Doações de Caridade com Criptomoedas: Guia Completo 2025
As criptomoedas deixaram de ser apenas um ativo especulativo para se tornar uma ferramenta poderosa em diferentes setores, inclusive no terceiro setor. Em 2025, milhares de organizações não‑governamentais (ONGs) brasileiras aceitam Bitcoin, Ethereum e outras moedas digitais como forma de apoio financeiro. Este artigo aprofunda todos os aspectos técnicos, legais e práticos para que você, usuário brasileiro de cripto – seja iniciante ou intermediário – possa doar com segurança, transparência e eficiência.
Principais Pontos
- Entenda como funcionam as transações de criptomoedas para doação.
- Conheça as principais plataformas e wallets que facilitam o processo.
- Saiba quais são as exigências legais e tributárias no Brasil.
- Aprenda boas práticas de segurança para evitar fraudes.
- Veja casos de sucesso de ONGs que já utilizam cripto.
O que são criptomoedas e como funcionam?
Criptomoedas são ativos digitais descentralizados que utilizam a tecnologia de blockchain para registrar transações de forma imutável e transparente. Cada operação é validada por uma rede de nós (computadores) que garantem a integridade dos dados sem a necessidade de intermediários como bancos ou governos.
Para quem ainda está começando, a lógica básica envolve três componentes:
- Carteira (wallet): um aplicativo ou hardware que gera chaves públicas (endereço) e privadas (assinatura).
- Chave pública: equivalente a um número de conta bancária, usada para receber fundos.
- Chave privada: equivalente a uma senha, que permite autorizar a transferência dos recursos.
Ao enviar criptomoedas, o remetente assina digitalmente a transação com sua chave privada, e a rede valida o movimento antes de registrá‑lo no blockchain. Esse processo ocorre em poucos minutos (ou segundos, dependendo da rede) e com taxas que variam de poucos centavos a alguns reais, muito abaixo das tarifas de cartões de crédito ou transferências internacionais.
Por que usar criptomoedas para doações de caridade?
Doar em cripto oferece vantagens exclusivas que podem transformar a forma como as ONGs captam recursos:
- Transparência total: cada transação pode ser rastreada publicamente, reduzindo o risco de desvio de fundos.
- Baixo custo de transferência: especialmente em doações internacionais, as taxas são significativamente menores que as de bancos tradicionais.
- Velocidade: fundos chegam em minutos, sem burocracia de aprovação bancária.
- Inclusão financeira: pessoas sem conta bancária podem doar usando apenas um smartphone.
- Apelo a novos públicos: a comunidade cripto costuma ser engajada em projetos de impacto social.
Além disso, a volatilidade das criptomoedas pode ser vantajosa para a ONG, que pode converter os ativos no momento mais favorável ou mantê‑los como reserva de valor.
Principais plataformas e wallets para doações
Existem diversas soluções que simplificam o processo de doação em cripto. Abaixo, listamos as mais usadas no Brasil, com foco em usabilidade, segurança e integração com ONGs:
1. BitPay
Serviço de pagamento que permite que organizações recebam Bitcoin e Ethereum e convertam automaticamente para reais (R$). Ideal para quem quer evitar a exposição à volatilidade.
2. CoinGate
Plataforma que aceita mais de 50 moedas digitais, oferece widgets de doação personalizáveis e relatórios fiscais automatizados.
3. GiveCrypto
Rede sem fins lucrativos que conecta doadores a projetos de ajuda humanitária. O processo é totalmente gratuito e baseado em contratos inteligentes.
4. Carteiras móveis (Trust Wallet, MetaMask)
Para quem prefere controle total, essas wallets permitem enviar diretamente para o endereço da ONG, sem intermediários. É crucial que a ONG disponibilize seu endereço público em seu site oficial.
Para aprofundar o uso de wallets, consulte nosso Guia de Criptomoedas.
Como escolher uma ONG que aceita cripto
Nem todas as organizações estão preparadas para lidar com ativos digitais. Considere os seguintes critérios antes de doar:
- Transparência: a ONG deve publicar seu endereço de carteira e auditorias de fluxo de fundos.
- Compliance: verifique se a entidade possui políticas anti‑lavagem de dinheiro (AML) e conhece as obrigações fiscais.
- Conversão: algumas ONGs convertem imediatamente para reais, outras mantêm os cripto. Defina sua preferência.
- Reputação: procure avaliações em sites como Brasil Transparente ou relatórios de auditoria de terceiros.
Exemplos de ONGs brasileiras que aceitam criptomoedas em 2025 incluem:
- Instituto Socioambiental (ISA)
- Projeto Tamar
- Banco de Alimentos
- Fundação Abrinq
Aspectos legais e tributários no Brasil
A Receita Federal reconhece criptomoedas como bens e ativos financeiros. A doação de cripto pode gerar benefícios fiscais, mas é preciso observar algumas regras:
1. Declaração de bens
Doadores devem informar as criptomoedas na Declaração de Imposto de Renda (DIRPF), na ficha “Bens e Direitos”, utilizando o código 81. O valor a ser declarado corresponde ao preço de aquisição ou ao valor de mercado na data da doação, conforme o passo a passo de doação.
2. Doação com isenção de IR
Conforme a Instrução Normativa RFB 1.888/2019, doações de bens móveis (incluindo cripto) entre pessoas físicas são isentas de Imposto de Renda, desde que não haja contrapartida e que o valor anual não ultrapasse R$ 40 mil. Excedendo esse limite, pode ser necessário recolher o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre a operação.
3. Nota Fiscal e recibo
ONGs devem emitir recibo de doação, contendo o endereço da carteira, a quantidade de cripto recebida e a data. Esse documento é essencial para que o doador possa comprovar a dedução no IR.
4. Lavagem de dinheiro
Doadores devem garantir que a origem dos recursos seja lícita. As plataformas de pagamento (BitPay, CoinGate) realizam KYC (Know Your Customer) e AML, reduzindo riscos de bloqueio de fundos.
Segurança e boas práticas
Embora as transações sejam seguras por design, a vulnerabilidade humana ainda é o ponto mais fraco. Siga estas recomendações:
- Use hardware wallets (Ledger, Trezor) para armazenar grandes quantias antes da doação.
- Verifique duas vezes o endereço da ONG. Copie‑e‑cole pode gerar erros de caracteres semelhantes.
- Ative autenticação de dois fatores (2FA) nas contas das exchanges.
- Não compartilhe sua chave privada com ninguém, nem mesmo com a ONG.
- Faça backup das seed phrases em local offline e seguro.
Estudos de caso no Brasil
UNICEF Brasil – Doação de Bitcoin
Em 2023, o UNICEF lançou a campanha “#CryptoForChildren”, recebendo mais de US$ 2,5 milhões em Bitcoin. O fundo foi convertido em reais para financiar projetos de educação digital em áreas vulneráveis.
Projeto Tamar – Ethereum para conservação marinha
O Projeto Tamar aceita doações em Ethereum e, através de contratos inteligentes, distribui automaticamente parte dos fundos para comunidades locais que colaboram com a proteção das tartarugas.
Banco de Alimentos – Stablecoins como USDT
Para evitar a volatilidade, o Banco de Alimentos adotou stablecoins atreladas ao dólar (USDT). Assim, consegue planejar compras de alimentos com maior previsibilidade de custos.
Passo a passo para fazer uma doação em cripto
- Escolha a ONG que aceita o tipo de cripto que você possui.
- Localize o endereço de carteira no site oficial ou na página de doação da ONG.
- Abra sua wallet (por exemplo, Trust Wallet).
- Selecione a criptomoeda que deseja doar e insira o endereço da ONG.
- Defina o valor a ser enviado. Considere a taxa de rede (gas).
- Confirme a transação inserindo sua senha ou aprovando via biometria.
- Guarde o comprovante (hash da transação) e solicite o recibo à ONG.
- Atualize sua declaração de IR com as informações da doação.
Para um tutorial visual, acesse nosso artigo Como fazer doação em cripto.
Perguntas Frequentes (FAQ)
É seguro doar criptomoedas para ONGs?
Sim, desde que a ONG publique seu endereço de carteira e siga boas práticas de compliance. Use sempre wallets confiáveis e confirme o endereço antes de enviar.
Posso doar qualquer quantidade?
Não há limite mínimo. Contudo, para valores acima de R$ 40 mil, a Receita Federal pode exigir declaração detalhada e, possivelmente, recolhimento de IOF.
Como a ONG converte a doação?
Algumas utilizam serviços como BitPay para conversão automática. Outras mantêm o cripto como reserva de valor ou utilizam stablecoins para minimizar risco de volatilidade.
Existe dedução fiscal?
Sim. Doações a projetos culturais, educacionais e de assistência social registrados como OSCIP ou Fundos de Direitos da Criança e do Adolescente podem ser deduzidas até 6% do imposto devido, conforme a Lei nº 9.250/95.
Conclusão
Doar em criptomoedas no Brasil já é uma realidade consolidada e traz benefícios claros de transparência, rapidez e custo reduzido. Contudo, é fundamental que doadores e ONGs compreendam as nuances legais, tributárias e de segurança para evitar armadilhas. Ao seguir as boas práticas descritas neste guia, você contribui para causas sociais de forma moderna e eficaz, aproveitando todo o potencial da blockchain para transformar o mundo.
Se ainda tiver dúvidas, consulte nosso FAQ completo sobre cripto ou fale com um consultor especializado em tributação de ativos digitais.