Introdução ao Grayscale Bitcoin Trust (GBTC)
O Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) é um dos veículos de investimento mais conhecidos que permitem que investidores institucionais e individuais ganhem exposição ao Bitcoin sem precisar adquirir a criptomoeda diretamente. Lançado em 2013 pela Grayscale Investments, o GBTC funciona como um fundo fechado que detém Bitcoin em nome dos acionistas, emitindo ações negociáveis nas bolsas de valores dos EUA.
Como o GBTC funciona?
Cada ação do GBTC representa uma fração de um Bitcoin. Quando um investidor compra ações, ele está, na prática, comprando uma participação nas reservas de Bitcoin mantidas pelo fundo. A Grayscale cobra uma taxa de administração anual de aproximadamente 2% sobre o valor total dos ativos sob gestão (AUM).
Por ser um fundo listado em bolsa, o GBTC oferece várias vantagens:
- Facilidade de negociação via corretoras tradicionais.
- Possibilidade de inclusão em contas de aposentadoria (IRA, 401k) nos EUA.
- Acesso regulado e custodiante de alta segurança.
Histórico e contexto regulatório
Desde o seu IPO em 2015, o GBTC tem sido objeto de intenso debate regulatório. Em 2021, a U.S. Securities and Exchange Commission (SEC) aprovou a listagem do fundo em bolsa, mas ainda não concedeu ao GBTC o status de exchange‑traded fund (ETF). Essa distinção é crucial porque ETFs são obrigados a oferecer transparência diária de preços e a manter a paridade exata com o ativo subjacente, algo que o GBTC ainda não garante.
Desconto e prêmio: o que realmente importa
Um dos aspectos mais observados pelos investidores é o chamado “discount” (desconto) ou “premium” (prêmio) em relação ao preço do Bitcoin. Quando as ações do GBTC negociam abaixo do valor de seus Bitcoins subjacentes, elas estão em desconto. Quando negociam acima, há prêmio. Vários fatores influenciam esse spread:
- Oferta e demanda de ações no mercado secundário.
- Expectativas sobre a aprovação de um ETF de Bitcoin nos EUA.
- Fluxos de entrada e saída de capital institucional.
Historicamente, o GBTC tem operado predominantemente com desconto, especialmente após a divulgação de que a SEC mantinha resistência à aprovação de um ETF. Investidores astutos podem usar esse desconto como oportunidade de compra, ao mesmo tempo que monitoram a possibilidade de convergência de preço quando o fundo se tornar um ETF.

Comparação com outros veículos de exposição ao Bitcoin
Além do GBTC, existem outras formas de investir em Bitcoin por meio de produtos regulados:
- Guia Completo: Como Usar a Rede Lightning e Aproveitar Transações Instantâneas com Bitcoin – oferece conhecimento sobre camadas de segunda camada, mas não é um produto de investimento.
- ETFs de Bitcoin lançados em mercados fora dos EUA, como o Purpose Bitcoin ETF no Canadá.
- Fundos de futuros de Bitcoin negociados na CME.
O GBTC ainda se destaca pela familiaridade com investidores tradicionais e pela possibilidade de inclusão em contas de aposentadoria.
Implicações fiscais no Brasil
Para investidores brasileiros, entender a tributação do GBTC é essencial. As ações negociadas em bolsa são tratadas como ativos financeiros e, portanto, obedecem às regras de Ganho de Capital. Cada venda que resulte em lucro deve ser informada na Declaração de Imposto de Renda, com alíquota de 15% sobre ganhos líquidos até R$ 20 milhões, e 20% acima desse limite.
Além disso, a Receita Federal exige que o investidor registre a aquisição e venda de cotas de fundos no campo de Bens e Direitos, utilizando o código 74‑10 (fundos de investimento em ações – estrangeiros).
Riscos associados ao GBTC
Embora o GBTC ofereça conveniência, ele também traz riscos que devem ser avaliados:
- Liquidez: Em períodos de alta volatilidade, a liquidez das ações pode diminuir, ampliando o spread de preço.
- Taxas elevadas: A taxa de 2% ao ano pode corroer retornos, principalmente em mercados laterais.
- Risco regulatório: A decisão da SEC sobre um ETF de Bitcoin pode causar movimentos bruscos no preço das ações.
- Concentração de ativos: O fundo detém apenas Bitcoin, o que significa risco de preço concentrado.
Estratégias de investimento com GBTC
Investidores experientes costumam combinar o GBTC com outras posições para otimizar risco e retorno:

- Arbitragem de desconto/prêmio: Comprar GBTC em desconto e vender quando o spread se estreitar.
- Diversificação setorial: Manter uma parcela do portfólio em GBTC e outra em ETFs de criptomoedas ou em ações de empresas de mineração.
- Hedging com futuros: Utilizar contratos futuros de Bitcoin para proteger a posição contra quedas inesperadas.
O futuro do GBTC e o caminho para um ETF
Em 2024, a pressão para que a SEC aprove um ETF de Bitcoin tem aumentado. Caso aprovado, espera‑se que o GBTC converta‑se em um ETF, reduzindo taxas e eliminando o desconto/prêmio. Essa mudança pode gerar um influxo massivo de capital institucional, elevando o preço das ações e homogenizando a estrutura de custódia.
Entretanto, até que isso aconteça, o GBTC permanecerá como uma ponte importante para investidores que desejam exposição ao Bitcoin dentro de um ambiente regulado.
Conclusão
O Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) continua sendo um dos veículos mais acessíveis e reconhecidos para quem deseja investir em Bitcoin sem precisar lidar com wallets, chaves privadas ou exchanges de criptomoedas. Seu preço, taxa de administração, e a dinâmica de desconto/prêmio são fatores críticos que todo investidor deve monitorar. Com a perspectiva de um possível ETF nos Estados Unidos, o GBTC pode se transformar ainda mais em um protagonista do mercado de cripto‑ativos.
Se você está considerando incluir Bitcoin no seu portfólio, avalie cuidadosamente o GBTC em conjunto com outras alternativas, levando em conta seu horizonte de investimento, tolerância ao risco e situação fiscal.
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