Factor Investing: Estratégia de Investimento Baseada em Fatores de Risco e Retorno
O factor investing (investimento por fatores) tem ganhado destaque entre investidores institucionais e individuais que buscam melhorar a relação risco‑retorno de suas carteiras. Diferente da estratégia tradicional de “comprar e segurar” ou da diversificação simples por classes de ativos, o factor investing foca em características mensuráveis dos ativos – os chamados fatores – que historicamente geram retornos superiores ao mercado.
1. O que são fatores de investimento?
Fatores são atributos quantitativos que explicam parte dos retornos de um ativo. Os mais estudados na literatura acadêmica e praticada pelos gestores são:
- Valor (Value): ações subavaliadas em relação a métricas como P/L, P/VP ou dividend yield.
- Tamanho (Size): empresas de menor capitalização tendem a superar as de grande porte.
- Momentum: ativos que apresentaram forte desempenho recente continuam a subir.
- Qualidade (Quality): empresas com alta rentabilidade, baixa alavancagem e boa governança.
- Baixa Volatilidade (Low Volatility): ativos menos voláteis entregam retornos ajustados ao risco superiores.
- Dividend Yield: ações que pagam dividendos consistentes costumam gerar retornos mais estáveis.
2. Breve História do Factor Investing
O conceito surgiu nos anos 1970 com o modelo de três fatores de Fama‑French, que adicionou ao clássico modelo de Sharpe‑Lintner‑Mossin (CAPM) os fatores “Size” e “Value”. Desde então, dezenas de estudos acadêmicos confirmaram a existência de outros fatores, como momentum (Jegadeesh & Titman, 1993) e qualidade (Novy-Marx, 2013). Nos últimos anos, gestores de fundos e ETFs passaram a oferecer produtos que replicam esses fatores de forma transparente e com custos reduzidos.
3. Como Construir uma Estratégia de Factor Investing
Para montar uma carteira baseada em fatores, siga os passos abaixo:

- Defina seu objetivo de risco/retorno: escolha fatores que complementem seu perfil – investidores conservadores podem priorizar low‑volatility e dividend yield, enquanto os mais agressivos podem focar em momentum.
- Selecione os ativos: use bases de dados (Bloomberg, MSCI, Morningstar) para filtrar ações que atendam aos critérios de cada fator.
- Monte a alocação: aplique pesos iguais entre fatores (“factor tilting”) ou ajuste pesos de acordo com sua convicção.
- Rebalanceamento periódico: a maioria dos fatores perde força ao longo do tempo; rebalancear trimestralmente ou semestralmente mantém a exposição desejada.
4. Factor Investing no Brasil
Embora a maioria dos estudos tenha sido conduzida nos mercados norte‑americanos e europeus, os fatores também são observáveis na B3. Estudos recentes da CVM e Valores Mobiliários: Guia Completo para Investidores e Emissores no Brasil mostram que ações de menor capitalização e as com múltiplos de preço mais baixos apresentam desempenho superior ao Ibovespa nos últimos dez anos.
Além disso, o surgimento de ETFs focados em fatores, como o iShares MSCI Brazil Value ETF (EWZ) ou o It Now Small Cap, facilita a exposição para investidores individuais. É importante lembrar que a Exchange Brasileira Regulada: Guia Completo para Investidores em 2025 oferece um ambiente seguro para negociação desses produtos.
5. Principais Vantagens e Riscos
Vantagens:
- Potencial de retornos superiores ao benchmark.
- Melhor diversificação ao combinar fatores não correlacionados.
- Transparência – os critérios de seleção são claros e mensuráveis.
Riscos:

- Risco de “factor crowding” – quando muitos investidores seguem o mesmo fator, os retornos podem se deteriorar.
- Volatilidade de curto prazo, especialmente em fatores como momentum.
- Dependência de dados de qualidade – erros nas métricas podem gerar alocações equivocadas.
6. Ferramentas e Recursos para Iniciar
Para quem deseja começar, recomenda‑se:
- Plataformas de análise de ações que disponibilizam filtros por múltiplos (Valor, Dividend Yield, etc.).
- ETFs de fatores globais e locais – verifique a taxa de administração e a liquidez.
- Leitura de literatura especializada, como o Handbook of Factor Investing da CFA Institute (cfainstitute.org).
7. Perguntas Frequentes (FAQ)
Veja abaixo as dúvidas mais comuns sobre factor investing.
Conclusão
O factor investing representa uma evolução natural da gestão de carteiras, permitindo que investidores capturem retornos associados a características fundamentais dos ativos. No Brasil, o acesso a ETFs e a maior disponibilidade de dados tornam a estratégia cada vez mais prática. Contudo, como qualquer abordagem, a disciplina no rebalanceamento e a compreensão dos riscos são essenciais para transformar teoria em resultados reais.