Como funciona o Ethereum: Guia completo para entender a blockchain, contratos inteligentes e seu ecossistema

Como funciona o Ethereum

O Ethereum é muito mais do que uma simples criptomoeda; ele representa uma plataforma descentralizada que permite a criação de contratos inteligentes e aplicações distribuídas (dApps). Desde o seu lançamento em 2015, o Ethereum tem moldado o futuro das finanças, dos jogos, da identidade digital e de inúmeras indústrias. Neste artigo, vamos explorar em detalhes como o Ethereum funciona, desde sua arquitetura de blockchain até os mecanismos de consenso, gas, tokens ERC‑20 e as últimas atualizações da rede.

1. Arquitetura básica da blockchain Ethereum

Assim como o Bitcoin, o Ethereum utiliza uma cadeia de blocos que registra todas as transações. Porém, há diferenças cruciais:

  • Estado global: Cada bloco contém não apenas transações, mas também o estado completo da rede (contas, saldos, contratos).
  • Máquina Virtual Ethereum (EVM): É um ambiente de execução sandbox que permite que código de contrato inteligente seja executado de forma determinística por todos os nós.
  • Tipos de contas: Contas Externamente Controladas (EOA) – controladas por chaves privadas – e Contas de Contrato – que armazenam código e são acionadas por transações.

Esses elementos tornam o Ethereum uma computação descentralizada que pode ser programada para executar qualquer lógica de negócios.

2. Como os contratos inteligentes são criados e executados

Um contrato inteligente é basicamente um programa escrito em linguagens como Solidity ou Vyper. O fluxo típico é:

  1. Desenvolvedor escreve o código e o compila para bytecode.
  2. O bytecode é enviado como uma transação de criação de contrato para a rede.
  3. Os nós mineram (ou validam, no caso do PoS) o bloco que contém a transação, armazenando o contrato na blockchain.
  4. Qualquer usuário pode interagir com o contrato enviando transações que chamam suas funções.

Durante a execução, a EVM consome gas – uma medida de recursos computacionais – que protege a rede contra loops infinitos e ataques de negação de serviço.

3. O papel do Gas e das taxas de transação

O gas é a unidade que quantifica o custo de execução de operações na EVM. Cada operação tem um preço em gas (por exemplo, SSTORE custa 20.000 gas). O usuário define duas variáveis ao enviar uma transação:

  • Gas limit: quantidade máxima de gas que está disposto a gastar.
  • Gas price: preço que está disposto a pagar por unidade de gas (geralmente em gwei, que é 10⁻⁹ Ether).

A taxa final paga ao minerador (ou validador) é gas_used × gas_price. Quando a rede está congestionada, o gas price sobe, incentivando os validadores a priorizar transações mais lucrativas.

4. Consenso: de Proof‑of‑Work ao Proof‑of‑Stake

Originalmente, o Ethereum utilizava o algoritmo Proof‑of‑Work (PoW), semelhante ao Bitcoin, onde mineradores competiam para encontrar um hash válido. Em setembro de 2022, ocorreu a tão aguardada “The Merge”, migrando para Proof‑of‑Stake (PoS).

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Fonte: HackerNoon via Unsplash

No PoS, os usuários que possuem Ether podem staking (bloquear) seus tokens para se tornarem validadores. Eles são selecionados aleatoriamente para propor e validar blocos, recebendo recompensas em ETH. O PoS traz benefícios claros:

  • Redução de consumo energético em >99%.
  • Maior segurança contra ataques de 51%.
  • Escalabilidade futura com sharding.

5. Tokens ERC‑20 e o ecossistema DeFi

O padrão ERC‑20 define uma interface comum para tokens fungíveis na blockchain Ethereum. Ele permite que qualquer projeto crie seu próprio token com funções como transfer, balanceOf e allowance. Essa padronização foi a base para a explosão da Finança Descentralizada (DeFi), onde protocolos como Uniswap, Aave e Compound oferecem serviços de troca, empréstimo e rendimento sem intermediários.

Além do ERC‑20, existem outros padrões relevantes:

  • ERC‑721: Tokens não‑fungíveis (NFTs) que representam ativos únicos.
  • ERC‑1155: Combina fungibilidade e não‑fungibilidade em um único contrato.

6. Camadas de escalabilidade: Layer 1 vs Layer 2

Embora o Ethereum seja seguro, sua capacidade de transações por segundo (TPS) ainda é limitada (~30 TPS). Para superar esse gargalo, surgiram soluções de Layer 2 que processam transações fora da cadeia principal e depois as consolidam. Exemplos populares:

  • Optimistic Rollups (e.g., Optimism, Arbitrum) – assumem que as transações são válidas e permitem disputas.
  • ZK‑Rollups (e.g., zkSync, StarkNet) – utilizam provas de conhecimento zero para validar lotes de transações.

Essas tecnologias prometem elevar a TPS para milhares, reduzindo drasticamente as taxas de gas.

7. Segurança e auditoria de contratos

Como o código dos contratos inteligentes é imutável após o deployment, bugs podem ter consequências catastróficas (ex.: DAO hack de 2016). Por isso, boas práticas incluem:

  • Auditorias independentes por empresas especializadas.
  • Uso de bibliotecas padrão como OpenZeppelin.
  • Testes extensivos com frameworks como Hardhat ou Truffle.

Além disso, vale a pena armazenar chaves privadas em Hardware Wallet: O Guia Definitivo para Segurança de Criptomoedas em 2025, que oferece proteção contra malware e phishing.

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Fonte: Kanchanara via Unsplash

8. Como comprar e armazenar Ether (ETH)

Para participar do ecossistema Ethereum, o primeiro passo é adquirir ETH. As opções mais comuns são:

  1. Comprar em exchanges centralizadas (CEX) como Exchange Centralizada: O Guia Definitivo para Investidores no Brasil em 2025 (Binance, Coinbase, Kraken).
  2. Utilizar exchanges descentralizadas (DEX) como Uniswap ou DEX: O Guia Definitivo sobre Exchanges Descentralizadas no Brasil em 2025.

Após a compra, recomenda‑se transferir o ETH para uma carteira segura. Carteiras de hardware são as mais seguras, seguidas por software wallets com autenticação de dois fatores.

9. Futuro do Ethereum: Ethereum 2.0 e além

O roadmap do Ethereum inclui sharding, que dividirá a rede em fragmentos paralelos, aumentando a capacidade de processamento. Junto ao sharding, o proto‑danksharding e EIP‑4844 (blob‑transactions) já estão em fase de teste, preparando o caminho para Ethereum 2.0 completo.

Essas melhorias, combinadas com a crescente adoção de Layer 2, posicionam o Ethereum como a principal plataforma de contratos inteligentes nos próximos anos.

10. Conclusão

Entender como funciona o Ethereum vai muito além de saber que ele possui uma criptomoeda chamada Ether. É preciso compreender a arquitetura da blockchain, a EVM, o papel do gas, o consenso PoS, os padrões de token, as soluções de escalabilidade e, sobretudo, as práticas de segurança. Ao dominar esses conceitos, você estará preparado para explorar o vasto universo de dApps, DeFi, NFTs e, quem sabe, criar seu próprio projeto inovador.

Para aprofundar ainda mais, visite a fonte oficial do projeto em Ethereum.org e acompanhe notícias e análises em CoinDesk – Ethereum price.