## Introdução
Os **variance swaps** são instrumentos financeiros derivativos que permitem aos investidores negociar a variância (ou volatilidade quadrática) de um ativo subjacente sem a necessidade de comprar ou vender o próprio ativo. Embora menos conhecidos que opções ou futuros, os variance swaps ganharam destaque nos últimos anos, principalmente entre gestores de fundos, traders institucionais e profissionais que buscam exposição direta à volatilidade.
Neste artigo, você encontrará tudo o que precisa saber sobre variance swaps: o que são, como funcionam, principais vantagens e riscos, estratégias de negociação, aspectos regulatórios no Brasil e como integrá‑los ao seu portfólio de investimentos. Também incluímos links internos para conteúdos complementares do nosso site e referências externas de alta autoridade para aprofundar seu estudo.
## O que são Variance Swaps?
Um **variance swap** é um contrato over‑the‑counter (OTC) que troca a variância realizada de um ativo (geralmente um índice de ações, ação individual ou taxa de câmbio) por um pagamento fixo acordado no início do contrato. Em termos simples, o comprador paga ao vendedor a diferença entre a variância real observada durante o período e a variância pré‑acordada (strike). Se a variância realizada for maior que o strike, o comprador recebe um pagamento; caso contrário, paga ao vendedor.
A fórmula básica de pagamento é:
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Pagamento = Notional × (Variância Realizada – Variância Strike)
“`
– **Notional**: valor de referência do contrato (ex.: US$ 1 milhão).
– **Variância Realizada**: soma dos quadrados dos retornos diários (ou de outra frequência) ao longo do período.
– **Variância Strike**: nível de variância acordado no início do swap.
Diferente de um **volatility swap**, que troca a volatilidade (raiz quadrada da variância), o variance swap troca diretamente a variância, tornando o cálculo do pagamento mais simples e menos sensível a erros de modelagem.
## Como funciona na prática?
1. **Negociação OTC** – Os variance swaps são negociados fora de bolsa, geralmente entre duas partes institucionais ou via corretoras especializadas. Isso permite a personalização de termos como prazo, notional, ativo subjacente e frequência de cálculo.
2. **Definição do Strike** – O strike de variância é definido com base em expectativas de volatilidade futura. Analistas utilizam modelos como GARCH, Heston ou dados implícitos de opções para estimar a variância esperada.
3. **Cálculo da Variância Realizada** – Ao final do contrato, a variância realizada é computada usando os preços de fechamento diários (ou intradiários) do ativo subjacente. A fórmula padrão é:
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σ²_real = (1 / N) Σ (ln(P_t / P_{t-1}))²
“`
onde *N* é o número de observações.
4. **Liquidação** – O pagamento é feito em dinheiro, sem necessidade de entrega física do ativo subjacente. A liquidação pode ser *cash‑settled* no último dia de negociação ou em datas intermediárias (quanto a quanto).
## Principais Vantagens dos Variance Swaps
| Vantagem | Descrição |
|—|—|
| **Exposição Direta à Volatilidade** | Permite apostar na volatilidade sem precisar comprar opções caras. |
| **Liquidação Simples** | O pagamento é em dinheiro, facilitando a gestão de risco. |
| **Customização** | Prazo, notional e subjacente podem ser ajustados conforme a necessidade do investidor. |
| **Menor Sensibilidade ao Modelo** | Ao contrário de opções, o payoff depende da variância real, reduzindo erros de modelagem. |
| **Diversificação de Portfólio** | Adiciona uma camada de risco não correlacionada a retornos de preço. |
## Riscos e Desvantagens
– **Risco de Contraparte** – Como o contrato é OTC, a solvência da outra parte é crucial. Utilizar corretoras reguladas ou incluir cláusulas colaterais pode mitigar esse risco.
– **Complexidade de Precificação** – Embora o payoff seja simples, a determinação do strike requer modelos avançados e dados de alta qualidade.
– **Liquidez Limitada** – Em mercados menos desenvolvidos, encontrar contrapartes pode ser difícil.
– **Exposição ao “Volatility of Volatility”** – A variância pode mudar drasticamente em períodos de crise, aumentando a volatilidade do próprio payoff.
## Estratégias de Negociação com Variance Swaps
### 1. Long Variance (Compra de Variância)
Ideal para investidores que acreditam que a volatilidade futura será maior que a implícita no mercado. Se a variância realizada superar o strike, o payoff será positivo.
### 2. Short Variance (Venda de Variância)
Usada por quem espera que a volatilidade permaneça estável ou diminua. Essa estratégia gera renda ao cobrar o prêmio (diferença entre a variância esperada e a realizada).
### 3. Hedging de Portfólio
Fundos de ações podem usar variance swaps para proteger-se contra movimentos bruscos de volatilidade que não afetam diretamente o preço das ações, mas aumentam o risco de opções escritas ou de posições alavancadas.
### 4. Arbitragem entre Variance e Volatility Swaps
Como a volatilidade é a raiz quadrada da variância, diferenças de preço entre os dois instrumentos podem criar oportunidades de arbitragem, especialmente em mercados com alta liquidez de opções.
## Aspectos Regulatórios no Brasil
No Brasil, os variance swaps são classificados como **derivativos OTC** e, portanto, estão sujeitos à regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central. As principais exigências incluem:
– **Registro da Operação** – Todas as transações devem ser reportadas ao Sistema de Informações de Mercados (SIM).
– **Contrapartes Qualificadas** – Apenas instituições financeiras autorizadas podem atuar como contraparte em contratos derivativos OTC.
– **Requisitos de Margem** – A CVM impõe requisitos de margem e capital para mitigar risco sistêmico.
Para entender melhor o ambiente OTC no universo cripto e como ele se relaciona com derivados tradicionais, recomendamos a leitura do nosso artigo sobre OTC (Over The Counter) no Universo Cripto: Guia Completo, Estratégias e Riscos.
## Como Integrar Variance Swaps ao Seu Portfólio?
1. **Avalie o Perfil de Risco** – Determine quanto da sua alocação total pode ser dedicada a estratégias de volatilidade.
2. **Escolha o Ativo Subjacente** – Índices como Ibovespa, S&P 500 ou moedas (USD/BRL) são os mais comuns.
3. **Defina o Prazo** – Variance swaps podem ter prazos de 1 mês a vários anos. Prazo mais longo permite capturar ciclos de volatilidade.
4. **Negocie com Contraparte Confiável** – Prefira instituições que ofereçam colateralização e que estejam registradas na CVM.
5. **Monitore a Variância Realizada** – Use ferramentas de análise de séries temporais para acompanhar a variância ao longo do contrato.
## Ferramentas e Dados de Mercado
– **Bloomberg Terminal** – Fornece dados de variância implícita e calculators de variance swaps.
– **CME Group** – Oferece contratos de variance swaps em índices de ações americanos, útil como benchmark.
– **Investopedia** – Excelente fonte de conceitos básicos: Variance Swap Definition.
## Conclusão
Os variance swaps são instrumentos poderosos para quem deseja exposição direta à volatilidade, seja para especulação, hedge ou arbitragem. Embora apresentem complexidade e riscos de contraparte, a correta estruturação e monitoramento podem gerar retornos significativos e diversificação de risco. Ao considerar a inclusão de variance swaps no seu portfólio, lembre‑se de analisar o perfil de risco, escolher contrapartes confiáveis e manter-se atualizado sobre a regulamentação brasileira.
Para aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre finanças descentralizadas e como elas interagem com derivativos tradicionais, confira também o artigo Cross Chain Swaps: O Guia Definitivo para Trocas Inter‑Chain Seguras e Eficientes em 2025.
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## Perguntas Frequentes (FAQ)
Abaixo, apresentamos as respostas às dúvidas mais comuns sobre variance swaps.