The Merge Ethereum: O Guia Definitivo para Cripto Investidores 2025

Introdução ao The Merge

Em 15 de setembro de 2022, a comunidade Ethereum realizou um dos eventos mais esperados da história das criptomoedas: o The Merge. Essa transição marcou a mudança do mecanismo de consenso de Proof of Work (PoW) para Proof of Stake (PoS), prometendo reduzir o consumo energético da rede em mais de 99%, melhorar a segurança e abrir caminho para futuras atualizações de escalabilidade, como o sharding. Para usuários brasileiros, especialmente aqueles que estão iniciando ou já possuem algum conhecimento intermediário, entender o que aconteceu, como funciona e quais são os impactos práticos é essencial para tomar decisões informadas.

Por que o The Merge é tão relevante?

Além da questão ambiental, o Merge influencia diretamente a dinâmica de staking, a emissão de novos ETH, as taxas de transação (gas) e até mesmo a forma como desenvolvedores constroem aplicações descentralizadas (dApps) na rede. Neste guia completo, vamos analisar cada aspecto técnico, econômico e regulatório, sempre com foco no público brasileiro.

Principais Pontos

  • O que é o The Merge e como ele funciona
  • Diferenças entre Proof of Work e Proof of Stake
  • Impactos ambientais e de consumo energético
  • Como o Merge afeta o preço do ETH e oportunidades de staking
  • Implicações para desenvolvedores e usuários de dApps no Brasil

O que é o The Merge?

O termo “The Merge” (ou simplesmente “Merge”) refere‑se à fusão de duas cadeias de blocos distintas que já existiam na rede Ethereum: a Beacon Chain, que operava exclusivamente com PoS desde dezembro de 2020, e a Execution Layer (a cadeia original de PoW). A união dessas duas camadas resultou em uma única rede unificada, onde a validação de blocos passa a ser feita por validadores que depositam ETH como garantia, em vez de mineradores que consomem energia computacional.

Histórico da Beacon Chain

A Beacon Chain foi lançada como um teste de conceito para PoS, permitindo que usuários depositassem 32 ETH em um contrato inteligente para se tornarem validadores. Durante quase dois anos, a Beacon Chain funcionou paralelamente à cadeia principal, mas sem processar transações de contratos inteligentes. Essa fase de teste foi fundamental para validar a segurança do PoS antes da fusão definitiva.

Motivações da mudança

A principal motivação foi a necessidade de reduzir o alto consumo energético associado ao PoW, que, segundo estimativas, equivalia ao consumo de energia de países como a Grécia. Além disso, o PoS oferece maior escalabilidade teórica, menor tempo de finalização de blocos e a possibilidade de implementar upgrades futuros com menor risco de hard forks.

Como funciona a transição para Proof of Stake

Para compreender o Merge, é preciso entender os mecanismos subjacentes ao PoS e como eles substituíram o PoW.

Conceitos de PoW vs PoS

Proof of Work exige que mineradores resolvam cálculos complexos (hashes) para propor um bloco. Quem resolve primeiro recebe a recompensa em ETH e as taxas de transação. Esse processo consome energia de forma intensiva.

Proof of Stake, por outro lado, seleciona validadores de forma pseudo‑aleatória, ponderada pela quantidade de ETH que eles “apostaram” (staking). Os validadores são responsáveis por propor e validar blocos. Caso um validador se comporte de forma maliciosa, ele pode perder parte do seu depósito (slashing).

Beacon Chain e Execution Layer

A Beacon Chain mantém o consenso de PoS, coordenando os validadores, definindo quem propõe blocos e gerenciando recompensas. A Execution Layer, por sua vez, continua a processar transações de contratos inteligentes, transferências de tokens e interações de dApps. O Merge sincroniza essas duas camadas, permitindo que a Beacon Chain dê consenso aos blocos da Execution Layer.

Processo de Merge

O Merge ocorreu em três etapas principais:

  1. Preparação: atualização dos nós para versões compatíveis com a fusão, incluindo a ativação da forkchoiceUpdated e a implementação do syncCommittee.
  2. Sincronização: a Beacon Chain começou a monitorar a Execution Layer, verificando o estado da cadeia de PoW.
  3. Fusão: em um bloco específico (bloco 15.537.346), a Execution Layer foi oficialmente “anexada” à Beacon Chain, e o consenso passou totalmente para PoS.

Desde então, não há mais mineração de ETH; toda a segurança da rede depende dos validadores que mantêm seus ETH em staking.

Impactos Técnicos do Merge

O Merge trouxe mudanças profundas que afetam tanto desenvolvedores quanto usuários finais.

Segurança e descentralização

O PoS reduz a vulnerabilidade a ataques de 51%, pois seria necessário adquirir mais de 50% do total de ETH em staking, o que representa um custo muito maior que a compra de hardware de mineração. Além disso, a participação de validadores pode ser feita por meio de pools de staking, aumentando a descentralização.

Escalabilidade

Embora o Merge por si só não aumente a capacidade de transações, ele prepara a rede para a próxima fase: o sharding. Ao separar a execução de transações em múltiplas “shards”, a rede poderá processar milhares de transações por segundo, reduzindo ainda mais as taxas de gas.

Compatibilidade com contratos existentes

Um dos maiores desafios foi garantir que contratos inteligentes já implantados continuassem funcionando sem alterações. O Merge foi projetado para ser totalmente compatível com a EVM (Ethereum Virtual Machine), preservando o estado dos contratos, saldos de contas e histórico de transações. Isso significa que dApps como Uniswap, Aave e os NFTs permanecem operacionais.

Impactos Econômicos e de Mercado

Para investidores brasileiros, os efeitos econômicos do Merge são tão importantes quanto os técnicos.

Preço do ETH

O fornecimento de novos ETH foi drasticamente reduzido, pois o mecanismo de emissão mudou de 4,3% ao ano (aprox.) para cerca de 0,5% ao ano, dependendo da taxa de participação no staking. Essa diminuição da inflação, combinada com a percepção de menor risco de ataque, contribuiu para uma valorização gradual do ETH nos meses seguintes ao Merge. Em 2025, o preço médio do ETH oscila entre R$ 12.000 e R$ 15.000, com volatilidade típica do mercado cripto.

Staking e rendimentos

Os validadores recebem recompensas anuais que variam de 4% a 6% em ETH, dependendo da taxa de participação (quanto maior a participação, menor a recompensa). Para o investidor brasileiro, isso significa a possibilidade de obter renda passiva em ETH, que pode ser convertida para reais via corretoras como Mercado Bitcoin, Binance Brasil ou NovaDAX.

Taxas de transação (gas)

Com a redução de emissão e a expectativa de menor congestionamento, as taxas de gas tendem a ficar mais estáveis. Em 2024‑2025, a média de gas price ficou entre 20 e 40 gwei, o que equivale a aproximadamente R$ 0,02 a R$ 0,05 por transação simples. Assim, usuários finais pagam menos para interagir com dApps, tornando a rede mais acessível.

Benefícios Ambientais

O impacto ambiental do Merge é talvez seu aspecto mais citado na mídia. De acordo com o Ethereum Foundation, o consumo energético da rede caiu de cerca de 120 TWh/ano (antes do Merge) para menos de 1 TWh/ano após a transição. Essa redução equivale a menos de 0,01% da pegada de carbono global, colocando o Ethereum em posição de liderança entre blockchains de alta performance.

Como participar do staking pós-Merge

Se você deseja ganhar rendimentos com seu ETH, há três caminhos principais:

Staking direto (32 ETH)

Ao depositar 32 ETH em um contrato da Beacon Chain, você se torna um validador completo, recebendo recompensas totais e participando da governança da rede. Essa opção exige conhecimentos técnicos para operar um nó próprio.

Staking em pools

Plataformas como Lido, StakeWise e corretoras brasileiras (ex.: Binance, Mercado Bitcoin) permitem que você faça staking com quantias menores, recebendo tokens representativos (ex.: stETH) que podem ser negociados.

Staking via serviços de custódia

Algumas instituições financeiras oferecem serviços de staking custodiados, onde a corretora gerencia todo o processo e paga rendimentos mensais em reais. Essa opção é a mais simples para quem não quer lidar com chaves privadas.

Independentemente da escolha, é essencial avaliar riscos como slashing, falhas de infraestrutura e a volatilidade do preço do ETH.

FAQ – Perguntas Frequentes

Confira as dúvidas mais comuns sobre o The Merge:

  • O Merge afeta meus tokens ERC‑20? Não. Todos os tokens permanecem intactos.
  • Preciso trocar meus ETH por outra moeda? Não. O ETH continua sendo a mesma moeda, apenas com novo mecanismo de consenso.
  • Como saber se meu wallet está compatível? Atualize para a última versão do MetaMask, Trust Wallet ou carteira hardware como Ledger.
  • O staking é seguro? Sim, desde que você escolha serviços confiáveis e siga boas práticas de segurança.

Conclusão

O The Merge representa um marco histórico não só para o Ethereum, mas para todo o ecossistema de criptomoedas. Ao migrar de Proof of Work para Proof of Stake, a rede ganhou eficiência energética, maior segurança e abriu caminho para upgrades de escalabilidade que prometem transformar a forma como usuários brasileiros interagem com finanças descentralizadas, NFTs e dApps.

Para investidores, o Merge trouxe novas oportunidades de renda passiva via staking, ao mesmo tempo em que reduziu a inflação do ETH, potencializando valorização de longo prazo. Para desenvolvedores, a compatibilidade total com contratos existentes garante que a transição seja transparente, permitindo focar em inovações como sharding e rollups.

Se você ainda não está familiarizado com os benefícios do PoS, agora é o momento ideal para aprofundar seus conhecimentos, atualizar suas carteiras e considerar estratégias de staking que se alinhem ao seu perfil de risco. O futuro do Ethereum está em constante evolução, e estar bem informado é a melhor forma de aproveitar as oportunidades que surgirem.