One Network: Guia Completo, Tecnologia e Como Usar no Brasil

O One Network tem ganhado destaque no ecossistema cripto brasileiro como uma solução de layer‑1 que combina alta escalabilidade, segurança robusta e custos de transação extremamente baixos. Neste artigo, vamos analisar a arquitetura, o mecanismo de consenso, a tokenomics, as aplicações práticas e como os usuários podem começar a interagir com a rede, tudo de forma detalhada e orientada para iniciantes e intermediários.

Principais Pontos

  • Arquitetura multi‑shard que permite milhares de transações por segundo.
  • Consenso Effective Proof‑of‑Stake (EPoS) otimizado para descentralização.
  • Token nativo ONE e seu papel na governança e staking.
  • Casos de uso reais no Brasil: DeFi, NFTs, pagamentos instantâneos.

O que é o One Network?

One Network, também conhecido como Harmony One, é uma blockchain pública de código aberto lançada em 2019. Seu objetivo principal é resolver o trilema da blockchain — segurança, descentralização e escalabilidade — por meio de uma combinação única de sharding e um algoritmo de consenso proprietário chamado Effective Proof‑of‑Stake (EPoS). A rede foi projetada para ser amigável ao desenvolvedor, oferecendo SDKs em várias linguagens e integração direta com ferramentas populares como Remix e Truffle.

Visão geral da arquitetura

A arquitetura do One Network se baseia em três pilares:

  1. Sharding de estado e de transação: Cada shard funciona como uma mini‑blockchain independente, processando um subconjunto das transações totais. Isso permite que a rede alcance mais de 10.000 TPS em condições de teste.
  2. Cross‑shard communication: Um protocolo de comunicação assíncrona garante que as transações entre shards sejam validadas de forma segura e rápida, evitando a necessidade de um “hub central”.
  3. EPoS: O algoritmo de consenso combina a segurança do Proof‑of‑Stake tradicional com incentivos de “effective stake”, que penaliza validadores inativos e recompensa participação contínua.

Como o EPoS funciona?

O Effective Proof‑of‑Stake seleciona validadores com base não apenas na quantidade de tokens staked, mas também em métricas de desempenho, como tempo de atividade e latência de rede. Cada ciclo de consenso tem três fases:

  • Seleção de validadores: Um algoritmo pseudo‑aleatório escolhe um conjunto de nós que possuem stake efetivo acima de um limiar definido.
  • Proposta de bloco: Um dos validadores selecionados propõe um bloco contendo transações de um ou mais shards.
  • Finalização: Os demais validadores assinam o bloco; se a maioria atingir o quórum, o bloco é adicionado à cadeia.

Esse mecanismo reduz a centralização típica de PoS, já que grandes detentores de tokens não conseguem monopolizar a validação sem manter alta performance.

Tokenomics: O papel do token ONE

O token nativo da rede, ONE, tem quatro funções principais:

  1. Taxas de transação: Cada operação paga uma taxa em ONE, que costuma ficar entre R$0,001 e R$0,01, tornando micro‑pagamentos viáveis.
  2. Staking e recompensas: Usuários que delegam seus tokens a validadores recebem recompensas automáticas, que atualmente giram em torno de 5‑7% ao ano, dependendo do volume total staked.
  3. Governança: Detentores de ONE podem participar de votações on‑chain sobre atualizações de protocolo, alocação de fundos de desenvolvimento e parcerias estratégicas.
  4. Incentivo a desenvolvedores: O programa Harmony Grants distribui ONE para projetos que contribuam com a infraestrutura ou criem DApps inovadores.

Distribuição inicial e vesting

A alocação inicial de tokens foi feita em três categorias:

  • Fundadores e equipe: 20% com vesting de 4 anos, 25% de cliff.
  • Investidores institucionais: 30% com vesting de 2 anos.
  • Comunidade e ecossistema: 50% distribuído via airdrops, recompensas de staking e programas de incentivo.

Esse modelo visa evitar a concentração excessiva e garantir que a maioria dos tokens esteja em circulação ativa.

Casos de uso no Brasil

Nos últimos dois anos, o One Network tem sido adotado por startups brasileiras que buscam soluções de pagamento instantâneo e marketplaces de NFTs. Abaixo, alguns exemplos concretos:

DeFi: Plataforma de empréstimos descentralizados

A Harmony Lending permite que usuários façam empréstimos em stablecoins com garantia em ONE ou ativos tokenizados. Taxas de juros são calculadas em tempo real por meio de algoritmos de mercado automatizado (AMM) e o risco de liquidação é mitigado por oráculos de preço confiáveis.

Pagamentos de varejo

Varejistas como MercadoTech integraram o One Network ao seu POS (point‑of‑sale), possibilitando que consumidores paguem com ONE a partir de carteiras móveis como MetaMask ou Harmony Wallet. O custo de transação quase nulo permite que o varejo ofereça descontos de até 1% para pagamentos em cripto.

Marketplace de NFTs de arte digital

O NFT Art Brasil utiliza o One Network para cunhar obras de artistas locais. A velocidade de mintagem (menos de 5 segundos) e o baixo custo favorecem criadores que antes evitavam blockchains caras como Ethereum.

Como começar a usar o One Network

Para quem está iniciando, os passos são simples:

  1. Crie uma carteira compatível: Baixe a Harmony Wallet ou use extensões como MetaMask configuradas para a rede Harmony Mainnet.
  2. Adquira tokens ONE: Compre ONE em exchanges brasileiras como Mercado Bitcoin ou Binance Brasil. O preço atual (23/11/2025) está em torno de R$0,30 por token.
  3. Faça staking: Delegue seus tokens a um validador confiável através da interface da carteira. Lembre‑se de verificar a taxa de comissão do validador.
  4. Explore DApps: Visite o hub de DApps Harmony e experimente swaps, empréstimos ou marketplaces de NFTs.

Dicas de segurança

  • Never share your private key or seed phrase.
  • Use autenticação de dois fatores (2FA) nas exchanges.
  • Verifique sempre o endereço do contrato antes de interagir.
  • Considere usar uma carteira hardware como Ledger ou Trezor para armazenar grandes quantidades de ONE.

Comparativo com outras blockchains brasileiras

Embora o One Network seja global, ele compete diretamente com outras soluções que têm foco no mercado latino‑americano, como a Polygon, Solana e a emergente Cardano. A tabela abaixo resume as principais diferenças:

Característica One Network Polygon Solana Cardano
TPS (teórico) 10.000+ 7.000 65.000 250
Custo médio por tx R$0,005 R$0,01 R$0,001 R$0,02
Consenso EPoS PoS Proof‑of‑History + PoS Ouroboros PoS
Descentralização Alta (validador mínimo 100) Média Baixa (top 20 validadores) Alta

Roadmap e desenvolvimento futuro

O time da Harmony publica atualizações trimestrais no seu GitHub. As metas para 2025 incluem:

  • Expansão de shards: Passar de 4 para 10 shards, dobrando a capacidade de processamento.
  • Integração com oráculos descentralizados: Parceria com Chainlink para melhorar a precisão de preços em DApps DeFi.
  • Suporte a contratos inteligentes em Rust: Ampliar a base de desenvolvedores que preferem linguagens de baixo nível.
  • Programas de incentivos para desenvolvedores brasileiros: Hackathons regionais com prêmios em ONE e mentorias.

Impacto ambiental

Por ser um protocolo PoS, o One Network consome menos de 0,01% da energia utilizada por blockchains baseadas em Proof‑of‑Work. Estudos independentes indicam que a pegada de carbono por transação está na ordem de 0,0001 kg CO₂, tornando a rede uma opção sustentável para usuários preocupados com o meio ambiente.

Conclusão

O One Network se destaca como uma plataforma escalável, de baixo custo e com forte foco em segurança, atributos essenciais para o crescimento do ecossistema cripto no Brasil. Seja para desenvolvedores que desejam criar DApps de alta performance, investidores que buscam rendimentos via staking ou comerciantes que desejam oferecer pagamentos instantâneos, a rede oferece ferramentas robustas e uma comunidade em expansão. Ao acompanhar o roadmap e participar dos programas de incentivo, os usuários brasileiros podem não apenas usar a tecnologia, mas também moldar seu futuro.