O que é Soulbound Token (SBT)?
Os Soulbound Tokens (SBT) são um conceito inovador introduzido por Vitalik Buterin e outros pesquisadores da Ethereum Foundation em 2022. Diferente dos tokens ERC‑20 ou ERC‑721, que podem ser transferidos livremente entre carteiras, os SBT são não‑transferíveis – eles ficam “presos” à identidade digital (a “alma”) de quem os recebeu. Essa característica abre um leque de aplicações para reputação, credenciais verificáveis e governança descentralizada.
Como os SBT funcionam?
Um SBT é emitido por um contrato inteligente que registra o endereço da carteira do destinatário no momento da mintagem. Uma vez associado, o token não pode ser enviado para outro endereço, nem vendido ou trocado. Essa imutabilidade permite que o token sirva como prova permanente de:
- Conquista acadêmica ( diplomas, certificações );
- Participação em eventos ou comunidades;
- Reputação dentro de uma DAO;
- Identidade verificada em serviços Web3.
Principais casos de uso
Identidade digital verificada: Em vez de confiar em documentos físicos, usuários podem apresentar SBTs que atestam sua idade, nacionalidade ou histórico de crédito.
Reputação em plataformas DeFi: Projetos podem atribuir SBTs a usuários que contribuíram com auditorias de segurança ou que mantiveram boas práticas de governança, criando um sistema de confiança sem necessidade de avaliações externas.
Credenciais de educação e treinamento: Universidades e bootcamps podem emitir diplomas como SBTs, permitindo que empregadores verifiquem rapidamente a autenticidade dos certificados.
Para entender melhor como a identidade descentralizada se integra ao ecossistema, vale a leitura do artigo Aplicações da blockchain além das finanças, que explora usos de tokens não‑financeiros.
Vantagens e desafios
Vantagens:
- Imutabilidade: o token não pode ser falsificado nem transferido.
- Privacidade seletiva: o detentor decide quais SBTs revelar.
- Integração com padrões ERC‑721 e futuros padrões de identidade.
Desafios:
- Governança: como revogar ou atualizar um SBT em caso de erro ou comprometimento?
- Regulamentação: autoridades podem questionar a validade legal de credenciais digitais.
- Escalabilidade: emissão massiva de SBTs requer soluções de camada 2, como Consensys.
Como criar seu primeiro SBT?
Para desenvolvedores, a criação de um SBT segue passos semelhantes à mintagem de um NFT, porém com a função transfer desativada. Um exemplo simplificado em Solidity:
pragma solidity ^0.8.0;
import "@openzeppelin/contracts/token/ERC721/ERC721.sol";
contract SoulboundToken is ERC721 {
constructor() ERC721("Soulbound Token", "SBT") {}
function mint(address to, uint256 tokenId) external {
_safeMint(to, tokenId);
}
// Bloqueia transferências
function _beforeTokenTransfer(address from, address to, uint256 tokenId) internal pure override {
require(from == address(0), "SBT: token não transferível");
}
}
Depois de implantar o contrato na rede Ethereum (ou em uma sidechain como Polygon), basta chamar mint para atribuir o token ao usuário desejado.
O futuro dos SBTs
À medida que a Web3 evolui, espera‑se que os SBTs se tornem pilares de identidade auto‑soberana, permitindo que usuários gerenciem suas credenciais sem depender de terceiros. Projetos como Ethereum 2.0 e soluções de camada 2 já estão preparando a infraestrutura necessária para suportar bilhões de SBTs de forma segura e econômica.
Em resumo, os Soulbound Tokens representam um salto qualitativo na forma como atribuímos e verificamos valor não‑financeiro na blockchain.