência instantânea de valor entre contas institucionais. A moeda funciona sobre a rede Quorum, uma variante permissionada do Ethereum, e já está sendo usada em transações de tesouraria entre clientes do banco.

3.2. Banco Santander – One Pay FX

O One Pay FX utiliza a tecnologia blockchain para oferecer pagamentos internacionais em tempo real, com custos reduzidos e rastreabilidade total. O serviço já está disponível em mais de 30 países e tem se mostrado uma alternativa viável aos sistemas tradicionais SWIFT.

3.3. Banco Central do Brasil – Sistema de Pagamentos Instantâneos (PIX) e estudo de CBDC

Embora o PIX não seja uma blockchain pura, ele incorpora princípios de registro distribuído para garantir alta disponibilidade e baixa latência. Paralelamente, o Banco Central está desenvolvendo a Real Digital, uma moeda digital de banco central (CBDC) baseada em blockchain, que deve transformar a forma como os pagamentos são realizados no país.

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Fonte: Claudio Schwarz via Unsplash

4. Desafios e barreiras ainda existentes

  • Regulação e compliance: A falta de um marco regulatório claro para ativos tokenizados e stablecoins cria incertezas para os bancos.
  • Escalabilidade: Redes públicas como Ethereum ainda enfrentam limitações de throughput; soluções Layer‑2 (por exemplo, Polygon) são necessárias, mas trazem complexidade adicional.
  • Integração com sistemas legados: Migrar de infraestruturas centenárias para uma arquitetura baseada em blockchain requer investimentos significativos e mudança cultural.
  • Segurança e governança: Embora a blockchain seja resistente a alterações, vulnerabilidades em contratos inteligentes podem expor fundos a riscos.

Para aprofundar a compreensão de como as atualizações de protocolo podem impactar a tecnologia, vale a leitura de Hard Fork: O que é, como funciona e seu impacto nas criptomoedas.

5. O futuro dos bancos com blockchain

À medida que os desafios regulatórios forem superados e as soluções de escalabilidade amadurecerem, a adoção de blockchain pelos bancos deve acelerar. Algumas tendências que podemos esperar:

  1. Integração de CBDCs: Bancos centrais ao redor do mundo lançarão moedas digitais que serão interoperáveis com redes privadas de bancos comerciais.
  2. Plataformas de finanças descentralizadas (DeFi) híbridas: Instituições financeiras criarão versões “permissionadas” de protocolos DeFi, combinando a inovação open‑source com a segurança regulatória.
  3. Expansão da tokenização: Mais ativos, incluindo ações, títulos públicos e até direitos de propriedade intelectual, serão tokenizados, criando mercados secundários 24/7.
  4. Automação de compliance via IA + blockchain: Algoritmos de aprendizado de máquina analisarão dados imutáveis da blockchain para detectar padrões de lavagem de dinheiro em tempo real.

Em resumo, a blockchain está redefinindo a forma como os bancos operam, oferecendo maior transparência, velocidade e novas oportunidades de negócio. As instituições que adotarem essa tecnologia de maneira estratégica estarão melhor posicionadas para liderar o futuro do setor financeiro.

Conclusão

O caminho dos bancos rumo à adoção plena da blockchain ainda apresenta desafios, mas os benefícios já são evidentes em projetos piloto e implementações reais. Desde pagamentos internacionais mais rápidos até a tokenização de ativos que democratiza o acesso a investimentos, a tecnologia está se consolidando como um diferencial competitivo.

Se você deseja acompanhar as últimas novidades e entender como aplicar essas inovações no seu negócio, continue acompanhando nosso blog e explore os artigos recomendados acima.