Comparativo Ledger vs Trezor – A Batalha das Carteiras Hardware

Investir em criptomoedas requer, antes de tudo, segurança. Entre as opções disponíveis, as carteiras hardware se destacam por armazenarem as chaves privadas offline, longe de ameaças virtuais. Duas marcas dominam o mercado: Ledger e Trezor. Neste artigo, analisaremos detalhadamente cada uma, abordando design, segurança, usabilidade, suporte e preço, para que você possa decidir qual delas se adapta melhor ao seu perfil.

O que são carteiras hardware?

As carteiras de criptomoedas são dispositivos físicos que armazenam a chave privada de forma isolada da internet. Quando você deseja enviar uma transação, o dispositivo assina o pacote offline e só então a transação é transmitida à rede. Essa arquitetura elimina a exposição das chaves a malwares, phishing e outros vetores de ataque.

Para entender melhor os benefícios, vale a pena conferir o artigo da Wikipedia sobre hardware wallets, que descreve suas vantagens e limitações.

Visão geral das duas gigantes

Ledger: fundada em 2014, a empresa francesa oferece os modelos Nano S, Nano X e, mais recentemente, o Ledger Stax. Os dispositivos utilizam um chip seguro (Secure Element) similar ao encontrado em cartões de crédito.
Trezor: criada em 2014 pela SatoshiLabs, na República Tcheca, tem como principais modelos o Trezor One e o Trezor Model T, que utilizam um microcontrolador padrão, porém com código-fonte aberto.

Comparativo técnico detalhado

Característica	Ledger Nano S	Ledger Nano X	Trezor One	Trezor Model T
Processador / Chip	Secure Element + STM32	Secure Element + STM32 + Bluetooth	STM32F205 (open‑source)	STM32F205 + Tela sensível ao toque
Armazenamento de Apps	~160 KB (cerca de 5‑6 apps)	~2 MB (mais de 100 apps)	~64 KB (cerca de 20 apps)	~64 KB (cerca de 20 apps)
Conexão	USB‑C	USB‑C + Bluetooth LE	USB‑Micro	USB‑C
Paineis de tela	OLED 128×32 (2 linhas)	OLED 128×64 (4 linhas)	LCD 128×64 (texto)	LCD touchscreen colorido TFT 240×240
Segurança física	Secure Element + PIN + Passphrase	Secure Element + PIN + Passphrase	PIN + Passphrase (sem Secure Element)	PIN + Passphrase (sem Secure Element)
Preço (USD, média 2025)	~$59	~$149	~$69	~$199

Segurança – Qual delas oferece mais proteção?

Ambas as marcas seguem boas práticas, porém há diferenças críticas:

Secure Element (SE): presente nos dispositivos Ledger, o SE é um chip dedicado que isola as chaves privadas e impede a extração física. O Trezor, por outro lado, usa um microcontrolador padrão, o que a torna mais transparente, porém menos resistente a ataques de hardware avançados.
Open‑source vs código fechado: o firmware do Trezor é totalmente aberto, permitindo auditorias independentes. Já o Ledger mantém partes do firmware proprietárias, o que gera debates sobre a confiança no código oculto.
Proteção contra ataques de firmware: ambos suportam atualizações OTA (over‑the‑air) seguras, mas o Ledger exige que o código seja assinado digitalmente por sua equipe, enquanto o Trezor permite que a comunidade compile a versão oficial.
Autenticação biométrica: o Nano X introduziu Bluetooth, mas ainda requer PIN e pode ser complementado por autenticação de aplicativos móveis. O Model T tem tela sensível ao toque, facilitando a inserção de PIN e passphrase.

Em termos de segurança pura, o Ledger tem vantagem por empregar o Secure Element, mas o Trezor oferece transparência total, o que pode ser decisivo para quem prefere auditoria aberta.

Usabilidade – Qual é mais amigável?

Para investidores que desejam uma experiência intuitiva, alguns pontos são relevantes:

Comparativo Ledger vs Trezor - investors seeking — Fonte: ZHENYU LUO via Unsplash

Interface e tela: o Model T, com sua tela colorida e toque, supera os dispositivos Ledger que dependem de botões físicos.
Gerenciamento via smartphone: o Ledger Nano X se conecta via Bluetooth a aplicativos móveis (Ledger Live), enquanto o Trezor requer conexão por cabo e o uso do app desktop ou da extensão web.
Suporte a múltiplas moedas: todos suportam centenas de criptomoedas, mas o Nano X tem maior capacidade de armazenamento de aplicativos, permitindo gestão de portfólio mais extenso sem precisar reinstalar apps.
Recuperação: ambos usam frases de recuperação de 24 palavras (BIP39). O Trezor One dispõe de cartões metálicos opcionalmente, enquanto o Ledger recomenda o cartão de recuperação tradicional.

Se a prioridade for praticidade e design moderno, o Trezor Model T se destaca. Para quem valoriza portabilidade e integração com celular, o Ledger Nano X é a escolha mais conveniente.

Preço e custo‑benefício

O preço varia bastante entre os modelos:

Ledger Nano S – a opção mais econômica, ideal para quem quer proteger poucos ativos.
Ledger Nano X – preço intermediário, porém com recursos avançados (Bluetooth, mais apps).
Trezor One – preço semelhante ao Nano X, porém com menos recursos de tela.
Trezor Model T – o modelo premium, com tela sensível ao toque, custando cerca de US$200.

Considerando o equilíbrio entre segurança, usabilidade e custos, o Ledger Nano X costuma ser recomendado como a melhor relação custo‑benefício para a maioria dos investidores.

Ecossistema e suporte

Ambas as empresas mantêm um ecossistema robusto:

Ledger Live: software oficial para gerenciamento de ativos, atualização de firmware e monitoramento de saldo. Disponível para Windows, macOS, Linux, iOS e Android.
Trezor Suite: aplicativo desktop que substitui a antiga extensão Chrome. Também há suporte web via Trezor Wallet.

O suporte ao cliente da Ledger costuma ser mais centralizado, enquanto a comunidade Trezor possui fóruns ativos e um canal de suporte direto.

Conclusão – Qual escolher?

Não existe resposta única. A decisão depende dos seus critérios:

Se segurança máxima e resistência a ataques físicos são prioritárias, opte pelo Ledger Nano X (ou Nano S se o orçamento for limitado).
Se transparência de código e experiência de uso avançada são essenciais, o Trezor Model T oferece a melhor combinação.
Para quem busca custo‑benefício e ainda quer recursos Bluetooth, o Ledger Nano X continua a ser a escolha mais equilibrada.

Independentemente da sua escolha, lembre‑se sempre de:

Manter a frase de recuperação em local seguro e offline.
Atualizar o firmware periodicamente.
Utilizar sempre a versão oficial dos softwares Ledger Live ou Trezor Suite.

Ao seguir essas boas práticas, sua carteira hardware será um dos pilares mais fortes da sua estratégia de investimento em criptomoedas.

Para aprofundar ainda mais o tema das carteiras e da segurança, recomendamos a leitura de: O que é uma carteira de criptomoedas (wallet) e como escolher a melhor para você, Tudo o que Você Precisa Saber sobre Chave Privada e Chave Pública e O que é criptomoeda? Guia completo, funcionamento, riscos e como começar no Brasil.