Santander bloqueia Binance: motivo e como proteger cripto

Santander bloqueia Binance: motivo e como proteger cripto

Em 24 de novembro de 2025, o Banco Santander enviou notificações a milhares de clientes no Brasil informando o bloqueio de transações relacionadas à plataforma de exchange Binance. O acontecimento gerou preocupação entre investidores iniciantes e intermediários, que dependem da Binance para comprar, vender e armazenar criptomoedas. Este artigo traz uma análise profunda, explicando os motivos do bloqueio, os impactos diretos aos usuários e as estratégias para contornar a situação sem comprometer a segurança dos seus ativos digitais.

Principais Pontos

  • Entenda o que motivou o Santander a bloquear a Binance.
  • Saiba quais tipos de transações foram afetadas.
  • Descubra como proteger seus criptoativos diante da restrição.
  • Explore alternativas de exchanges e métodos de pagamento.
  • Conheça o panorama regulatório brasileiro para cripto.

O que aconteceu?

Na manhã de 24/11/2025, o Santander enviou e‑mails e mensagens via app informando que, a partir de 24 de novembro, todas as transferências para contas vinculadas à Binance seriam bloqueadas. A medida incluiu tanto depósitos (PIX, TED/DOC) quanto retiradas de fundos da corretora para contas bancárias. A instituição citou “riscos de compliance e alinhamento com as diretrizes do Banco Central” como justificativa principal.

Embora a comunicação não detalhasse todas as razões, rapidamente surgiram relatos de clientes que tiveram transações canceladas, compras de Bitcoin interrompidas e até mesmo ordens de venda revertidas. O bloqueio não se limitou ao Santander; outras instituições financeiras passaram a adotar políticas semelhantes, mas o Santander, por sua presença robusta no varejo, foi o que mais repercutiu.

Motivações do Santander

O bloqueio da Binance pelo Santander não foi aleatório. Três fatores chave são apontados por analistas de compliance:

1. Risco regulatório

O Banco Central do Brasil (BCB) intensificou a fiscalização sobre exchanges que operam sem licença completa ou que apresentam lacunas em políticas de combate à lavagem de dinheiro (AML). Em 2024, o BCB publicou novas normas exigindo a identificação robusta de clientes (KYC) e a rastreabilidade de fluxos de recursos superiores a R$ 10 mil. A Binance, apesar de ter avançado em seus processos, ainda enfrentava questionamentos sobre a efetividade de seus mecanismos de due diligence.

2. Pressão de órgãos de supervisão

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Receita Federal aumentaram a troca de informações com bancos sobre operações envolvendo criptoativos. Em vários casos, o Santander recebeu solicitações de auditoria e, ao identificar volumes significativos de movimentação para a Binance, optou por bloquear preventivamente para evitar possíveis sanções.

3. Estratégia de gestão de risco

Instituições financeiras grandes mantêm políticas de risk appetite que limitam exposições a negócios considerados de alta volatilidade. A Binance, sendo uma das maiores exchanges do mundo, lida com volumes diários de centenas de milhões de dólares, o que pode ser visto como risco excessivo para a carteira de clientes do Santander.

Impactos diretos para os usuários

O bloqueio tem consequências práticas que vão além do simples impedimento de transferir dinheiro:

  • Impossibilidade de comprar cripto com cartão ou PIX: clientes que utilizavam o app do Santander para comprar Bitcoin via Binance ficaram sem essa opção.
  • Retirada de fundos bloqueada: quem tentou transferir saldo da Binance para conta corrente viu a operação ser rejeitada.
  • Risco de liquidação de ordens: ordens de venda abertas podem ser canceladas, gerando prejuízos se o preço do ativo mudar.
  • Incerteza regulatória: a medida reforça a percepção de que o ambiente de cripto ainda está em fase de consolidação normativa no Brasil.

Para usuários iniciantes, a situação pode gerar dúvidas sobre a segurança de manter ativos em exchanges estrangeiras. Já os intermediários, que costumam operar com volumes maiores, precisam reavaliar suas estratégias de fluxo de caixa.

Como proteger seus criptoativos diante do bloqueio

Mesmo com a restrição do Santander, há caminhos para garantir a segurança dos seus investimentos:

1. Use carteiras não custodiais

Ao transferir seus ativos para uma carteira não custodial, você elimina a dependência de terceiros para manter a posse das moedas. Carteiras de hardware, como Ledger ou Trezor, oferecem armazenamento offline (cold storage) e são recomendadas para quem possui valores significativos.

2. Diversifique exchanges

Não concentre todas as suas transações em uma única plataforma. Além da Binance, considere usar a Coinbase, Kraken ou exchanges brasileiras como a Mercado Bitcoin e a Foxbit, que já possuem integração direta com bancos locais.

3. Opte por pagamentos via cartão de crédito ou débito de terceiros

Alguns serviços, como a MercadoPago ou a PagSeguro, permitem comprar cripto sem usar a conta bancária direta. Essa alternativa pode contornar o bloqueio, embora haja taxas adicionais.

4. Monitore comunicados oficiais

Fique atento às atualizações do Santander, do Banco Central e da CVM. Muitas vezes, o bloqueio pode ser temporário ou sofrer alterações conforme o diálogo entre as partes.

Alternativas de exchange e métodos de pagamento

Para quem busca continuar operando sem interrupções, aqui estão as opções mais viáveis no cenário brasileiro atual:

Exchange nacionais

  • Mercado Bitcoin: aceita PIX, TED e transferências bancárias de diversos bancos, incluindo o Santander, mas com políticas de compliance alinhadas ao BCB.
  • Foxbit: oferece integração direta com contas bancárias via DOC/TED e possui suporte dedicado a clientes corporativos.

Exchange internacionais com suporte a cartões

  • Coinbase: permite compra via cartão de crédito internacional, o que pode ser uma solução para quem tem limite disponível.
  • Kraken: aceita transferência bancária via SWIFT, embora possa envolver custos de câmbio.

Plataformas de pagamentos digitais

Serviços como PicPay, Nubank (via parceria com a Bitso) e Revolut têm integrado funcionalidades de compra e venda de cripto, oferecendo uma camada adicional de conveniência.

Aspectos regulatórios no Brasil

O cenário regulatório brasileiro evolui rapidamente. Em 2023, o Banco Central lançou o Regulamento de Ativos Virtuais (RAV), que estabelece requisitos de capital, governança e transparência para instituições que oferecem serviços de cripto. Em 2024, a CVM publicou a Instrução 618, que trata da oferta pública de tokens e obriga exchanges a registrar suas atividades.

Essas normas foram motivadas por três objetivos principais:

  1. Prevenir a lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
  2. Proteger o investidor de fraudes e manipulções de mercado.
  3. Garantir a estabilidade do sistema financeiro ao integrar cripto de forma segura.

O bloqueio do Santander pode ser visto como uma resposta preventiva às exigências do RAV, demonstrando que grandes bancos estão adotando uma postura mais cautelosa até que a regulamentação esteja totalmente consolidada.

Como monitorar a situação e agir proativamente

Para evitar surpresas, siga estas boas práticas:

  1. Inscreva-se em newsletters de compliance de bancos e autoridades regulatórias.
  2. Utilize ferramentas de monitoramento de transações, como o Block Explorer, para checar o status dos seus depósitos.
  3. Consulte um advogado especializado em direito fintech antes de movimentar valores acima de R$ 50 mil.
  4. Mantenha backups seguros das chaves privadas e documentos de identidade exigidos pelo KYC.

Conclusão

O bloqueio da Binance pelo Santander reflete a crescente complexidade do ecossistema cripto no Brasil. Embora a medida cause transtornos imediatos, ela também sinaliza a necessidade de adaptação dos usuários a um ambiente regulatório mais rigoroso. Ao diversificar exchanges, adotar carteiras não custodiais e acompanhar as diretrizes do Banco Central, você reduz riscos e garante que seus investimentos continuem seguros, independentemente das políticas de um único banco.

Fique atento às atualizações e continue se educando; o mercado de cripto está em constante evolução, e a informação é a sua principal ferramenta de proteção.