Introdução
Desde que a Revolut entrou no mercado brasileiro, milhares de usuários têm se perguntado se a plataforma é realmente uma boa alternativa para comprar, vender e guardar criptomoedas. Neste artigo, vamos analisar em profundidade todos os aspectos técnicos, econômicos e regulatórios que envolvem o uso da Revolut para cripto, comparando-a com corretoras nacionais e internacionais. Se você é iniciante ou já tem alguma experiência no universo das moedas digitais, encontrará aqui informações suficientes para decidir se vale a pena abrir uma conta e operar com cripto na Revolut.
Principais Pontos
- Taxas de compra/venda e spreads aplicados pela Revolut.
- Tipos de cripto disponíveis na plataforma.
- Segurança, custodiante e seguros de ativos.
- Integração com a conta bancária brasileira e limites de saque.
- Regulamentação da Revolut no Brasil e implicações fiscais.
- Comparativo de custos e funcionalidades com corretoras locais como Mercado Bitcoin, Binance Brasil e Foxbit.
O que é a Revolut?
A Revolut é uma fintech britânica fundada em 2015 que oferece serviços de conta corrente, cartão de débito, câmbio de moedas, investimentos em ações e, mais recentemente, negociação de criptomoedas. A empresa opera em mais de 35 países e, a partir de 2023, passou a aceitar clientes brasileiros, permitindo a integração com contas bancárias locais e a conversão automática de reais (BRL) para as moedas suportadas.
Como funciona a compra de criptomoedas na Revolut
Na Revolut, o processo de aquisição de cripto é bastante simplificado:
- Abra uma conta Revolut e complete a verificação de identidade (KYC).
- Adicione fundos à sua conta usando transferência bancária (TED/DOC) ou cartão de crédito/débito.
- Na aba “Crypto”, escolha a moeda que deseja comprar (Bitcoin, Ethereum, Litecoin, Ripple, Bitcoin Cash e algumas stablecoins).
- Indique o valor em reais que será convertido e confirme a operação.
O câmbio ocorre em tempo real, com a taxa de mercado acrescida de um spread que varia de acordo com o plano (Standard, Premium ou Metal). O usuário não tem acesso às chaves privadas da carteira; a Revolut mantém a custódia das criptomoedas em contas institucionais e, em alguns casos, utiliza seguros contra perdas decorrentes de falhas operacionais.
Taxas e custos
Entender a estrutura de custos é fundamental para avaliar se a Revolut é competitiva. As principais tarifas são:
- Spread de negociação: 1,5 % a 2,5 % no plano Standard, 1 % a 1,5 % nos planos Premium e Metal.
- Taxa de conversão de moeda: quando o usuário paga em reais e a cripto está cotada em dólares, a Revolut aplica um markup de 0,5 % ao câmbio interbancário.
- Tarifa de saque em caixa‑eletrônico: R$ 6,00 por operação (gratuita para usuários Metal).
- Limites de compra: até R$ 5.000 por mês no plano Standard, R$ 25.000 no Premium e R$ 50.000 no Metal.
Comparado a corretoras brasileiras, onde o spread costuma ficar entre 0,2 % e 0,5 % e a taxa de retirada pode ser de R$ 4,00 a R$ 8,00, a Revolut apresenta custos mais elevados, sobretudo para usuários que operam em volumes maiores.
Segurança e custódia
A segurança das criptomoedas na Revolut depende de três pilares:
- Custódia institucional: os ativos são armazenados em carteiras frias (cold wallets) gerenciadas por terceiros certificados, como a BitGo ou Coinbase Custody.
- Seguros: a empresa afirma possuir cobertura de até US$ 100 mil contra perdas por violação de segurança, embora o seguro não cubra risco de mercado.
- Autenticação de dois fatores (2FA): obrigatória para todas as contas, com opção de uso de aplicativos como Google Authenticator ou códigos via SMS.
No entanto, a principal limitação é a ausência de controle direto das chaves privadas. Usuários que desejam a autocustódia (possuir suas próprias chaves) não encontrarão suporte na Revolut, o que pode ser um ponto negativo para investidores mais avançados.
Comparativo com corretoras brasileiras
Abaixo, apresentamos um comparativo resumido entre a Revolut e três das maiores corretoras do Brasil (Mercado Bitcoin, Binance Brasil e Foxbit) em termos de custos, variedade de cripto, limites e segurança.
| Critério | Revolut | Mercado Bitcoin | Binance Brasil | Foxbit |
|---|---|---|---|---|
| Spread médio | 1,5 % – 2,5 % | 0,2 % – 0,5 % | 0,1 % – 0,3 % | 0,3 % – 0,6 % |
| Taxa de saque (R$) | R$ 6,00 (gratuita Metal) | R$ 4,00 – 8,00 | Gratuita até R$ 10 mil/mês | R$ 5,00 |
| Variedade de cripto | 6 moedas + stablecoins | +150 moedas | +500 moedas | +120 moedas |
| Limite de compra diário | R$ 5 mil (Standard) | Ilimitado (KYC avançado) | Ilimitado (KYC avançado) | R$ 20 mil |
| Custódia | Institucional (não autocustódia) | Institucional + opção de retirar para carteira própria | Institucional + opção de retirar para carteira própria | Institucional + opção de retirar para carteira própria |
O quadro evidencia que a Revolut ainda é mais cara e menos flexível em termos de variedade de ativos, mas oferece uma experiência de usuário extremamente simplificada, ideal para quem está começando e não quer lidar com processos de depósito via exchange.
Vantagens e desvantagens da Revolut para cripto
Vantagens
- Interface intuitiva, similar ao app de banco tradicional.
- Integração direta com conta corrente em reais, facilitando depósitos e saques.
- Possibilidade de usar o mesmo app para câmbio de moedas fiat, investimentos em ações e cripto.
- Segurança de custódia institucional e seguro contra perdas operacionais.
- Disponibilidade de planos Premium/Metal com limites maiores e spreads menores.
Desvantagens
- Spread mais alto que corretoras especializadas.
- Ausência de autocustódia – o usuário não controla as chaves privadas.
- Catálogo limitado de criptomoedas (apenas 6 + stablecoins).
- Limites de compra mensais que podem ser restritivos para traders ativos.
- Regulação ainda em fase de adaptação no Brasil, o que gera incertezas fiscais.
Como abrir e usar a Revolut para cripto no Brasil
- Download e cadastro: baixe o app na Google Play ou App Store, insira seu número de telefone e siga as instruções de verificação.
- Verificação de identidade (KYC): envie foto do RG, CPF, comprovante de residência e selfie. O processo costuma ser concluído em até 15 minutos.
- Adição de fundos: escolha a opção “Adicionar dinheiro” e selecione a transferência via TED (código bancário) ou cartão de crédito. O prazo para TED é de 1 a 2 dias úteis; cartões são instantâneos, porém com taxa de 1 %.
- Ativar a seção Crypto: vá ao menu principal, clique em “Crypto” e aceite os termos de uso específicos para cripto.
- Comprar criptomoeda: selecione a moeda, informe o valor em reais e confirme. O app mostrará o preço de mercado, o spread aplicado e o valor final que será debitado.
- Venda ou transferência: a venda segue o mesmo fluxo, revertendo para reais. Transferir cripto para outra carteira externa ainda não é suportado pela Revolut (a partir de 2025).
Para quem deseja aprofundar, recomendamos a leitura do nosso Guia Completo da Revolut e do Como Investir em Criptomoedas.
Regulamentação e questões fiscais no Brasil
A Revolut ainda não possui licença de instituição financeira brasileira, operando sob a autorização da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA). No Brasil, a Receita Federal exige que todas as transações de cripto sejam declaradas no Imposto de Renda (IR) e que ganhos de capital acima de R$ 35.000,00 por mês sejam tributados em 15 % (até R$ 5 mil) e 22,5 % (acima).
Ao usar a Revolut, os usuários devem baixar os extratos mensais (disponíveis no app) e consolidar as operações em planilhas para cálculo do IR. Como a Revolut não fornece o CPF nas notas de negociação, pode ser necessário gerar documentos complementares para a Receita.
Quando a Revolut pode ser a melhor escolha?
Apesar dos custos mais elevados, a Revolut se destaca em alguns cenários específicos:
- Usuário que ainda não possui conta em exchange: a facilidade de abrir a conta usando apenas telefone e documento.
- Quem busca integração de serviços: quem já usa Revolut para câmbio e cartões pode consolidar tudo em um único app.
- Investidor de baixo volume: para quem compra até R$ 5 mil por mês, o spread pode ser aceitável.
- Preferência por segurança institucional: quem não quer gerenciar chaves privadas pode achar a custódia da Revolut mais tranquila.
Para traders de alta frequência, investidores que desejam diversificar entre dezenas de tokens ou quem precisa de autocustódia, corretoras brasileiras ou internacionais ainda são a opção mais econômica e flexível.
Conclusão
A Revolut oferece uma solução prática e segura para quem está dando os primeiros passos no universo das criptomoedas no Brasil. Sua interface amigável, integração com a conta corrente em reais e a custódia institucional são pontos fortes que atraem usuários que valorizam conveniência acima de custos. Contudo, os spreads mais altos, a limitação de ativos e a impossibilidade de retirar cripto para carteiras externas podem ser obstáculos significativos para investidores mais experientes.
Portanto, a resposta à pergunta “Revolut criptomoedas vale a pena?” depende do perfil do usuário. Para iniciantes que desejam comprar pequenas quantidades de Bitcoin ou Ethereum sem complicações, a Revolut pode ser uma boa porta de entrada. Já para quem busca otimização de custos, variedade de tokens e controle total das chaves, a recomendação é migrar para uma exchange especializada assim que houver familiaridade suficiente com o mercado.
Lembre‑se sempre de analisar as taxas, ficar atento às obrigações fiscais e, sobretudo, nunca investir mais do que está disposto a perder.