Como funciona o empréstimo de criptomoedas: guia completo 2025

Como funciona o empréstimo de criptomoedas: guia completo para iniciantes e intermediários

Com a popularização das finanças descentralizadas (DeFi) e o crescimento das plataformas de empréstimo cripto no Brasil, cada vez mais usuários buscam entender como utilizar seus ativos digitais como garantia para obter liquidez sem precisar vendê‑los. Este artigo traz um panorama técnico, detalhando os mecanismos, as principais plataformas, as taxas, os riscos e a regulação vigente, tudo pensado para quem está começando e para quem já tem alguma experiência no mercado.

Principais Pontos

  • Empréstimo cripto utiliza ativos digitais como garantia (collateral).
  • Taxas de juros são definidas por algoritmos de mercado ou pelos próprios protocolos.
  • Existem duas categorias principais: plataformas centralizadas (CeFi) e descentralizadas (DeFi).
  • Os principais riscos incluem volatilidade, liquidação automática e vulnerabilidades de smart contracts.
  • A regulação brasileira ainda está em desenvolvimento, mas a CVM e o Banco Central já emitem orientações.

O que é empréstimo de criptomoedas?

Um empréstimo de criptomoedas é uma operação financeira na qual o usuário coloca um ou mais ativos digitais (Bitcoin, Ethereum, stablecoins, etc.) como garantia para receber um valor em moeda fiduciada (como o real) ou em outra criptomoeda. Diferente de um empréstimo tradicional, não há necessidade de análise de crédito tradicional; a segurança da operação está na garantia colateralizada.

Garantia (collateral) e margem de segurança

A garantia costuma ser mantida em um contrato inteligente (no caso de DeFi) ou em custódia de uma empresa (no caso de CeFi). Cada plataforma define uma taxa de colateralização (LTV – Loan‑to‑Value) que varia de 30 % a 80 % dependendo da volatilidade do ativo. Por exemplo, se a taxa LTV for 50 % e você quiser emprestar R$ 10.000, precisará depositar R$ 20.000 em Bitcoin como garantia.

Como funciona na prática?

O fluxo básico de um empréstimo cripto pode ser dividido em quatro etapas:

  1. Conexão da carteira: O usuário conecta sua carteira (MetaMask, Trust Wallet, etc.) ou cria conta em uma plataforma CeFi.
  2. Seleção do ativo e valor: Escolhe qual cripto será usado como garantia e o montante que deseja receber.
  3. Definição da taxa de juros e prazo: Cada protocolo oferece diferentes taxas – algumas variáveis, baseadas em oferta e demanda, outras fixas.
  4. Liberação do empréstimo: O valor é creditado na conta do usuário (em reais, stablecoin ou outra cripto). O contrato fica ativo até o pagamento ou até a liquidação automática.

Liquidação automática

Se o preço da garantia cair abaixo de um nível crítico (chamado de margin call), o protocolo pode liquidar parte ou a totalidade da colateral para cobrir o empréstimo. Isso protege o credor, mas pode gerar perdas para o tomador se a volatilidade for alta.

Principais plataformas de empréstimo no Brasil (2025)

Hoje, o mercado brasileiro conta com opções tanto centralizadas quanto descentralizadas. Abaixo, listamos as mais relevantes, com destaque para suas características técnicas.

Plataformas CeFi (Centralizadas)

  • Mercado Bitcoin – CriptoLoan: Oferece empréstimos em reais com garantia em BTC, ETH e stablecoins. LTV máximo de 60 % e taxa fixa anual entre 8 % e 14 %.
  • Foxbit – Crypto Credit: Permite empréstimos em Dólar (US$) e Real (R$) com garantia em Bitcoin e BNB. Taxas variáveis baseadas no índice CDI + spread.
  • Binance Brasil – Binance Earn: Disponibiliza empréstimos em BUSD e USDT com garantia em múltiplas criptos, LTV até 70 %.

Plataformas DeFi (Descentralizadas)

  • Aave: Protocolo open‑source que permite empréstimos em stablecoins (USDC, DAI) com garantia em ETH, WBTC, e outros tokens ERC‑20. Taxas de juros variam em tempo real.
  • Compound: Similar ao Aave, mas com foco em ativos Ethereum. Oferece mercados de empréstimo com taxa de juros variável baseada no supply‑demand.
  • MakerDAO: Permite a criação de DAI (stablecoin) mediante depósito de ETH ou outros colaterais no Vault. O LTV padrão é 75 %, mas pode ser ajustado via parâmetros de risco.

Taxas, juros e custos envolvidos

As taxas de juros podem ser classificadas em duas categorias principais:

  • Taxas variáveis: Determinadas por algoritmos que consideram a oferta e demanda de liquidez no pool. Em períodos de alta demanda, a taxa pode subir rapidamente.
  • Taxas fixas: Definidas no momento da contratação e mantidas durante todo o prazo do empréstimo.

Além dos juros, há outros custos que devem ser considerados:

  • Taxa de abertura (origination fee): Normalmente entre 0,5 % e 2 % do valor emprestado.
  • Taxa de manutenção: Cobrança periódica para custódia da garantia em plataformas CeFi.
  • Gas fees: Em redes Ethereum ou Polygon, o custo de execução de smart contracts pode ser significativo, especialmente em momentos de congestionamento.

Riscos e segurança

Embora o empréstimo cripto ofereça vantagens de rapidez e menor burocracia, ele traz riscos específicos que o usuário deve entender antes de operar.

Volatilidade de preço

Se o ativo usado como garantia sofrer forte desvalorização, o tomador pode ser liquidado mesmo que tenha intenção de pagar o empréstimo. Estratégias de hedge, como a manutenção de stablecoins, podem mitigar esse risco.

Vulnerabilidades de smart contracts

Plataformas DeFi dependem de código imutável. Falhas podem ser exploradas por hackers, resultando em perdas de fundos. É recomendável usar protocolos auditados por empresas reconhecidas (OpenZeppelin, ConsenSys Diligence).

Risco de contraparte (CeFi)

Em plataformas centralizadas, a garantia fica sob custódia da empresa. Caso a corretora enfrente problemas de solvência ou fraude, o usuário pode perder a garantia. Avaliar a reputação e a cobertura de seguros da plataforma é essencial.

Regulação e compliance

No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central ainda estão definindo normas específicas para empréstimos cripto. Enquanto isso, as plataformas devem observar regras de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD‑AML) e identificar seus usuários (KYC).

Passo a passo para solicitar um empréstimo cripto

  1. Escolha da plataforma: Avalie se prefere CeFi (ex.: Mercado Bitcoin) ou DeFi (ex.: Aave). Considere taxa LTV, juros e reputação.
  2. Crie ou conecte sua carteira: Para CeFi, cadastre-se e faça verificação KYC. Para DeFi, conecte sua wallet (MetaMask, Trust Wallet).
  3. Deposite a garantia: Transfira o ativo escolhido para o contrato ou custodiante. Aguarde a confirmação na blockchain.
  4. Defina o valor e prazo: Insira o montante desejado e escolha o prazo (30, 60, 90 dias, etc.). O sistema mostrará a taxa de juros aplicável.
  5. Assine a transação: No caso de DeFi, confirme a assinatura digital. Em CeFi, aceite os termos e confirme via e‑mail.
  6. Receba o crédito: O valor será creditado em sua conta bancária (R$) ou em stablecoin (USDT, BUSD) dentro de minutos.
  7. Reembolso: Pague o valor principal + juros antes da data de vencimento para evitar liquidação da garantia.

Comparativo: Empréstimo tradicional vs. Empréstimo cripto

Características Empréstimo tradicional Empréstimo cripto
Tempo de aprovação 5‑30 dias Minutos a horas
Garantia exigida Imóvel, carro, etc. Criptomoedas (BTC, ETH, stablecoins)
Taxa de juros 8 %‑20 % a.a. 4 %‑15 % a.a. (variável ou fixa)
Necessidade de crédito Score de crédito Não (colateral suficiente)
Risco de inadimplência Alta (penhora de bens) Liquidação automática da garantia

Regulação no Brasil em 2025

A partir de 2024, o Banco Central lançou o Regulamento de Ativos Digitais (RADI), que estabelece diretrizes para custódia, empréstimo e tokenização de criptoativos. As principais exigências para plataformas que oferecem empréstimos são:

  • Registro na CVM como instituição financeira ou fintech de crédito.
  • Implementação de protocolos KYC/AML robustos.
  • Segregação de ativos do cliente em contas de custódia separadas.
  • Relatórios periódicos de auditoria e de risco de liquidação.

Empresas que não cumprirem podem ser multadas ou ter sua licença suspensa. Ainda assim, a maioria das plataformas CeFi já está em processo de adequação, enquanto no universo DeFi a autorregulação permanece dominante.

Conclusão

O empréstimo de criptomoedas representa uma evolução importante nas finanças, permitindo que investidores mantenham exposição aos ativos digitais enquanto obtêm liquidez para projetos, consumo ou oportunidades de investimento. Contudo, a escolha entre plataformas centralizadas ou descentralizadas, a compreensão das taxas de colateralização, a gestão da volatilidade e a atenção à regulação são fatores críticos para o sucesso da operação. Ao seguir o passo a passo apresentado e avaliar cuidadosamente os riscos, o usuário brasileiro pode aproveitar ao máximo esse novo instrumento financeiro.

FAQ

Veja abaixo as dúvidas mais comuns sobre empréstimo cripto.

Posso usar qualquer criptomoeda como garantia?

Nem todas as plataformas aceitam todos os tokens. As mais comuns são Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e stablecoins como USDT, USDC e BUSD. Tokens menos líquidos podem ter LTV mais restrito ou não serem aceitos.

O que acontece se o valor da garantia cair abaixo do limite?

O protocolo emite uma margin call. Se o usuário não repor a garantia ou pagar parte do empréstimo, a garantia pode ser liquidada automaticamente para cobrir o débito.

Preciso pagar impostos sobre o empréstimo?

No Brasil, o recebimento do valor em reais não é considerado renda tributável. Porém, se houver lucro na venda da garantia ao liquidar o empréstimo, o ganho de capital deve ser declarado.

Qual a diferença entre taxa fixa e taxa variável?

Taxa fixa permanece a mesma durante todo o prazo, facilitando o planejamento financeiro. Taxa variável acompanha o mercado de liquidez da plataforma e pode subir ou cair ao longo do tempo.

É seguro usar plataformas DeFi?

Plataformas DeFi auditadas por empresas reconhecidas oferecem maior segurança, mas ainda há risco de bugs ou ataques. Sempre verifique auditorias, histórico e use apenas quantias que você está disposto a perder.