Alternativas Descentralizadas ao Infura: Guia Completo 2025
Nos últimos anos, o Infura consolidou‑se como a principal camada de infraestrutura para desenvolvedores que constroem aplicações sobre Ethereum e outras redes compatíveis. Contudo, a dependência de um provedor centralizado gera questões de censura, custos e pontos únicos de falha. Este artigo aprofunda as alternativas descentralizadas ao Infura, analisando tecnologias emergentes, modelos de negócios, métricas de desempenho e como escolher a solução mais adequada ao seu projeto, seja ele um dApp simples ou uma plataforma de finanças descentralizadas (DeFi) de grande escala.
Principais Pontos
- Por que buscar alternativas ao Infura?
- Critérios técnicos para avaliar provedores descentralizados.
- Comparativo entre Alchemy, Ankr, QuickNode, Chainstack e soluções auto‑hospedadas.
- Custos, SLAs e impactos de governança.
- Passo a passo para migração segura.
Por que considerar alternativas ao Infura?
O Infura oferece API endpoints robustos, mas seu modelo de negócio ainda depende de servidores controlados por uma única entidade. Isso implica riscos de censura (por exemplo, bloqueio de transações em caso de sanções), latência variável durante picos de demanda e custo crescente conforme a escala aumenta. Para desenvolvedores brasileiros, que muitas vezes lidam com orçamentos limitados e precisam de alta disponibilidade para usuários espalhados por todo o país, essas limitações podem se tornar barreiras críticas.
Critérios técnicos para avaliar provedores descentralizados
Ao analisar alternativas, é essencial mensurar os seguintes parâmetros:
1. Descentralização da camada de rede
Alguns provedores utilizam clusters de nós distribuídos em diferentes regiões geográficas e operados por múltiplas entidades. Isso reduz o risco de single point of failure e melhora a resistência a ataques DDoS.
2. Latência e taxa de transferência (throughput)
Para dApps que exigem respostas em tempo real – como jogos on‑chain ou oráculos – a latência média deve ficar abaixo de 150 ms. Avalie benchmarks publicados e, se possível, teste endpoints gratuitos antes de contratar.
3. Compatibilidade com múltiplas redes
Além de Ethereum, muitos projetos migram para Polygon, Arbitrum ou Optimism. Uma solução verdadeiramente descentralizada costuma oferecer suporte nativo a essas cadeias, evitando a necessidade de múltiplas integrações.
4. Modelo de preço e transparência
Planos baseados em pay‑as‑you‑go podem ser vantajosos para startups, mas é crucial compreender limites de rate‑limit, cobranças por excesso e políticas de descontos para volume.
5. Governança e comunidade
Projetos open‑source com governança distribuída (DAO) dão maior segurança de longo prazo, pois decisões de upgrades e políticas de preço são votadas por token holders.
Principais alternativas descentralizadas
A seguir, detalhamos cinco opções que se destacam no cenário brasileiro em 2025.
1. Alchemy – “Infraestrutura como Código”
Embora Alchemy ainda seja uma empresa privada, ela oferece Supernode, uma rede de nós replicados globalmente. A diferença em relação ao Infura está na camada de caching avançado, que reduz drasticamente chamadas redundantes. Planos gratuitos permitem até 100 mil requisições diárias, com SLAs de 99,9 % de uptime. Em termos de custo, o plano “Growth” começa em R$ 199/mês, incluindo 5 milhões de chamadas.
2. Ankr – Rede de nós incentivada por token
Ankr opera um staking pool onde provedores de nós recebem recompensas em ANKR. Essa estrutura cria um ecossistema verdadeiramente descentralizado, pois qualquer pessoa pode colocar um nó e ser remunerada. A plataforma oferece Endpoints RPC para Ethereum, Binance Smart Chain e outras cadeias L2. O preço base é de R$ 0,015 por mil chamadas, e há descontos progressivos para volume acima de 10 milhões de requisições.
3. QuickNode – Simplicidade com foco em desenvolvedores
QuickNode combina facilidade de uso com uma rede de nós distribuída em 30 regiões. Seu diferencial está no Dashboard que permite monitorar métricas em tempo real e configurar alertas por SMS ou Telegram. O modelo “Pro” custa R$ 149/mês e inclui 10 milhões de chamadas, além de suporte 24/7.
4. Chainstack – Solução híbrida (cloud + on‑premise)
Chainstack permite que empresas implementem nós próprios em provedores de nuvem como AWS, Azure ou GCP, mantendo a propriedade dos dados. Para quem deseja um caminho gradual de descentralização, a plataforma oferece “Managed Nodes” com alta disponibilidade e backups diários. Os preços começam em R$ 299/mês para 20 milhões de chamadas.
5. Soluções auto‑hospedadas – Run Your Own Node
Para projetos que exigem controle total, executar um nó completo (por exemplo, geth ou erigon) em servidores próprios ou em VPS no Brasil (por exemplo, HostGator ou Locaweb) garante independência total. Embora o custo operacional (R$ 350/mês em média) e a manutenção técnica sejam maiores, a descentralização é máxima, e não há risco de bloqueio externo.
Comparativo técnico detalhado
| Provedor | Descentralização | Latência média (ms) | Redes suportadas | Preço base (R$/mês) | Suporte SLA |
|---|---|---|---|---|---|
| Infura | Centralizado (AWS US‑East) | 120‑180 | Ethereum, IPFS | R$ 149 (Free tier limitado) | 99,5 % |
| Alchemy | Semi‑descentralizado (multi‑region) | 90‑130 | Ethereum, Polygon, Arbitrum | R$ 199 | 99,9 % |
| Ankr | Descentralizado (DAO de nós) | 80‑140 | Ethereum, BSC, Avalanche, Fantom | R$ 0,015/1k req | 99,7 % |
| QuickNode | Semi‑descentralizado | 85‑125 | Ethereum, Polygon, Optimism | R$ 149 | 99,9 % |
| Chainstack | Híbrido (cloud + on‑premise) | 70‑110 | Ethereum, Hyperledger, Corda | R$ 299 | 99,95 % |
| Self‑hosted | 100 % descentralizado | 50‑90 (dependendo da região) | Qualquer EVM‑compatible | R$ 350 (VPS + manutenção) | Variável |
Como migrar do Infura para uma alternativa descentralizada
Passo 1 – Avaliar requisitos de tráfego
Use monitoramento de logs (ex.: Grafana + Prometheus) para quantificar chamadas RPC por dia, picos de uso e tipos de método (eth_call, eth_sendTransaction, etc.). Essa métrica será a base para escolher o plano adequado.
Passo 2 – Selecionar o provedor
Com os dados em mãos, compare custos usando a tabela acima. Se o seu dApp tem alta demanda e precisa de baixa latência, Chainstack ou uma solução auto‑hospedada são recomendadas. Para startups, Ankr costuma ser a opção mais econômica.
Passo 3 – Configurar variáveis de ambiente
REACT_APP_RPC_URL=https://rpc.ankr.com/eth
REACT_APP_CHAIN_ID=1
Altere os endpoints nos arquivos de configuração (por exemplo, .env ou hardhat.config.js) e teste localmente.
Passo 4 – Testes de integração
Execute a suíte de testes automatizados (Jest, Mocha) e valide que transações são enviadas corretamente, que leituras de estado retornam valores esperados e que o tempo de resposta está dentro do SLA desejado.
Passo 5 – Deploy em produção
Após aprovação nos testes, faça o deploy da nova configuração em ambientes de staging e, por fim, em produção. Mantenha o endpoint antigo como fallback por 48 h para garantir resiliência.
Impacto da descentralização na segurança e compliance no Brasil
O cenário regulatório brasileiro está cada vez mais atento a projetos DeFi e cripto‑ativos. Utilizar uma solução descentralizada pode ajudar a atender requisitos de resiliência operacional exigidos pela CVM. Além disso, provedores que operam em múltiplas jurisdições reduzem a exposição a bloqueios governamentais, o que é crucial para projetos que pretendem operar internacionalmente.
Estudos de caso reais (2024‑2025)
Case 1 – DEX brasileira “SwapBR” migra para Ankr
SwapBR, lançada em 2023, enfrentava custos elevados com o Infura, pagando cerca de R$ 1.200/mês para 15 milhões de chamadas. Ao migrar para Ankr, reduziu o gasto para R$ 450/mês, mantendo 99,8 % de uptime e melhorando a latência média de 140 ms para 95 ms.
Case 2 – Plataforma de NFTs “ArteChain” adota Chainstack
ArteChain precisava de alta disponibilidade para lançamentos simultâneos de coleções. A solução híbrida da Chainstack permitiu executar nós dedicados na AWS São Paulo e backups em Azure Brasil Sul, garantindo SLA de 99,95 % e latência abaixo de 80 ms durante picos de 500 k transações/hora.
Conclusão
Buscar alternativas descentralizadas ao Infura não é apenas uma questão de custo, mas de estratégia de longo prazo. Provedores como Ankr e QuickNode oferecem modelos pay‑as‑you‑go com alta descentralização, enquanto soluções híbridas como Chainstack trazem o melhor dos dois mundos: controle total e suporte gerenciado. Para projetos que exigem soberania total, a execução de nós auto‑hospedados continua sendo a escolha mais segura.
Ao analisar requisitos técnicos, orçamento e necessidades regulatórias, desenvolvedores brasileiros podem decidir a rota ideal, reduzindo riscos de censura, melhorando performance e, sobretudo, alinhando-se ao ethos da Web3: descentralização e resiliência.