Introdução
A The Graph (GRT) tem se consolidado como a camada de indexação mais importante para aplicações descentralizadas (dApps) no ecossistema Web3. Desde seu lançamento em 2020, o protocolo tem evoluído rapidamente, oferecendo uma solução de query eficiente que substitui a necessidade de servidores centralizados para ler dados de blockchains. Neste artigo, voltado para usuários brasileiros que estão começando ou já têm algum nível de conhecimento em cripto, vamos dissecar a tecnologia, a economia do token GRT, os principais casos de uso no Brasil e as perspectivas para 2025.
- O que é The Graph e como funciona a indexação de dados de blockchain.
- Arquitetura: subgraphs, indexadores, curadores e delegadores.
- Modelo econômico do token GRT: staking, recompensas e inflação.
- Casos de uso reais no Brasil: DeFi, NFTs e supply chain.
- Riscos, desafios regulatórios e concorrência.
- Roadmap 2025 e oportunidades de investimento.
Visão geral da The Graph
The Graph é um protocolo de código aberto que permite que desenvolvedores criem subgraphs, que são definições de como indexar e consultar dados de contratos inteligentes. Em vez de ler diretamente da blockchain, que pode ser custoso e lento, os dApps enviam consultas GraphQL para os nós da rede, recebendo respostas quase em tempo real. Essa camada de indexação é comparável a um motor de busca como o Google, mas especializado em dados de ledger distribuído.
Como surgiu
Fundada por Yaniv Tal e Jannis Pohlmann, a equipe da The Graph recebeu apoio da Coinbase Ventures e da Paraful, lançando seu token GRT em 2020. Desde então, a comunidade cresceu para mais de 2.000 indexadores e centenas de milhares de subgraphs publicados, cobrindo blockchains como Ethereum, Polygon, Avalanche, Arbitrum e mais.
Arquitetura e componentes
A rede The Graph é composta por quatro papéis principais:
1. Indexadores
São nós que apostam GRT, colocam capital (ETH ou outras moedas) como garantia e executam a indexação dos subgraphs. Eles recebem recompensas em GRT por serviços prestados e por cobrar taxas de consulta.
2. Curadores
Curadores sinalizam quais subgraphs são valiosos, apostando GRT nas combinações de sinais de qualidade. Essa sinalização ajuda a determinar a ordem de prioridade na indexação.
3. Delegadores
Usuários que não desejam operar um nó podem delegar seus tokens GRT a indexadores confiáveis, participando da distribuição de recompensas sem necessidade de infraestrutura.
4. Consumidores
Desenvolvedores de dApps e usuários finais que enviam consultas GraphQL. Eles pagam uma taxa de consulta em GRT, que é distribuída entre indexadores e curadores.
Mecanismo de indexação
Quando um desenvolvedor cria um subgraph, ele define um manifesto que descreve os contratos, eventos e tipos de dados a serem indexados. O indexador responsável baixa os blocos da blockchain, processa os eventos e armazena os resultados em um banco de dados otimizado para consultas GraphQL. O processo de atualização ocorre em tempo quase real, permitindo que as dApps apresentem informações como saldos de carteira, histórico de transações ou metadados de NFTs sem atrasos significativos.
Token GRT: economia e staking
O token GRT é a espinha dorsal da governança e da segurança econômica da rede. Seu modelo de tokenomics inclui:
- Supply total: 10 bilhões de GRT.
- Inflação anual: aproximadamente 10% distribuída como recompensas.
- Taxas de consulta: 0,01 GRT por 1.000 consultas, ajustável por governança.
- Staking: Indexadores e delegadores bloqueiam GRT para garantir o comportamento honesto.
- Queima: Uma parte das taxas de consulta pode ser queimada para reduzir a oferta.
O staking de GRT funciona de forma semelhante ao Ethereum 2.0, onde os participantes recebem rendimentos proporcionais ao valor total apostado e ao desempenho da rede. A taxa de retorno (APR) varia entre 12% e 20% ao ano, dependendo da quantidade de consultas e da competição entre indexadores.
Casos de uso no Brasil
O ecossistema cripto brasileiro tem adotado The Graph em diversas frentes:
DeFi
Plataformas como DeFi no Brasil utilizam subgraphs para exibir em tempo real taxas de juros, volumes de liquidez e histórico de empréstimos em protocolos como Aave e Compound. A indexação permite que usuários vejam suas posições sem precisar executar chamadas RPC caras.
NFTs e Arte Digital
Galerias digitais brasileiras utilizam subgraphs para buscar metadados de NFTs em marketplaces como OpenSea e Blur, facilitando a curadoria de coleções e a exibição de royalties em tempo real.
Supply Chain e Agronegócio
Startups de rastreamento de alimentos estão integrando The Graph para indexar eventos de contratos que registram origem, certificação e lote de produtos agrícolas, trazendo transparência ao consumidor final.
Riscos e desafios
Apesar das vantagens, The Graph enfrenta alguns riscos que os investidores devem considerar:
- Concentração de indexadores: poucos grandes players podem dominar a rede, reduzindo a descentralização.
- Regulação: No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda está avaliando como classificar tokens de governança como o GRT.
- Concorrência: Projetos como Celestia e Arweave buscam oferecer soluções de armazenamento e indexação alternativas.
- Volatilidade de preço: Como a maioria dos tokens, o GRT pode sofrer fortes oscilações, impactando a rentabilidade do staking.
Roadmap e atualizações 2025
Para 2025, a equipe da The Graph anunciou três marcos importantes:
Version 2.0 – Subgraphs Multi‑Chain
Permitir que um único subgraph consulte dados de múltiplas blockchains simultaneamente, simplificando a criação de dApps cross‑chain.
Proof‑of‑Stake aprimorado
Introdução de slashing mais rigoroso e mecanismos de bonding curve para melhorar a segurança econômica.
Incentivos para desenvolvedores brasileiros
Lançamento de um fundo de R$ 5 milhões em GRT para projetos que criem subgraphs focados no mercado nacional, incluindo agronegócio, fintechs e identidade digital.
Conclusão
The Graph (GRT) se destaca como a espinha dorsal da camada de dados para a Web3, oferecendo uma solução escalável, descentralizada e economicamente sustentável. Para o investidor brasileiro, o token GRT representa tanto uma oportunidade de renda passiva via staking quanto um ativo de risco, sujeito a volatilidade e a fatores regulatórios. Com o roadmap ambicioso para 2025, incluindo suporte multi‑chain e incentivos locais, a expectativa é que a adoção no Brasil acelere, consolidando The Graph como um componente crítico da infraestrutura cripto nacional.