Ethereum vs Solana: Quem domina a escalabilidade em 2025?

Ethereum vs Solana: Quem domina a escalabilidade em 2025?

Desde o surgimento das primeiras blockchains, a escalabilidade tem sido o principal desafio para que essas redes suportem volumes de transações comparáveis aos sistemas financeiros tradicionais. Em 2025, duas plataformas se destacam nesse debate: Ethereum, a maior rede de contratos inteligentes, e Solana, conhecida por sua alta performance. Neste artigo, analisamos detalhadamente as arquiteturas, métricas de desempenho, custos, segurança e os roadmaps que prometem mudar o panorama da escalabilidade.

Principais Pontos

  • Arquitetura de consenso: Proof‑of‑Stake (Ethereum) vs Proof‑of‑History + Proof‑of‑Stake (Solana).
  • Throughput máximo: ~150 TPS (Ethereum pós‑Shanghai) vs ~80.000 TPS (Solana).
  • Custo médio por transação: R$0,20 (Ethereum) vs R$0,01 (Solana).
  • Descentralização e segurança: trade‑off entre velocidade e número de validadores.
  • Roadmaps 2025: Ethereum 2.0, Shanghai‑Merge, Danksharding; Solana 2.0, Turbine‑v2, Sealevel‑v2.

Entendendo a escalabilidade em blockchains

A escalabilidade refere‑se à capacidade de uma rede de processar um número crescente de transações sem degradar a performance ou a segurança. Três dimensões são geralmente avaliadas:

  1. Throughput (TPS): transações por segundo que a rede consegue validar.
  2. Latência: tempo entre a submissão e a confirmação da transação.
  3. Custo: taxa paga ao validador, normalmente expressa em gwei (Ethereum) ou lamports (Solana).

Além desses parâmetros, a descentralização e a segurança criptográfica são fatores críticos que não podem ser sacrificados sem comprometer a confiança da rede.

Arquitetura do Ethereum

Ethereum iniciou sua jornada com um modelo Proof‑of‑Work (PoW), mas a transição para Proof‑of‑Stake (PoS) – conhecida como “The Merge” – foi concluída em setembro de 2022. A partir de 2025, a rede está em fase de Danksharding, que promete dividir a cadeia em shards menores, permitindo paralelismo na validação.

Camada de consenso PoS

No PoS, os validadores são selecionados proporcionalmente ao número de ETH que “apostam”. Isso reduz drasticamente o consumo energético – a rede consome cerca de 0,0002 % da energia que o PoW exigia, o que equivale a ~R$0,05 / kWh em média.

Camada de execução (EVM)

A Ethereum Virtual Machine (EVM) continua sendo o motor de execução de contratos inteligentes. Embora robusta, a EVM tem limitações de paralelismo porque cada transação pode depender do estado global da cadeia.

Camada de dados (Danksharding)

Danksharding introduz data availability layers que permitem que os blocos sejam divididos em shards de dados. Cada shard pode ser processado por um subconjunto de validadores, aumentando o TPS potencial para até 150 TPS em condições ideais, com projeções de 300 TPS após otimizações de EIP‑4844 (blob‑transactions).

Arquitetura da Solana

Solana foi lançada em 2020 com a proposta de ser a “blockchain de alta performance”. Seu diferencial está na combinação de Proof‑of‑History (PoH) – um relógio criptográfico que ordena eventos – com um Proof‑of‑Stake tradicional para consenso.

Proof‑of‑History (PoH)

PoH gera um registro de timestamps verificáveis que permite aos validadores confirmar rapidamente a ordem das transações sem necessidade de comunicação intensiva. Isso reduz a latência a 400 ms por bloco, possibilitando 2.500 blocos por segundo.

Sealevel: paralelismo de execução

Solana utiliza o runtime Sealevel, que permite a execução paralela de contratos inteligentes desde que não compartilhem o mesmo estado. Em teoria, isso eleva o throughput máximo para 80.000 TPS, embora a rede prática esteja operando entre 30.000 – 45.000 TPS em períodos de alta demanda.

Camada de rede (Turbine)

Turbine é um protocolo de propagação de blocos baseado em erasure coding, que divide os blocos em pequenos pedaços transmitidos de forma eficiente entre os nós. Isso reduz a largura de banda necessária e permite que validadores com conexões modestamente rápidas participem da rede.

Comparativo de desempenho

Critério Ethereum (2025) Solana (2025)
Throughput máximo (TPS) 150 – 300 (Danksharding + EIP‑4844) 30.000 – 45.000 (prático) / 80.000 (teórico)
Latência média ≈ 12 s (bloco de 12 s) ≈ 400 ms (bloco de 400 ms)
Custo médio por transação R$0,20 (≈ 0,001 ETH) R$0,01 (≈ 0,0005 SOL)
Consumo energético ≈ 0,0002 % da energia global (PoS) ≈ 0,0001 % (PoS + PoH)
Número de validadores ≈ 4.500 (global) ≈ 1.200 (global)

Os números acima mostram que, em termos de velocidade bruta, Solana tem vantagem clara. Contudo, a descentralização – medida pelo número de validadores e pela distribuição geográfica – ainda favorece Ethereum.

Custos de transação e eficiência econômica

Para usuários brasileiros, o custo direto de uma transação pode ser convertido para reais com base nas cotações atuais (1 ETH ≈ R$9.500, 1 SOL ≈ R$350). Assim, uma transação média no Ethereum custa cerca de R$0,20, enquanto a mesma operação em Solana fica em torno de R$0,01. Essa diferença pode parecer pequena, mas em aplicações de alta frequência – como DeFi, jogos NFT ou micro‑pagamentos – o impacto acumulado pode ser significativo.

Impacto nos projetos DeFi

Plataformas como Uniswap V3 ou Aave dependem de interações frequentes. No Ethereum, o “gas war” pode elevar o custo a R$2,00 por operação em períodos de congestionamento, enquanto Solana mantém a taxa estável.

Tokenomics e sustentabilidade

O modelo de taxa de Solana inclui um mecanismo de queima parcial de SOL, reduzindo a oferta total ao longo do tempo. Já o Ethereum implementou a EIP‑1559, que queima parte do ETH pago como taxa base, criando deflação parcial. Ambas as abordagens ajudam a manter o valor dos tokens, mas a menor taxa de Solana oferece melhor margem para usuários finais.

Desafios de segurança e descentralização

Velocidade não pode ser alcançada à custa da segurança. Aqui estão alguns pontos críticos para cada rede:

Ethereum

  • Resistência a ataques de 51 %: com mais de 4.500 validadores, o custo de aquisição de 51 % do stake é proibitivo.
  • Atualizações graduais: o roadmap de shards permite testes em ambientes de teste (testnet) antes da implantação em mainnet.
  • Comunidade de desenvolvedores: > 30.000 desenvolvedores ativos, o que garante auditorias e revisões de código extensas.

Solana

  • Concentração de stake: poucos grandes pools controlam > 60 % do total de SOL, potencializando risco de censura ou falhas de consenso.
  • Falhas de rede recorrentes: entre 2022 e 2024, Solana sofreu 5 interrupções de > 6 h, gerando dúvidas sobre robustez.
  • Auditoria de código: apesar de ser open‑source, o ecossistema tem menos auditores independentes que Ethereum.

Roadmaps 2025: o que vem por aí?

Ambas as cadeias têm planos ambiciosos para melhorar a escalabilidade nos próximos 12‑24 meses.

Ethereum – Danksharding + EIP‑4844

  • Danksharding completo: implementação de 64 shards, permitindo paralelismo total.
  • EIP‑4844 (blob‑transactions): introduz blobs de dados off‑chain que reduzem o custo de rollups, tornando-os ainda mais baratos.
  • Rollups de camada‑2: projetos como Optimism, Arbitrum e zkSync prometem sequencial throughput de > 5.000 TPS.

Solana – Solana 2.0 e Turbine‑v2

  • Upgrade da PoH: nova versão de hash que reduz ainda mais a latência para 250 ms.
  • Turbine‑v2: compressão avançada de blocos que diminui a largura de banda necessária, facilitando a entrada de novos validadores.
  • Sealevel‑v2: suporte nativo a parallel smart contracts com verificação de estado, aproximando‑se de um modelo de sharding interno.

Casos de uso e adoção no Brasil

O ecossistema brasileiro tem aproveitado ambas as blockchains de maneiras distintas.

Ethereum no Brasil

  • Financiamento coletivo (DAOs): projetos como DAO Brasil utilizam contratos inteligentes para governança.
  • Tokenização de ativos: bancos digitais têm emitido tokens de crédito lastreados em ETH.
  • Infraestrutura DeFi: exchanges descentralizadas (DEX) como QuickSwap operam em layer‑2, reduzindo custos para usuários.

Solana no Brasil

  • Gaming e NFTs: plataformas de jogos como Star Atlas atraem jogadores brasileiros por causa das baixas taxas.
  • Micro‑pagamentos: aplicativos de streaming de música e vídeo experimentam pagamentos por segundo usando SOL.
  • Infraestrutura de dados on‑chain: projetos de oráculos usam Solana para registrar grandes volumes de dados em tempo real.

Conclusão

A resposta à pergunta “Ethereum vs Solana: quem tem a melhor escalabilidade?” depende do critério considerado. Se a métrica for throughput bruto e latência mínima, Solana ainda lidera, entregando dezenas de milhares de TPS com confirmação em menos de um segundo. Contudo, quando analisamos descentralização, segurança e robustez do ecossistema, Ethereum mantém a vantagem, graças ao seu número maior de validadores, ao amplo suporte da comunidade e ao roadmap de shards que promete combinar alta capacidade com forte segurança.

Para usuários brasileiros, a escolha prática pode se resumir ao caso de uso: projetos que exigem micro‑transações e alto volume (games, streaming, pagamentos instantâneos) se beneficiam da infraestrutura de Solana. Já aplicações que demandam confiança institucional, interoperabilidade com DeFi global e auditabilidade profunda tendem a permanecer no ecossistema Ethereum, especialmente com a chegada dos rollups de camada‑2 e do Danksharding.

Em última análise, a competição entre as duas redes está impulsionando inovações que beneficiam todo o mercado cripto. Seja qual for a escolha, os desenvolvedores brasileiros podem contar com ferramentas, documentação e comunidades ativas em ambas as plataformas, garantindo que o Brasil continue na vanguarda da adoção de tecnologias blockchain escaláveis.