Empréstimo com Criptomoedas: Guia Completo 2025 para Brasileiros

Empréstimo com Criptomoedas: Guia Completo 2025 para Brasileiros

Nos últimos anos, o mercado de criptoativos no Brasil ganhou força, e com ele surgiram novas formas de utilizar esses ativos além da simples compra e venda. Uma das inovações mais impactantes é o empréstimo com criptomoedas, que permite que investidores transformem seus tokens em liquidez sem precisar vendê‑los. Este artigo traz uma análise profunda, técnica e prática sobre como funciona, quais são as vantagens, os riscos, a regulação e como você pode solicitar seu primeiro empréstimo cripto em 2025.

  • Entenda o conceito e os diferentes tipos de empréstimos cripto.
  • Saiba como escolher plataformas confiáveis no Brasil.
  • Compare custos e benefícios frente ao crédito tradicional.
  • Conheça a tributação e a regulamentação vigente.
  • Dicas para minimizar riscos de volatilidade.

O que são empréstimos com criptomoedas?

Definição e funcionamento básico

Um empréstimo com criptomoedas consiste em oferecer um ativo digital como garantia (colateral) para receber um valor em moeda fiduciária (como o Real) ou em stablecoins. O processo segue a lógica de um empréstimo tradicional, porém o colateral não é um bem físico, e sim um token registrado em blockchain. Quando o contrato é fechado, o colateral fica bloqueado em um contrato inteligente ou em uma conta custodial da plataforma, e o valor solicitado é liberado ao usuário.

Tipos de empréstimos cripto

Existem duas categorias principais:

  • Colateralizado: o usuário deposita criptomoedas como garantia. Se o preço do ativo cair abaixo de um limite pré‑definido (margin call), a plataforma pode liquidar parte ou todo o colateral para cobrir o débito.
  • Não colateralizado (ou sem garantia): a plataforma avalia o perfil de crédito do usuário, geralmente baseado em histórico bancário e de transações cripto. Esses empréstimos têm taxas mais altas e limites menores.

Dentro do universo colateralizado, há ainda duas sub‑categorias:

  • DeFi (Finanças Descentralizadas): empréstimos são geridos por contratos inteligentes em protocolos como Aave, Compound ou MakerDAO. Não há intermediário central, e a liquidação ocorre de forma automática.
  • CeFi (Finanças Centralizadas): plataformas como Binance, Mercado Bitcoin ou Nexo atuam como custodiante, oferecendo taxas competitivas e suporte ao cliente.

Como funciona na prática no Brasil?

Plataformas reguladas e operacionais

Em 2025, o ecossistema brasileiro conta com várias opções que atendem às exigências da CVM e do Banco Central. Entre as mais reconhecidas estão:

  • Binance Brasil – oferece empréstimos em USDT, BUSD e Real, com taxa a partir de 4,5% ao ano.
  • Mercado Bitcoin – plataforma local que aceita Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) como colateral, taxa média de 5,2% ao ano.
  • Nexo – solução internacional que aceita stablecoins e oferece crédito em Real via transferência bancária.

Passo a passo para solicitar um empréstimo

  1. Cadastro e verificação (KYC): forneça documentos pessoais, comprovante de residência e, em alguns casos, declarações de renda.
  2. Seleção do ativo colateral: escolha entre BTC, ETH, USDT ou outras moedas aceitas. O valor máximo liberado costuma ser entre 40% e 60% do valor de mercado do colateral.
  3. Definição do valor e prazo: indique quanto deseja receber e por quanto tempo (geralmente de 30 a 365 dias). A taxa anual é exibida antes da confirmação.
  4. Depósito do colateral: envie a criptomoeda para o endereço fornecido pela plataforma. Em protocolos DeFi, isso ocorre via contrato inteligente; em CeFi, a transferência vai para a carteira custodial.
  5. Liberação dos fundos: após a confirmação da transação, o valor solicitado é creditado em sua conta bancária ou em stablecoin.
  6. Reembolso: pague o empréstimo no prazo acordado. Caso deseje liquidar antes, verifique se há penalidade de pré‑pagamento.

Vantagens e riscos dos empréstimos cripto

Principais vantagens

  • Liquidez rápida: com alguns cliques, você transforma BTC ou ETH em dinheiro sem vender o ativo.
  • Taxas competitivas: em geral, são menores que as de cartões de crédito ou empréstimos consignados.
  • Manutenção da exposição ao mercado: ao manter o colateral, você continua beneficiando‑se de possíveis valorizaçãoções.
  • Flexibilidade de moeda: algumas plataformas permitem receber o crédito em stablecoins, facilitando transações internacionais.

Riscos a considerar

  • Volatilidade: quedas bruscas no preço do colateral podem gerar liquidação automática, resultando na perda parcial ou total do ativo.
  • Risco de contraparte: em plataformas CeFi, a segurança depende da solvência da empresa. Falhas de segurança ou insolvência podem comprometer seu colateral.
  • Taxas ocultas: algumas plataformas cobram taxas de abertura, de manutenção ou de conversão de stablecoins. Leia o contrato com atenção.
  • Regulação: mudanças nas normas da CVM ou do Banco Central podem impactar a disponibilidade de serviços.

Aspectos regulatórios e tributários no Brasil

Regulação vigente

Desde 2022, o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adotam uma postura mais clara sobre criptoativos. As plataformas que oferecem empréstimos precisam:

  • Estar registradas como instituições de pagamento ou corretoras autorizadas.
  • Manter políticas de KYC/AML (Conheça Seu Cliente / Anti‑Lavagem de Dinheiro).
  • Reportar operações acima de R$ 30.000 ao Sistema de Informações de Créditos (SIC).

Para o usuário, o principal ponto é a necessidade de declarar os empréstimos e os juros recebidos na declaração de Imposto de Renda.

Tributação de empréstimos cripto

O tratamento tributário segue a Instrução Normativa RFB nº 1.888/2019, que define que:

  • Os juros pagos são considerados rendimentos de capital e devem ser informados na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”.
  • Se o empréstimo for concedido em stablecoin e o usuário mantiver a stablecoin como ativo, eventuais ganhos ou perdas de capital ao vender a stablecoin são tributados como ganho de capital.
  • Em caso de liquidação do colateral, a perda ou ganho resultante da diferença entre o valor de mercado no momento da liquidação e o custo de aquisição deve ser declarado.

Comparativo: Empréstimo tradicional vs. empréstimo com criptomoedas

Taxas e custos

Aspecto Empréstimo tradicional Empréstimo cripto
Taxa de juros anual 12% – 30% (dependendo do perfil) 4,5% – 7% (colateralizado)
Tarifa de abertura R$ 200 – R$ 500 R$ 0 – R$ 150
Garantia exigida Imóvel, veículo ou consignação Criptomoeda (40‑60% LTV)
Prazo 6 a 36 meses 30 a 365 dias (flexível)

Velocidade e burocracia

Enquanto o crédito bancário pode levar de 5 a 15 dias úteis para aprovação, o empréstimo cripto costuma ser liberado em até 24 horas após o depósito do colateral, graças à automação dos contratos inteligentes.

Estratégias para minimizar riscos de volatilidade

Uso de stablecoins como colateral

Algumas plataformas aceitam stablecoins (USDT, BUSD, DAI) como garantia. Como essas moedas são atreladas ao dólar, a volatilidade é significativamente menor, reduzindo o risco de margin call.

Margem de segurança (LTV mais baixa)

Ao escolher um Loan‑to‑Value (LTV) de 40% ao invés de 60%, você cria uma “folga” maior caso o preço do ativo caia. Essa prática, embora resulte em menor valor liberado, protege contra liquidações inesperadas.

Hedging com opções ou futuros

Investidores experientes podem comprar opções de venda (puts) ou abrir posições curtas em futuros para proteger o valor do colateral durante o período do empréstimo. Essa estratégia exige conhecimento avançado e custos adicionais, mas pode evitar perdas substanciais.

Principais pontos a observar antes de contratar

  • Verifique se a plataforma está registrada na CVM ou no Banco Central.
  • Analise a taxa anual efetiva (TAE) e compare com opções de crédito tradicionais.
  • Entenda o mecanismo de liquidação automática e estabeleça limites de LTV adequados.
  • Considere o impacto tributário dos juros e da eventual perda de colateral.
  • Utilize stablecoins ou reduza o LTV para mitigar a volatilidade.

Conclusão

O empréstimo com criptomoedas se consolidou como uma alternativa viável e competitiva ao crédito tradicional no Brasil. Ao oferecer liquidez rápida, taxas menores e a possibilidade de manter a exposição ao mercado cripto, ele atende tanto a investidores iniciantes quanto a usuários intermediários que buscam otimizar seu portfólio. Contudo, a volatilidade dos ativos digitais, o risco de contraparte e a complexidade tributária exigem cautela e planejamento. Escolher plataformas regulamentadas, adotar estratégias de margem de segurança e estar atento às obrigações fiscais são passos essenciais para aproveitar ao máximo essa inovação financeira.