Opções para proteger seu portfólio de cripto em 2025

Opções para proteger seu portfólio de cripto em 2025

O mercado de criptomoedas evoluiu rapidamente nos últimos anos, trazendo oportunidades de ganhos expressivos, mas também expondo investidores a volatilidade extrema. Para quem já possui ativos digitais – seja Bitcoin, Ethereum ou tokens menores – a pergunta que surge com frequência é: como proteger esse portfólio contra quedas inesperadas sem abrir mão do potencial de valorização? Uma das respostas mais eficientes vem do universo dos derivativos, especificamente das opções. Neste artigo, vamos mergulhar nas estratégias com opções que permitem blindar seu investimento, reduzir risco e ainda potencializar retornos, tudo explicado de forma clara para usuários iniciantes e intermediários.

Principais Pontos

  • O que são opções e como elas funcionam no contexto das criptomoedas.
  • Diferença entre protective put, collar e covered call.
  • Como montar uma estratégia de hedge passo a passo.
  • Custos, impostos e risco associado ao uso de opções.
  • Plataformas brasileiras que oferecem negociação de opções de cripto.

Entendendo as opções no mercado de criptomoedas

Antes de aplicar qualquer estratégia, é fundamental compreender o que são opções. Em termos simples, uma opção é um contrato que concede ao comprador o direito, mas não a obrigação, de comprar (call) ou vender (put) um ativo a um preço pré‑definido (o strike price) até uma data de vencimento específica.

No universo cripto, as opções são negociadas em plataformas especializadas, como a Deribit, OKX ou corretoras brasileiras que começaram a oferecer esses produtos, como a BitPreço. Elas permitem que investidores criem “seguros” para seus ativos, semelhante ao que ocorre nos mercados de ações e commodities.

Tipos de opções

Existem duas categorias principais:

  • Call: dá ao comprador o direito de comprar o ativo a um preço determinado.
  • Put: dá ao comprador o direito de vender o ativo a um preço determinado.

Além disso, as opções podem ser Americanas (exercíveis a qualquer momento até o vencimento) ou Europeias (exercíveis apenas no vencimento). A maioria das opções de cripto disponíveis nas exchanges globais são do tipo europeu, mas algumas corretoras brasileiras já oferecem versões americanas para maior flexibilidade.

Principais estratégias de proteção

A seguir, apresentamos as estratégias mais usadas por investidores que desejam proteger seus portfólios de cripto, explicando como funcionam, quando utilizá‑las e quais são os custos envolvidos.

1. Protective Put (Put de proteção)

Esta é a estratégia mais direta para limitar perdas. Consiste em comprar uma opção de venda (put) para um ativo que você já possui. Caso o preço da criptomoeda caia abaixo do strike, você pode exercer a put e vender a moeda pelo preço previamente acordado, limitando a perda.

Exemplo prático: Você possui 2 BTC comprados a R$ 250.000 cada (total R$ 500.000). Compra uma put com strike de R$ 220.000 e vencimento em 90 dias, pagando um prêmio de R$ 5.000 por contrato. Se o preço do Bitcoin cair para R$ 180.000, você exerce a put e vende seus BTC a R$ 220.000, limitando sua perda a R$ 30.000 (mais o prêmio pago).

Essa estratégia funciona como um seguro: você paga o prêmio (R$ 5.000) para garantir um piso no preço.

2. Collar (Colar)

O collar combina duas opções: compra de uma put (para limitar a baixa) e venda de uma call (para financiar parte do custo da put). O resultado é uma faixa de preço dentro da qual seu investimento ficará protegido.

Exemplo: Mantendo os mesmos 2 BTC, você compra uma put de R$ 220.000 (prêmio R$ 5.000) e vende uma call de R$ 280.000 (recebendo R$ 4.500). O custo líquido da estratégia é R$ 500, e seu portfólio fica protegido entre R$ 220.000 e R$ 280.000. Se o preço subir acima de R$ 280.000, você será obrigado a vender seus BTC a esse preço, sacrificando parte da alta, mas já recebeu o prêmio que ajudou a reduzir o custo da proteção.

O collar é especialmente útil quando o investidor quer manter a posição, mas está disposto a limitar o upside em troca de proteção mais barata.

3. Covered Call (Call coberta)

Nesta estratégia, o investidor já possui a criptomoeda (por exemplo, 10 ETH) e vende opções de compra (calls) sobre esses ativos. Se o preço subir acima do strike, a call será exercida e você venderá a criptomoeda ao preço acordado, garantindo um lucro limitado, mas recebendo o prêmio da call como renda extra.

Embora não seja um hedge clássico contra queda, a covered call gera renda que pode ser usada para compensar pequenas desvalorizações, funcionando como um “buffer” adicional.

4. Straddle e Strangle (Estratégias de volatilidade)

Essas estratégias são úteis quando se espera alta volatilidade, mas não se tem certeza da direção. Um straddle consiste em comprar simultaneamente uma call e uma put com o mesmo strike e vencimento. Um strangle compra uma call e uma put com strikes diferentes (call acima do preço atual, put abaixo).

Se o preço do ativo se mover significativamente em qualquer direção, o ganho em uma das opções compensará a perda da outra, podendo gerar lucro mesmo em mercados voláteis.

Essas estratégias são mais caras (duplo prêmio) e recomendadas para investidores com maior tolerância ao risco.

5. Hedging de volatilidade com opções de Bitcoin (BTC)

Algumas corretoras oferecem opções de volatilidade implícita, semelhantes ao VIX tradicional. Investir nesses contratos pode ser uma forma indireta de proteger seu portfólio contra picos de volatilidade que geralmente precedem quedas abruptas.

Embora ainda seja um mercado de nicho no Brasil, plataformas como a Deribit disponibilizam contratos de volatilidade que podem ser usados como complemento ao hedge tradicional.

Como montar a estratégia passo a passo

  1. Defina o objetivo de proteção: limite de perda máximo que você aceita (por exemplo, 15% do valor total).
  2. Escolha a criptomoeda e o tamanho da posição: quantos BTC, ETH ou tokens você quer proteger.
  3. Selecione o strike adequado: geralmente 5‑10% abaixo do preço atual para puts de proteção.
  4. Determine o prazo: opções com vencimento entre 30 e 90 dias são as mais usadas, equilibrando custo e proteção.
  5. Calcule o custo (prêmio): multiplique o preço da opção pelo número de contratos (cada contrato costuma representar 1 BTC ou 10 ETH, dependendo da exchange).
  6. Execute a ordem: use a plataforma de sua corretora, colocando a ordem de compra da put ou a combinação de put e call (collar).
  7. Acompanhe o mercado: se o preço se aproximar do strike, decida se exerce a opção ou rola a posição para um novo vencimento.
  8. Considere os impostos: no Brasil, ganhos com opções são tributados como ganho de capital (15% sobre o lucro), e perdas podem ser compensadas em exercícios futuros.

Custos e considerações fiscais

Além do prêmio da opção, há taxas de corretagem, spread e, em algumas plataformas, taxa de liquidação. Esses custos podem variar de 0,1% a 0,5% do valor negociado. É essencial incluir esses valores no cálculo do ponto de equilíbrio da estratégia.

Do ponto de vista fiscal, a Receita Federal exige que você informe tanto a compra quanto a venda de opções no programa de ganho de capital. O custo da opção (prêmio) pode ser deduzido do lucro obtido com a venda ou exercício da mesma, reduzindo a base de cálculo do imposto.

Ferramentas e plataformas recomendadas no Brasil

Para quem busca praticidade e suporte em português, as seguintes plataformas são destaque:

  • BitPreço – oferece opções de BTC e ETH com interface intuitiva.
  • Nova DEX – exchange descentralizada que permite a criação de opções via contratos inteligentes.
  • Deribit – líder mundial, aceita clientes brasileiros e tem alta liquidez.
  • OKX – plataforma global com opções de múltiplas criptos e suporte em português.

Antes de abrir conta, verifique a regulamentação da corretora junto à CVM e a disponibilidade de suporte ao cliente em português.

Riscos e limites das estratégias com opções

Embora as opções ofereçam proteção, elas não são isentas de riscos:

  • Perda total do prêmio: se o preço da criptomoeda não atingir o strike, a put comprada expira sem valor.
  • Risco de liquidez: algumas opções de tokens menores podem ter baixa profundidade de mercado, dificultando a entrada ou saída.
  • Risco de margem: ao vender calls (covered call ou collar), pode ser exigido colateral adicional caso o preço suba muito.
  • Impacto fiscal: ganhos frequentes podem gerar alta carga tributária se não houver planejamento.

Portanto, é recomendável começar com pequenas posições, testar a estratégia em ambientes de simulação e, se possível, contar com a assessoria de um profissional de investimentos.

Conclusão

As opções são ferramentas poderosas que permitem ao investidor brasileiro de criptomoedas transformar volatilidade em oportunidade de proteção. Estratégias como protective put, collar e covered call podem ser adaptadas a diferentes perfis de risco, oferecendo um “seguro” contra quedas bruscas sem sacrificar totalmente o potencial de alta. Contudo, é crucial entender os custos, a tributação e a liquidez dos contratos antes de aplicar a estratégia.

Ao implementar um plano de hedge bem estruturado, você ganha tranquilidade para focar no longo prazo, acompanha o mercado com mais confiança e protege seu patrimônio contra surpresas negativas. Comece estudando o guia básico de criptomoedas, abra conta em uma corretora que ofereça opções e teste a estratégia em um pequeno lote. Com disciplina e aprendizado contínuo, as opções podem se tornar o alicerce de um portfólio de cripto mais resiliente e rentável.