Multichain Hack: Entenda o Ataque, Impactos e Como se Proteger

Multichain Hack: O que aconteceu, por que importa e como se proteger

Em 24 de novembro de 2025, o ecossistema cripto brasileiro foi abalado por um dos maiores incidentes de segurança da história recente: o Multichain Hack. O ataque, que atingiu várias blockchains interoperáveis, expôs vulnerabilidades críticas em pontes cross‑chain, contratos inteligentes e protocolos de governança. Para quem ainda está iniciando ou tem experiência intermediária no universo das criptomoedas, entender os detalhes técnicos, os impactos financeiros e as medidas de prevenção é essencial para preservar seus ativos.

Principais Pontos

  • O Multichain Hack explorou falhas em pontes cross‑chain e contratos de governança.
  • Mais de US$ 1,2 bilhão foi drenado, afetando usuários de DeFi e investidores institucionais.
  • Usuários brasileiros perderam aproximadamente R$ 5,3 bilhões, com grande parte dos fundos ainda não recuperados.
  • Medidas imediatas: auditorias de código, atualização de protocolos e uso de ferramentas de monitoramento.
  • Boas práticas de segurança: carteiras hardware, multi‑assinatura e diversificação de risco.

O que é o Multichain Hack?

O termo Multichain Hack refere‑se a um ataque coordenado que explorou vulnerabilidades em múltiplas blockchains interoperáveis, ou seja, redes que permitem a transferência de ativos entre si por meio de pontes (bridges) e contratos inteligentes de governança. Diferente de um hack isolado em uma única cadeia, o Multichain Hack utilizou falhas comuns a diversas infra‑estruturas, ampliando o alcance e a gravidade do incidente.

Contexto histórico

Desde 2020, a promessa de interoperabilidade tem sido um dos principais motores de inovação no universo cripto. Projetos como Polkadot, Cosmos e, mais recentemente, a própria Multichain (anteriormente Anyswap) permitiram que tokens fossem movimentados entre diferentes ecossistemas sem a necessidade de exchanges centralizadas. Essa liberdade, porém, trouxe consigo um conjunto de riscos que ainda não estavam totalmente mapeados.

Principais alvos

O ataque concentrou‑se em três tipos de alvos:

  • Pontes cross‑chain: contratos que bloqueiam tokens em uma cadeia e liberam equivalentes em outra.
  • Contratos de governança: scripts que gerenciam atualizações de protocolo e alocação de fundos.
  • Oráculos de preço: serviços que alimentam contratos DeFi com dados de mercado.

Ao comprometer esses componentes simultaneamente, os hackers conseguiram mover fundos de forma quase instantânea entre diferentes redes, evitando mecanismos de proteção que normalmente operam de forma isolada.

Como o ataque foi executado?

O ataque ao Multichain Hack foi meticulosamente planejado em três fases: reconhecimento, exploração e exfiltração.

Fase 1 – Reconhecimento

Os invasores começaram escaneando contratos públicos em busca de padrões de código vulneráveis. Utilizando ferramentas de análise estática como Slither e MythX, identificaram funções de delegatecall mal‑sanitizadas em pontes que permitiam a execução de código arbitrário. Além disso, analisaram transações históricas para mapear endereços com privilégios de governança.

Fase 2 – Exploração

Com as vulnerabilidades mapeadas, os hackers enviaram transações maliciosas que:

  1. Injetaram código que sobrescreveu a lógica de verificação de assinatura nas pontes.
  2. Alteraram parâmetros de oráculos, inflando preços de ativos e permitindo a retirada de fundos subvalorizados.
  3. Utilizaram flash loans para obter capital temporário suficiente para manipular pools de liquidez.

Essas ações foram realizadas simultaneamente em redes como Ethereum, Binance Smart Chain, Polygon e Avalanche, aproveitando a natureza cross‑chain do ataque.

Fase 3 – Exfiltração

Após obter controle sobre as pontes, os invasores transferiram os ativos para endereços de camada 2 (Layer‑2) e, em seguida, para carteiras de mistura (mixers) como Tornado Cash, dificultando a rastreabilidade. Em menos de 48 horas, mais de US$ 1,2 bilhão foi drenado, representando cerca de 5% do valor total bloqueado nas pontes comprometidas.

Impactos para usuários brasileiros

O Brasil, que ocupa a quinta posição mundial em volume de transações cripto, sofreu perdas significativas. De acordo com dados da Crypto Market Report Brasil 2025, cerca de 27% dos usuários afetados eram residentes brasileiros, totalizando aproximadamente R$ 5,3 bilhões em valores não recuperados até o momento.

Perdas financeiras diretas

Os principais ativos impactados foram:

  • Stablecoins (USDT, USDC) – perdas estimadas em R$ 2,1 bilhões.
  • Tokens de governança (MULTI, MATIC) – perdas de R$ 1,4 bilhão.
  • Tokens de DeFi (LP tokens) – perdas de R$ 1,8 bilhão.

Repercussões regulatórias

O Banco Central do Brasil (BCB) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) emitiram alertas de risco, enfatizando a necessidade de auditorias independentes e de compliance rigoroso para plataformas que operam pontes cross‑chain. Além disso, foram propostas novas diretrizes para a segurança blockchain que exigem relatórios de vulnerabilidade trimestrais.

Medidas de mitigação e melhores práticas

Para reduzir a exposição a ataques semelhantes, recomenda‑se adotar as seguintes estratégias:

  • Auditoria contínua de código: contrate empresas reconhecidas (OpenZeppelin, Quantstamp) para revisões periódicas.
  • Uso de carteiras hardware (Ledger, Trezor) para armazenamento de chaves privadas.
  • Multi‑assinatura (multisig): exija múltiplas aprovações para transações acima de um limite definido.
  • Segregação de ativos: não mantenha todos os fundos em uma única ponte ou pool de liquidez.
  • Monitoramento em tempo real: implemente ferramentas como Forta, PeckShield e Alchemy Notify para detectar comportamentos anômalos.
  • Educação contínua: mantenha-se informado sobre atualizações de segurança e vulnerabilidades divulgadas nas comunidades de desenvolvedores.

Ferramentas recomendadas

Algumas plataformas que auxiliam na proteção contra exploits:

FAQ – Perguntas Frequentes sobre o Multichain Hack

1. O que diferencia o Multichain Hack de outros ataques?

Ao contrário de um roubo que foca em uma única blockchain, o Multichain Hack explorou vulnerabilidades comuns a várias pontes, permitindo a movimentação de ativos entre diferentes redes em questão de minutos.

2. Como saber se meus fundos foram comprometidos?

Verifique os endereços de contrato das pontes que você utilizou e compare com as listas de endereços denunciados pela comunidade. Use exploradores como Etherscan, BscScan ou Polygonscan para rastrear transações suspeitas.

3. Existe alguma forma de recuperar os ativos perdidos?

Até o momento, as autoridades e equipes de resposta estão trabalhando em processos de forensic para rastrear os fundos misturados. A recuperação depende de ações judiciais, acordos com exchanges e cooperação internacional.

4. Devo abandonar o uso de pontes cross‑chain?

Não necessariamente. As pontes são essenciais para a interoperabilidade, mas exigem cautela. Priorize pontes auditadas, com seguros de custódia e que utilizem mecanismos de “fraud proof”.

5. Como proteger meus ativos em DeFi?

Adote a estratégia de “camadas de defesa”: use carteira hardware, habilite 2FA nas exchanges, diversifique entre diferentes protocolos e limite a exposição em pools de alta volatilidade.

Conclusão

O Multichain Hack de 2025 serve como um alerta contundente para a comunidade cripto brasileira: a interoperabilidade traz oportunidades incríveis, mas também expõe vulnerabilidades que podem ser exploradas em escala global. Ao compreender os vetores de ataque, monitorar constantemente a saúde dos contratos e adotar boas práticas de segurança, investidores – sejam iniciantes ou intermediários – podem reduzir significativamente o risco de perdas.

Manter‑se informado, realizar auditorias regulares e diversificar os ativos são pilares fundamentais para navegar com segurança no ecossistema DeFi em constante evolução. O futuro da cripto no Brasil depende da capacidade de aprender com incidentes como este e de construir uma infraestrutura mais resiliente e confiável.